Graças ao feminismo,
estamos caminhando para nos tornarmos empoderadas. Estamos desenvolvendo
autossuficiência e nossa autoestima está lá em cima. Só que, ao nos sentirmos
tão confiantes, de repente, nenhum parceiro parece bom o suficiente. Fazer um
encontro engatar para além da primeira noite ficou mais difícil. Mas será que
há um culpado?
Elevar o nível de
exigência ao escolher com quem vamos nos relacionar não é só bom, mas uma
questão de justiça para as mulheres, como explica a psicanalista Cíntia Thomaz.
“Se nos esforçamos para atuar em um mundo sem diferenças, nada mais justo que
os homens também se esforcem”, fala.
Fora que não faz mais
sentido aceitar alguém na nossa vida apenas para cumprir um papel social de
estar em um relacionamento. O amor
próprio facilita na busca de uma relação feliz, porém...
“Quando duas pessoas se conhecem, devem estar dispostas a crescer juntas e não
simplesmente esperar um outro já adaptado a tudo o que desejamos”, diz Thomaz.
Por sermos donas de nós
mesmas, às vezes, é difícil aliviar nas cobranças com essa outra pessoa. Mas
isso só cria dificuldade de dialogar e ceder, fatores fundamentais para quem
quer um relacionamento
longo. Na vida e na hora de filtrar seus parceiros
amorosos, é preciso ter prioridades. “A maturidade implica em saber aceitar a
parcialidade da satisfação do desejo. Ninguém tem tudo, o mundo de ninguém é
perfeito”, fala Thomaz.
Filtros de seleção
viáveis.
Filtrar para se
relacionar começa com você sabendo o que quer de um relacionamento. É
importante ter três coisas bem claras, de acordo com a psicóloga e terapeuta
sexual, Paula Napolitano. “O que te agride e você não pode aceitar? O que é
imprescindível ter em uma relação ou em um companheiro? Ou seja, o que é muito
importante para você, que não pode ser deixado de lado. O que é possível fazer concessões,
ser mais flexível? Aquilo que não te agride, nem é de extrema importância”,
explica.
“Não acho que ser
radical é a melhor saída. Não dá para dizer ‘não vou ficar com você porque
ainda é machista’, sem dar a chance da pessoa se manifestar. Ao estar bem
sozinha, sem desespero, você fica mais livre para perceber e analisar as visões
do outro, se é ou não uma boa companhia, sem atacar”, fala a psicanalista Regina
Navarro Lins.
Tenha em mente que o
parceiro raramente dará conta de todas as necessidades emocionais que temos.
“Para isso, existem os amigos e a família. Interesses diversos podem ser
compartilhados com outras pessoas”, fala Cíntia Thomaz.
Mas eu vou ter que
engolir os defeitos do outro? Engolir é uma palavra muito forte, dizem as
especialistas. Mas aceitar algo que você não esperava faz parte do exercício de
ser relacionar.
“Concessões significam
decidir em conjunto e dependem de diálogo e comunicação: falar e ouvir o que
gosta ou o que não gosta e, então, flexibilizar”, fala Napolitano. Dar feedback
de como sentiu ou o que pensou também é importante para que o outro possa fazer
mudanças. “Para evitar ruídos na comunicação do casal, temos de explicar nossas
intenções. Muitas vezes, a interpretação do par pode ser diferente da sua. Uma
conversa evita uma briga”, acrescenta a psicóloga.
Independência x se
relacionar.
A imagem da mulher
independente, que não precisa de homem para alcançar seus objetivos, está tão
estereotipada que, muitas vezes, acreditamos que relacionamento e autonomia não
combinam. Não é bem assim.
“Durante muito tempo,
reinou a ideia de que, com o passar do tempo, os dois vão se transformar em um
só. Hoje, estamos caminhando para entender que os indivíduos são diferentes e
tudo bem! Eu acredito que a liberdade de ir e vir é fator determinante em um
relacionamento, assim como o respeito às outras ideias, comportamentos ou o que
for”, fala Regina Navarro Lins.
E conversar será
importante também para essa definição. “O que é importante para cada um? Tomar
um café, jogar futebol e passear no shopping são coisas individuais? Só a
conversa franca poderá deixar claro quais são os momentos em que cada um
precisa estar sozinho ou com amigos. E quais são os momentos imprescindíveis
para ter a companhia do par”, fala Napolitano.
O início de uma relação
é o momento de conhecer um outro mundo, outras necessidades e, principalmente,
outra forma de se comunicar. E isso exige paciência, poder de compreensão e de
negociação. “O que acontece é que não se trata tanto de abrir mão do que
importa, mas de reconhecer aquilo que não nos afeta”, diz Cíntia Thomaz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário