quinta-feira, 30 de agosto de 2018

NINGUÉM É BOM O SUFICIENTE PARA MIM: SERÁ QUE NOS EMPODERAMOS DEMAIS?...


FONTE: Beatriz Santos e Marina Oliveira, Colaboração para Universa,  https://universa.uol.com.br




Graças ao feminismo, estamos caminhando para nos tornarmos empoderadas. Estamos desenvolvendo autossuficiência e nossa autoestima está lá em cima. Só que, ao nos sentirmos tão confiantes, de repente, nenhum parceiro parece bom o suficiente. Fazer um encontro engatar para além da primeira noite ficou mais difícil. Mas será que há um culpado?

Elevar o nível de exigência ao escolher com quem vamos nos relacionar não é só bom, mas uma questão de justiça para as mulheres, como explica a psicanalista Cíntia Thomaz. “Se nos esforçamos para atuar em um mundo sem diferenças, nada mais justo que os homens também se esforcem”, fala.

Fora que não faz mais sentido aceitar alguém na nossa vida apenas para cumprir um papel social de estar em um relacionamento. O amor próprio facilita na busca de uma relação feliz, porém... “Quando duas pessoas se conhecem, devem estar dispostas a crescer juntas e não simplesmente esperar um outro já adaptado a tudo o que desejamos”, diz Thomaz.

Por sermos donas de nós mesmas, às vezes, é difícil aliviar nas cobranças com essa outra pessoa. Mas isso só cria dificuldade de dialogar e ceder, fatores fundamentais para quem quer um relacionamento longo. Na vida e na hora de filtrar seus parceiros amorosos, é preciso ter prioridades. “A maturidade implica em saber aceitar a parcialidade da satisfação do desejo. Ninguém tem tudo, o mundo de ninguém é perfeito”, fala Thomaz.

Filtros de seleção viáveis.
Filtrar para se relacionar começa com você sabendo o que quer de um relacionamento. É importante ter três coisas bem claras, de acordo com a psicóloga e terapeuta sexual, Paula Napolitano. “O que te agride e você não pode aceitar? O que é imprescindível ter em uma relação ou em um companheiro? Ou seja, o que é muito importante para você, que não pode ser deixado de lado. O que é possível fazer concessões, ser mais flexível? Aquilo que não te agride, nem é de extrema importância”, explica.

“Não acho que ser radical é a melhor saída. Não dá para dizer ‘não vou ficar com você porque ainda é machista’, sem dar a chance da pessoa se manifestar. Ao estar bem sozinha, sem desespero, você fica mais livre para perceber e analisar as visões do outro, se é ou não uma boa companhia, sem atacar”, fala a psicanalista Regina Navarro Lins.

Tenha em mente que o parceiro raramente dará conta de todas as necessidades emocionais que temos. “Para isso, existem os amigos e a família. Interesses diversos podem ser compartilhados com outras pessoas”, fala Cíntia Thomaz.

Mas eu vou ter que engolir os defeitos do outro? Engolir é uma palavra muito forte, dizem as especialistas. Mas aceitar algo que você não esperava faz parte do exercício de ser relacionar.

“Concessões significam decidir em conjunto e dependem de diálogo e comunicação: falar e ouvir o que gosta ou o que não gosta e, então, flexibilizar”, fala Napolitano. Dar feedback de como sentiu ou o que pensou também é importante para que o outro possa fazer mudanças. “Para evitar ruídos na comunicação do casal, temos de explicar nossas intenções. Muitas vezes, a interpretação do par pode ser diferente da sua. Uma conversa evita uma briga”, acrescenta a psicóloga.

Independência x se relacionar.
A imagem da mulher independente, que não precisa de homem para alcançar seus objetivos, está tão estereotipada que, muitas vezes, acreditamos que relacionamento e autonomia não combinam. Não é bem assim.

“Durante muito tempo, reinou a ideia de que, com o passar do tempo, os dois vão se transformar em um só. Hoje, estamos caminhando para entender que os indivíduos são diferentes e tudo bem! Eu acredito que a liberdade de ir e vir é fator determinante em um relacionamento, assim como o respeito às outras ideias, comportamentos ou o que for”, fala Regina Navarro Lins.

E conversar será importante também para essa definição. “O que é importante para cada um? Tomar um café, jogar futebol e passear no shopping são coisas individuais? Só a conversa franca poderá deixar claro quais são os momentos em que cada um precisa estar sozinho ou com amigos. E quais são os momentos imprescindíveis para ter a companhia do par”, fala Napolitano.

O início de uma relação é o momento de conhecer um outro mundo, outras necessidades e, principalmente, outra forma de se comunicar. E isso exige paciência, poder de compreensão e de negociação. “O que acontece é que não se trata tanto de abrir mão do que importa, mas de reconhecer aquilo que não nos afeta”, diz Cíntia Thomaz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário