De
acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), no ano passado,
752 mulheres ficaram internadas e 429 foram a óbito.
O câncer de colo
uterino é um tumor que acomete a porção inferior do útero, chamada colo ou
cérvix. Este câncer é altamente prevalente na população feminina. No mundo,
ocupa o segundo lugar no “ranking” dos cânceres femininos, só perdendo para
neoplasia mamária. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia
(Sesab), no ano passado, 752 mulheres ficaram internadas e 429 foram a óbito.
A oncologista Renata
Cangussu, do Núcleo de Oncologista da Bahia (NOB), explica que 90% dos casos da
doença estão relacionados à incidência de papilomavírus humano (HPV) entre
mulheres. É um tipo de vírus bastante comum na população. “A maioria das
mulheres será exposta a este agente durante suas vidas sexuais, porém a
infecção é de forma transitória, onde o próprio organismo tem a capacidade de
eliminar o vírus num período que varia de seis meses até dois anos”, esclarece.
“Mesmo que ocorra o
desenvolvimento de alguma lesão, o próprio sistema imunológico pode “curar”,
sem nenhum tratamento. Em cerca de 10% dos casos, onde a imunidade não
conseguiu reagir à presença do vírus, pode ocorrer à persistência da infecção,
com evolução para lesões de maior gravidade. Aí nesta situação é necessário o
tratamento das lesões, com a remoção da porção acometida do colo do útero”.
Quando a doença já se
encontra em um estágio mais avançado, a mulher pode apresentar um quadro de
anemia devido à perda de sangue, além de dores nas pernas, nas costas, problemas
urinários ou intestinais e até perda de peso sem intenção. “Os sangramentos
podem ocorrer durante a relação sexual, fora do período menstrual e em mulheres
que já estão no período da menopausa”, diz a oncologista.
VACINA.
Renata Cangussu lembra
que a vacinação contra o vírus sexualmente transmissível é medida preventiva
essencial no combate à doença. “O Diagnóstico precoce pode evitar em 80% dos
casos os riscos de metástases e outras complicações decorrentes deste tipo de
tumor”, disse Renata.
A especialista reforça
a necessidade da vacinação na prevenção primária da doença e lembra que também
é fundamental conscientizar a população para a importância do sexo seguro, uma
vez que as relações sexuais são a principal forma de transmissão do HPV. “Fique
atento aos primeiros sinais. O tumor ocorre quando as células que compõem o
colo uterino sofrem agressões causadas pelo HPV. Os primeiros sinais aparecem
por meio de sangramento vaginal, seguido de corrimento e dor na pelve”,
destaca.
A médica ressalta, ainda,
que as vacinas estão disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), meninas dos
nove aos 13 anos e meninos a partir dos 11 anos até 14 anos podem se imunizar.
“Precisamos estimular os pais e responsáveis para vacinar as crianças. Apenas
30% das garotas tomam a vacina e 18% dos meninos chegam a se imunizar”, frisou.
A doença é silenciosa
e, por isso, em cerca de 35% dos casos acaba levando à morte. A preocupação
acerca dos crescentes índices da doença aumenta quando analisado o principal
causador da condição, o contágio do HPV. Mais comum tipo de infecção
sexualmente transmissível em todo o mundo, o vírus atinge de forma massiva as
mulheres.
CONTÁGIO.
Segundo o Ministério da
Saúde, 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao
longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus se dá na faixa dos 25
anos. Após o contágio, ao menos 5% delas irá desenvolver câncer de colo do
útero em um prazo de dois a dez anos, uma taxa que preocupa os especialistas.
Aproximadamente 90% dos
casos ocorrem em países pobres ou emergentes, sobretudo por estratégias de
implementação vacinal e programas de rastreio populacional inadequados. A
mortalidade nesses países é cerca de 18 vezes maior que em países
desenvolvidos. No Brasil, a taxa de mortalidade ajustada para a população
mundial de 4,70 óbitos para cada 100 mil mulheres, revela o órgão.
Existem mais de 150
tipos de HPV, cerca de 40 são habitantes da região genital e 15 são mais
agressivos, chamados oncogênicos (cancerígenos). Os HPV não agressivos, ou não
oncogênicos, ocasionam as verrugas genitais, ou condilomas, que são lesões
benignas sem risco de evolução para câncer. O tratamento destas verrugas pode
ser por meio de medicamentos locais que destroem ou estimulam a imunidade, ou a
retirada cirúrgica.
As lesões
pré-cancerosas provocadas pelos vírus cancerígenos no colo uterino são chamadas
de neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC). Estas são divididas em 3 graus:
I, II e III. A NIC I representa lesão com comportamento benigno e em geral não
requer tratamento, pois regride espontaneamente na maioria das vezes.
Os fatores de risco
para a infecção pelo HPV e conseqüentemente para as lesões pré-cancerosas e o
câncer estão associados ao comportamento sexual, hábitos de vida e algumas
doenças. Dentre eles são citados – Início sexual precoce – Multiplicidade de
parceiros sexuais – Fumo – Imunossupressão – Desnutrição – Uso de
contraceptivos hormonais – Baixo nível socioeconômico – Infecção por Chlamydia
trachomatis.
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