É bom lembrar,
principalmente no Dia Nacional de Combate ao Fumo, que até 90% dos
casos de câncer
de pulmão são provocados pelo tabaco, esteja
ele no cigarro, no narguilé ou onde
for. Mas a verdade é que esse tipo de tumor, não importa sua causa, torna-se
bem mais agressivo quando detectado em estágios avançados.
Agora, o que são esses
tais estágios do câncer? “São formas de categorizar a doença conforme sua
evolução no corpo. Quanto mais ela avança, mais grave costuma se tornar”,
define o oncologista Marcelo Cruz, membro do comitê científico do Instituto
Lado a Lado Pela Vida, organização que organiza a campanha
#RespireAgosto.
Após o diagnóstico, os
médicos fazem o chamado estadiamento do câncer, que justamente serve para
definir o estágio em que ele está. São, na verdade, muitas variáveis incluídas,
que variam para cada tipo de tumor.
No entanto – e com a
ajuda do oncologista Marcelo Cruz –, definimos os quatro estágios básicos do
câncer de pulmão.
Confira:
Estágio
1.
Em geral, são tumores
pequenos. No caso do pulmão, não passam de dois ou três centímetros.
Mais importante do que
isso, esses nódulos estão restritos ao órgão em que nasceram. Não há qualquer
evidência clínica de que tenham se espalhado mesmo para os linfonodos (pequenas
estruturas que filtram substâncias nocivas e contém células de defesa a
postos).
O tratamento, aqui, é principalmente cirúrgico.
Às vezes, a quimioterapia e radioterapia entram em cena para minimizar o risco
de células cancerosas indetectáveis sobreviverem ao bisturi e, então, voltarem
a se replicar.
Segundo Cruz, cerca de
70% dos pacientes que fazem o diagnóstico nessa etapa sobrevivem cinco anos ou
mais.
Estágio
2.
A maior diferença,
aqui, é a presença de células cancerosas em linfonodos da região do pulmão e do
tórax. Isso sinaliza que a doença já está se tornando mais agressiva, com
potencial para viajar a partes distintas do corpo.
A cirurgia segue muito
importante. Porém, já ganha a companhia da químio com maior frequência. Entre
40 e 50% dos indivíduos que flagram o problema nessa fase vivem mais de cinco
anos, de acordo com Marcelo Cruz.
Estágio
3.
É o primeiro estágio
considerado avançado. “Aliás, cerca de 70% dos diagnósticos de câncer de pulmão
são feitos nessa fase ou no estágio quatro”, afirma Cruz.
Por quê? Ora, antes
disso os sintomas do tumor são bem genéricos ou sequer dão as caras. Os sinais
mais consagrados dessa encrenca são: tosse frequente e que não para, falta de
ar, dor no peito, sangue ao escarrar.
De qualquer forma, o
câncer de pulmão em estágio três costuma se disseminar para um número maior de
linfonodos – e pode ser mais volumoso.
O tratamento só com
cirurgia, dada a extensão do problema, é praticamente descartado. Não é que
esse procedimento sai de cena. Contudo, radioterapia, quimioterapia e até drogas mais modernas, pertencentes à terapia-alvo ou
à imunoterapia, viram protagonistas.
“Estima-se que em torno
de 30% dos pacientes com câncer de pulmão nessa fase sobrevivem mais de cinco
anos”, calcula Cruz.
Estágio
4.
Não dá pra negar que é
o mais grave. Aqui, o câncer se espalhou para outros órgãos. Ou seja, ele pode
ter chegado a fígado, ossos, cérebro…
Como já teve um bom
tempo para crescer e aparecer – e sofrer mutações –, a doença nessa etapa tende
apresentar o que os especialistas chamam de heterogeneidade tumoral. Em outras
palavras, uma célula cancerosa se torna diferente de outra célula cancerosa. E
isso dificulta demais o tratamento (ora, o remédio que funciona em uma pode não
surtir efeito na outra).
Além disso, o fato de
os nódulos malignos estarem por toda a parte praticamente anula a chance de
cirurgias curativas. Nesses cenários, o bisturi é empregado mais como forma de
controle do câncer e de manejo dos sintomas.
Usualmente, emprega-se
quimioterapia e, às vezes, radioterapia. Acontece que, nos últimos anos, a
chegada da terapia-alvo e principalmente da imunoterapia trouxe
novas esperanças para esses pacientes mais graves.
Os dados atuais dão
conta de que mais ou menos 5% das pessoas com câncer de pulmão em estágio
quatro vivem mais que cinco anos. “Mas há estudos mostrando que 16% dos
voluntários que responderam à imunoterapia viveram ao menos mais cinco anos
após o diagnóstico”, compara Cruz.
Sim, você pode achar
que esse número ainda é baixo. Mas se trata de uma mudança enorme na oncologia.
E que, com os avanços da ciência, tem tudo para subir ainda mais.
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