Além de ameaçar o coração com o aumento da pressão arterial,
o burnout — a síndrome do esgotamento físico e mental causada pelo
trabalho — favoreceria o surgimento da fibrilação atrial, que é o tipo mais comum de arritmia. Foi o que
concluiu um estudo conduzido por diversas instituições
americanas e publicado no
periódico científico da Sociedade Europeia de
Cardiologia.
Os cientistas acompanharam 11 445 indivíduos por aproximadamente 25 anos.
Ao longo desse período, examinaram os níveis de exaustão, raiva e apoio social.
As taxas de uso de antidepressivos e as condições cardiovasculares dessa turma
toda também foram registradas.
Ao final dos testes, 19,4% dos participantes (2 200) haviam desenvolvido
fibrilação atrial. Após analisar os resultados e descartar outros fatores que
poderiam estar por trás dessa doença (idade, estilo de vida, situação
socioeconômica), os pesquisadores constataram que o burnout elevou em 20% a
probabilidade de o coração perder o ritmo.
De acordo com o cardiologista Parveen K. Garg, professor da Universidade do Sul da Califórnia que liderou a investigação, o cansaço mental e físico excessivo é associado ao aumento de processos
inflamatórios e a uma superativação dos mecanismos de estresse.
“Quando essas duas coisas são desencadeadas cronicamente, podemos ter
efeitos sérios e prejudiciais ao tecido do coração, o que eventualmente levaria
a esse tipo de arritmia”, completa o médico, em comunicado à imprensa.
Por outro lado, Garg acredita que mais estudos são necessários para
entender esse elo e determinar as práticas que podem proteger o coração do
burnout. Ainda que essa linha de estudos seja recente, não faltam motivos para
evitar a exaustão ligada ao emprego, como mostramos nessa
reportagem especial.
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