Quando a gente pensa em
bullying, é fácil acreditar nas terríveis consequências para as vítimas, como
índices de depressão, uso de substâncias e suicídio. Mas cada vez mais estudos
têm sugerido que os agressores também precisam de ajuda. E muita.
Um trabalho publicado
esta semana pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Columbia, nos EUA,
é um dos que reforça essa “via de mão dupla” que envolve agressores e
agredidos. Os pesquisadores descobriram que indivíduos que praticam bullying
são mais propensos a internalizar seus problemas. E quanto mais eles fazem
isso, maior sua propensão a humilhar outras pessoas.
Os resultados,
publicados no Journal of Adolescent Health, foram obtidos a partir
da análise de entrevistas com 13.200 jovens de 12 a 17 anos, uma amostra
representativa do país. Entre os participantes, 79% disseram nunca ter cometido
bullying na vida. Já 11% admitiram ter humilhado alguém há mais de um ano, e
10% afirmaram ter feito isso no ano anterior à abordagem. Esse último dado dá
uma ideia mais clara de quanta gente tem o hábito frequente de agredir os outros.
Esses bullies,
segundo o estudo, apresentaram uma probabilidade alta de desenvolver problemas
de saúde mental, quando comparados aos jovens que nunca participaram de
agressões. Os adolescentes com maior tendência a internalizar seus problemas
foram os que humilhavam os outros com maior frequência. Em outras palavras,
internalizar, agredir e ter algum tipo de transtorno estão interligados.
As estimativas usadas
como referência pelos pesquisadores são de que 18 a 31% dos jovens estão
envolvidos em bullying de alguma maneira. Se você pensar que tanto as vítimas
quanto os agressores sofrem danos nesse processo, vai ver que muitos jovens têm
algum grau de sofrimento emocional. É uma questão que acaba envolvendo a
sociedade como um todo.
Para os autores, as estratégias
de prevenção e intervenção ao bullying devem incluir recursos para ajudar os
adolescentes a expressar e lidar melhor com emoções negativas. Sintomas de
depressão e outros transtornos também devem ser tratados nesse contexto. Como
você pode ver, não dá para exigir que só a escola ou só os pais resolvam um
problema tão complexo. O esforço deve ser conjunto, e orientado por
profissionais especializados.
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