sexta-feira, 31 de agosto de 2018

ESTUDO INVESTIGA USO DE CANABIDIOL PARA COMBATER DEPRESSÃO...


FONTE: Leia Já, site parceiro do Leia Mais,https://leiamais.ba



Teste de cientistas de São Paulo e Dinamarca aponta diminuição dos sintomas de depressão no mesmo dia de medicação e manutenção dos efeitos benéficos por uma semana.

       

Uma pesquisa conduzida por cientistas de São Paulo e da Dinamarca investiga se o uso de canabidiol, substância presente na maconha, pode reduzir sintomas de depressão. Em ratos, a aplicação do componente apresentou efeitos considerados significativos, com remissão de sintomas de depressão no mesmo dia e a manutenção dos efeitos benéficos por uma semana.

Os antidepressivos comerciais costumam demorar de duas a quatro semanas para promover efeitos em pacientes deprimidos. Além disso, em muitos pacientes, tais drogas se mostram ineficazes.

Apesar de extraído da maconha, o canabidiol não produz dependência ou efeitos psicotrópicos, destaca o professor Francisco Silveira Guimarães, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), envolvido com o estudo. "A substância na maconha responsável por tais efeitos é o tetraidrocanabinol (THC) e com o canabidiol ocorre o oposto, ele exerce ação bloqueadora sobre alguns efeitos do THC”, diz. O trabalho reforça estudos anteriores de que a substância tem potencial terapêutico promissor no tratamento da depressão de amplo espectro em modelos pré-clínicos e humanos.

A investigação dos efeitos visa encontrar fármacos com potencial antidepressivo que atuem mais rápido no tratamento. Os antidepressivos disponíveis obtêm resultados em cerca de 60% dos pacientes. "Isso revela a necessidade de encontrarmos novos tratamentos, com melhor potencial terapêutico", complementa Guimarães.

O experimento foi feito em linhagens de ratos e camundongos selecionadas por cruzamento para desenvolver sintomas de depressão. Foram feitos testes e analisado o comportamento de 367 animais. Os ratos foram submetidos a situações de estresse, como o teste de nado forçado.

Antes do teste, uma parte dos animais recebeu uma injeção de canabidiol em solução salina, enquanto outra parte, o grupo de controle, recebeu apenas a solução salina. Após 30  minutos, os animais foram colocados por cinco minutos em cilindros com água.

“O teste de nado forçado é utilizado para avaliar o efeito de drogas antidepressivas, uma vez que todos os antidepressivos conhecidos diminuem o tempo de imobilidade durante o teste (aumentam o tempo de nado). Portanto, a diminuição do tempo de imobilidade nesse teste é interpretada como efeito ‘tipo antidepressivo’”, explica Sâmia Regiane Lourenço Joca, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP).

Além do nado forçado, os ratos também foram colocados em campo aberto, para explorar um ambiente novo, enquanto era observada sua atividade locomotora e exploratória. Para dizer que uma droga tem potencial efeito antidepressivo, ela deve ser capaz de reduzir o tempo de imobilidade (aumentar o tempo de nado) no teste do nado forçado, sem aumentar a atividade locomotora no campo aberto.

Conclusão. 
O trabalho mostrou que o tratamento com canabidiol induz efeitos rápidos e sustentados, que permanecem por até sete dias após uma única administração, em animais submetidos a diferentes modelos de depressão. Os dados foram reproduzidos em três laboratórios diferentes. 

"Ao estudar os mecanismos envolvidos nesses efeitos, observamos que o tratamento com canabidiol induz rápido aumento dos níveis de BDNF [fator neurotrófico derivado do cérebro], uma neurotrofina importante para a sobrevivência neuronal e neurogênese, que é o processo de formação de novos neurônios no cérebro. Também foi observado no córtex pré-frontal dos animais o aumento da sinaptogênese, que é o processo de formação de sinapses entre os neurônios do sistema nervoso central”, resume Sâmia Joca.

Sete dias após o tratamento, foi possível observar aumento do número de proteínas sinápticas no córtex pré-frontal, que está intimamente relacionado à depressão em humanos. "Diante disso, acreditamos que o canabidiol inicie rapidamente mecanismos neuroplásticos que contribuem para recuperar circuitos neurais que estão prejudicados na depressão”, finaliza.

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