Resumo da
notícia
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Muitas
pessoas associam a dor no peito como o principal sinal de infarto, mas nas
mulheres o sintoma de um ataque cardíaco nem sempre é esse
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Elas
podem sentir apenas dor nas costas e na boca do estômago e náuseas
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A
explicação para essas diferenças está na anatomia feminina, pois as veias e
artérias são mais finas, fazendo com que a dor "se espalhe"
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Imagine a cena: uma
pessoa sente uma dor no peito que irradia para o braço esquerdo, falta de ar e
mal-estar. O senso comum nos leva a pensar imediatamente que trata-se de um
caso de infarto
--o que realmente pode ser. No entanto, quando uma mulher sofre um ataque
cardíaco, os sinais do problema nem sempre são esses.
Nelas, os sintomas
podem ser mais silenciosos e algumas vezes não respeitar os alertas clássicos.
Ainda que não sejam sintomas exclusivos ao sexo feminino, em boa parte dos
casos as mulheres relatam uma dor na boca do estômago, dor nas costas e
náuseas, sinais comumente atribuídos a outras condições como cansaço, azia e estresse.
Mesmo a dor no peito,
quando aparece nelas, tem características diferentes. "A dor é atípica,
como se fosse um 'peso'. Muitas vezes, a mulher sente só um desconforto no
peito, diz que ficou cansada, com falta de ar e um mal-estar", explica
Glaucia Moraes de Oliveira, cardiologista e editora associada da revista
científica ABC Cardiol, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC),
complementando que isso ocorre principalmente após a menopausa.
Como os sintomas podem
ser manifestados de forma diferente, muitas vezes não são valorizados, o que retarda
o socorro e aumenta o risco de o problema ser fatal.
Por
que a diferença?
Entre as razões para os
sintomas atípicos estão a anatomia feminina e a forma como ocorre o evento.
"As artérias são mais finas e tortuosas", conta Otávio Gebara,
cardiologista e diretor clínico do Hospital Santa Paula. Grosso modo, isso faz
com que a dor irradie e pareça menor, em vez de surgir como algo agudo e
localizado, como acontece com os homens.
"Além disso, o
infarto ocorre quando há uma ruptura de uma placa de gordura, que entope a
artéria. Nas mulheres, muitas vezes essa placa não rompe, ela tem só uma
erosão. Esse processo de trombose da artéria diferente acaba gerando outros
sintomas", explica.
Há também um aspecto
cultural: habitualmente, homens são mais orientados a procurarem um
cardiologista; enquanto as mulheres estão mais atentas à saúde ginecológica e
não reconhecem as doenças cardiovasculares como um risco à saúde.
"Muitas mulheres
vão regularmente ao ginecologista para fazer mamografia e outros exames relacionados
ao gênero, mas não costumam se preocupar com o coração. Assim, são menos
diagnosticadas com problemas cardíacos e, quando sentem o incômodo, não
imaginam que estão tendo um infarto, acham que a dor está relacionada com outra
condição", comenta Leopoldo Piegas, cardiologista e coordenador do
Programa de Cuidados Clínicos para Pacientes com Infarto Agudo do Miocárdio do
HCor (Hospital do Coração).
Risco
nem sempre é igual para homens e mulheres.
O risco de desenvolver
uma doença arterial coronariana aos 40 anos de idade é de 49% em homens e de
32% em mulheres, de acordo com um reporte da American Heart Association. Porém,
com o avançar da idade, a história muda. Isso porque o hormônio estrógeno, que
garante essa proteção natural ao coração das mulheres, entra em declínio a
partir da menopausa, e aí o risco tende a se igualar.
Um levantamento feito
pela SBC, com base nos dados do Global Burden of Disease (GBD), de 2017,
mostrou que as doenças isquêmicas do coração (cuja manifestação aguda é o
infarto) corresponderam por 15% das mortes tanto de homens como de mulheres aos
70 anos. Aliás, o mesmo levantamento apontou que o infarto mata três vezes mais
as brasileiras (em todas as idades) do que o câncer
de mama.
Fatores
de risco e prevenção.
Os fatores de risco são
semelhantes para homens e mulheres: hipertensão,
obesidade,
tabagismo, triglicérides e colesterol
altos, sedentarismo, estresse, diabetes
e histórico familiar. E esses pontos aumentam o risco mesmo nas mulheres mais
jovens, pois a proteção natural ligada ao estrogênio é prejudicada.
Para prevenir o
problema, a receita é quase a mesma que para evitar muitas doenças: alimentação
saudável, atividade física regular, não fumar ou beber em excesso. E, para as
mulheres com mais de 40 anos, consultar um cardiologista periodicamente.
*** Fontes: Glaucia Moraes
de Oliveira, cardiologista e editora associada da revista científica ABC
Cardiol, da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia); Leopoldo Piegas,
cardiologista e coordenador do Programa de Cuidados Clínicos para Pacientes com
Infarto Agudo do Miocárdio do HCor (Hospital do Coração); Otávio Gebara,
cardiologista e diretor clínico do Hospital Santa Paula; e Hélio Castello,
cardiologista intervencionista e diretor do Grupo Angiocardio.
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