FONTE: Tainá Lourenço, Do Jornal da USP, https://www.uol.com.br/
Apesar
de associada aos jovens, são os idosos que lideram o ranking dos mais afetados
pela depressão.
Segundo
a última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), a doença atinge cerca de 13% da
população entre os 60 e 64 anos de idade. Ao redor do mundo, o transtorno
afeta, em média, 264 milhões de pessoas de todas as idades.
Segundo
o médico neurologista Vitor Tumas, professor da FMRP (Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto) da USP, entre as principais causas da depressão no idoso estão
o abandono familiar e o sentimento de inutilidade causado pelo abandono de
atividades exercidas. O professor adverte que nem sempre a doença está
relacionada à aposentadoria, como muitos acreditam, mas ao avanço da idade.
"A
pessoa se aposentou em uma certa idade e, a partir dali, vem problemas de saúde
ou doenças neurodegenerativas, não porque se aposentou, mas porque envelheceu e
ficou propenso a desenvolver essa doença e sintomas."
O
neurologista aponta ainda outras causas externas que propiciam o
desenvolvimento da doença, como "o uso de alguns medicamentos
antivertiginosos e doenças como a tireoide que causam um quadro de sintomas
muito parecidos com a depressão". E lembra ainda que o quadro depressivo
no idoso também pode ser um sintoma precursor de outros transtornos comuns à
terceira idade, como o Alzheimer e o mal de Parkinson.
Sintomas da depressão em idosos.
Tumas
comenta que, na terceira idade, a doença se manifesta de forma diferente dos
jovens. Por isso, alerta para que familiares fiquem atentos às mudanças no
comportamento do idoso.
Perda
de apetite, irregularidades no sono, desânimo para realizar atividades antes
vistas como prazerosas e "mudanças emocionais não comuns, com sinais
claros de tristeza", são sintomas que devem ser levados em conta.
Os
idosos também podem desenvolver alterações cognitivas, dificultando o
diagnóstico da depressão, como perda de memória, falta de concentração e
dificuldade de raciocínio, que ocorrem em outras doenças ainda mais graves.
Além
disso, conta o neurologista, "os pacientes podem ter a sensação de serem
inúteis e não servirem mais para nada" e, em alguns casos, experimentam sentimentos
de culpa por motivos que não conseguem identificar. Juntas, "essas emoções
podem levar os idosos ao pensamento de que a vida não vale mais a pena,
principalmente em casos graves, mas são menos propensos a tentarem o
suicídio".
Como prevenir e identificar a depressão em
idosos?
O
neurologista afirma que, embora a família desconfie, o diagnóstico deve ser
clínico. Os profissionais habituados a trabalhar com idosos "devem estar
preparados para identificar os sintomas de alerta e iniciar o tratamento
correto", pois "é muito importante que estejam atentos para sinais
que possam ensejar evidências de alguma doença degenerativa em andamento".
Quanto
aos familiares, Tumas recomenda que mantenham rotinas ativas com os idosos, já
que a falta de atividades sociais, hobbies e lazer abre terreno propício para o
desenvolvimento de depressão e ansiedade. "Para envelhecer com saúde, é preciso se manter
ativo, tanto física como mentalmente", diz o professor.
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