O risco de desenvolver
algum câncer relacionado à obesidade aumentou entre a população mais jovem,
assim como as taxas de sobrepeso. É o que diz um novo estudo, publicado no domingo
(3) no periódico The Lancet.
Os cientistas
analisaram a incidência de 30 tipos de câncer mais comuns,
incluindo 12 ligados à obesidade, entre 1995 e 2014, em pessoas que tinham de
24 a 84 anos. Ao todo, eles estudaram mais de 14,6 milhões de casos.
Os resultados mostraram
que a incidência aumentou significativamente em seis dos 12 casos de câncer
relacionados à obesidade (mieloma múltiplo, colorretal, corpo uterino, vesícula
biliar, rim e câncer pancreático) em adultos jovens (25 a 49 anos).
"Embora as
incidências para esses cânceres, exceto para o câncer colorretal, também tenham
aumentado em idosos, as magnitudes de aumento percentual anual foram menores do
que em adultos jovens", escrevem os pesquisadores.
Por exemplo, em comparação
com pessoas nascidas em 1950, as nascidas em 1985 tinham um risco de mieloma
múltiplo 59% maior e mais do que o dobro de ter câncer pancreático.
Ao mesmo tempo, a
incidência diminuiu para cânceres relacionados ao tabagismo e relacionados à
infecção por HIV (por exemplo, câncer de pulmão e sarcoma de
Kaposi). Essas tendências podem ter sido influenciadas pelo rápido aumento da
prevalência de sobrepeso ou obesidade, principalmente nos EUA, local onde o
estudo ocorreu.
Entre 1980 e 2014, a
prevalência de sobrepeso ou obesidade no país aumentou mais de 100% (de 14,7%
para 33,4%) entre crianças e adolescentes e de 60% entre adultos de 20 a 74
anos (de 48,5% a 78,2%).
De acordo com os
cientistas, em conjunto com o excesso de peso corporal, as condições de
saúde relacionadas à obesidade e aos fatores de estilo de vida podem contribuir
para a crescente taxa de cânceres relacionados à obesidade em adultos jovens,
que incluem diabetes,
cálculos biliares, doença inflamatória intestinal e má alimentação. Há fortes
evidências de uma associação entre diabetes tipo 2 e excesso de risco para
colangiocarcinoma e câncer de colo-retalho, endométrio, fígado e pâncreas, por
exemplo.
O autor sênior do
estudo, Ahmedin Jemal, um cientista da Sociedade Americana de Câncer, disse que
a dieta e o exercício são essenciais na redução das taxas de obesidade, mas que
intervenções de profissionais de saúde também são necessárias. "Menos
da metade dos médicos de atenção primária avalia regularmente o índice de massa
corporal em seus pacientes, e apenas um terço dos pacientes obesos relatam
receber um diagnóstico de obesidade ou aconselhamento para perda de peso",
diz ele.
Da mesma forma,
intervenções como planejamento urbano para a promoção de atividade física,
impostos sobre bebidas açucaradas e restrição de publicidade de alimentos e
refrigerantes ricos em calorias também fariam diferença nessa taxa crescente.
Mais estudos são
necessários para explicar as exposições responsáveis por essas tendências
emergentes, incluindo excesso de peso corporal e outros fatores de risco. Mas
pesquisas como esta abrem o caminho de como combater esses problemas.
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