Mistura
de frutas cítricas com o sol forte é a receita que leva diversos pacientes aos
consultórios de dermatologistas.
A jornalista Bruna
Ventura aproveitou o sol para ir à Praia do Recreio, na Zona Oeste do Rio, e se
refrescar com uma limonada. Os termômetros marcavam mais de 40 graus. Um dia
depois, ela percebeu que a região logo acima do lábio — o "bigode" —
tinha ficado queimada. A mistura de frutas cítricas, sobretudo o limão, com o
sol forte é a receita que leva diversos pacientes aos consultórios de
dermatologistas ao longo do verão.
"Nós costumamos
ver muitos casos desse tipo nesta época do ano. Às vezes, a pessoa até sabe
desse risco, mas esquece e passa a mão suja de limão no rosto ou em outra parte
do corpo. Os tipos de manchas variam muito de intensidade", afirma a
dermatologista Elisa Barcaui, que faz doutorado na Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ).
Segundo a médica, a
queimadura de frutas cítricas, em contato com o sol, é a fitofotodermatite —
nome que mistura partículas que se referem a “planta”, “luz” e “pele”. Elisa
explica que os alimentos que causam esse tipo de alteração têm uma substância
chamada furocumarina, responsável por deixar a pele sensível ao sol.
A vermelhidão pode
demorar um dia ou dois para aparecer, de acordo com o dermatologista Maurício
Drummond: "Depois disso, pode escurecer. Se não for tratada, a mancha pode
nunca desaparecer. A indicação é procurar direto um especialista para iniciar o
tratamento".
Além do limão, os
especialistas contam que outras frutas podem causar queimaduras. São elas a
laranja, a tangerina, o figo e a manga. "Mais de 90% das queimaduras
associadas ao sol que trato são de limão. As outras afetam em menor
escala", afirma Drummond.
A jornalista Bruna
Ventura faz parte das estatísticas: "Ando viciada naquela limonada que é
vendida na praia, com o mesmo cara que vende o mate. Na última vez que bebi,
acabei bobeando e fiquei com o rosto marcado. A marca não ficou muito forte, só
passei protetor e, em alguns dias, ela saiu. A limonada é muito saborosa e
refrescante, mas tem que tomar cuidado quando é bebida no sol", reforça.
O dermatologista Felipe
Nazareth acrescenta que alguns antibióticos (as ciclinas) também podem causar
queimaduras com a irritação causada pelo contato com os raios solares.
"Em alguns casos,
acontece com a ingestão de remédios. Mas o comum mesmo é ver queimaduras de
limão no consultório. No resto do ano, chego a passar seis meses sem ver um só
caso, mas no verão são cerca de três por semana", diz o médico.
Quando a pessoa percebe
a queimadura, ela deve lavar bem a área com água e sabão. Depois, é hora de procurar
um médico. "Normalmente, passamos medicamentos anti-inflamatórios tópicos
(pomadas) e orais. Quanto mais tempo demorar para ir ao médico, mais chance tem
de ficar marcado", afirma Drummond.
De acordo com o
dermatologista Felipe Nazareth, alguns perfumes de qualidade mais baixa podem
deixar manchas ou queimaduras. "Antigamente, perfumes que tinham
bergapteno, substância parecida com a que tem no suco de laranja, deixavam a
pele marcada no sol. A chance de acontecer é pequena, mas não é impossível",
afirma.
Segundo ele,
hidratantes com cheiro de frutas cítricas não deixam queimaduras no corpo. Após
queimar o corpo com limão, os especialistas indicam que a pessoa use filtro
solar com fator alto. Para esconder a mancha ou a queimadura, é possível usar
protetor com base.
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