fonte: REDAÇÃO JAIRO BOUER, https://doutorjairo.uol.com.br/
Desde que a pandemia começou, as chamadas de vídeo têm
sido muito utilizadas para reuniões de trabalho e encontros virtuais. No
entanto, um estudo publicado no periódico Technology, Mind and Behavior na última terça-feira
(23), mostrou o que muita gente já tinha percebido: passar muito tempo em
videoconferências pode causar fadiga.
O professor da Universidade de Stanford, Jeremy
Bailenson, que conduziu o estudo, listou os quatro fatores que mais trazem
cansaço aos usuários dessas plataformas. Veja quais são:
1) Contato visual excessivo.
Tanto a quantidade de contato visual que mantemos durante
os vídeos quanto o tamanho dos rostos nas telas não são naturais.
Em uma reunião normal, as pessoas costumam olhar para
quem fala, tomando notas ou às vezes desviando o olhar. Mas nas ligações do
Zoom, Meet ou Teams, todos estão olhando para todos, o tempo todo. Um ouvinte é
tratado de forma não verbal como um orador, então mesmo que você não fale uma
vez em uma reunião, ainda terá a sensação de que é encarado. Ou seja: a
quantidade de contato visual aumenta drasticamente. Bailenson explica que,
assim como no mundo não virtual, a fobia de falar em público também existe nas
plataformas, e saber que todos estão te olhando o tempo todo aumenta ainda mais
o estresse.
Outra fonte de desgaste é que, dependendo do tamanho do
seu monitor, os rostos nas chamadas de videoconferência podem parecer grandes
demais para o seu conforto. Quando isso acontece na vida real, o cérebro
interpreta como uma situação mais intensa, como um contato íntimo ou um
conflito. "O que está acontecendo, na verdade, quando você usa o Zoom por
muitas, muitas horas, é que você está nesse estado de hiperexcitação",
explica Bailenson.
Para melhorar isso, o professor recomenda tirar a opção de
tela inteira e reduzir o tamanho da janela do aplicativo em relação ao monitor
para minimizar o tamanho do rosto.
2) Se observar o tempo todo.
A maioria das plataformas de vídeo permite que a pessoa
se veja durante um bate-papo, mas isso também não é natural, diz Bailenson.
"No mundo real, se alguém estivesse seguindo você com um espelho
constantemente - de forma que enquanto você estivesse falando com as pessoas,
tomando decisões, dando feedback, recebendo feedback - você estivesse se vendo
em um espelho, isso seria loucura”.
Bailenson cita estudos que mostram que quando você vê seu
reflexo, acaba ficando mais crítico com si próprio. "É desgastante para
nós. É estressante. E muitas pesquisas mostram que há consequências emocionais
negativas em se ver no espelho."
Uma solução dada por Bailenson é que os usuários usem o
botão "ocultar visão própria", que pode ser acessado clicando com o
botão direito do mouse em sua própria foto, assim que virem que seu rosto está
devidamente enquadrado no vídeo.
3) Redução da mobilidade.
Em uma conversa normal, as pessoas costumam se
movimentar, até para dar mais fluidez no discurso. Contudo, na
videoconferência, a maioria das câmeras têm um campo de visão definido, o que
significa que uma pessoa geralmente precisa ficar no mesmo lugar. O movimento é
limitado de maneiras que não são naturais. “Há uma pesquisa crescente agora que
diz que quando as pessoas estão se movendo, elas têm um desempenho cognitivo
melhor”, disse Bailenson.
4) Carga cognitiva maior.
Em uma conversa que se dá pessoalmente, a comunicação
não-verbal é bastante natural e a grande maioria das pessoas faz e interpreta
gestos e pistas não-verbais de forma natural. Mas em chats de vídeo, temos que
trabalhar mais para enviar e receber sinais.
Na verdade, fala Bailenson, os humanos pegaram uma coisa
simples e fácil e a transformaram em algo que envolve muito pensamento:
"Você precisa ter certeza de que sua cabeça está emoldurada no centro do
vídeo. Se você quiser mostrar a alguém que está de acordo com a pessoa, faça um
aceno exagerado com a cabeça ou levante os polegares. Isso adiciona carga cognitiva,
pois você está usando calorias mentais para se comunicar."
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