FONTE: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
Os gastos da população com
cigarros têm se mantido nos últimos anos e o peso dessas despesas no orçamento mensal
dos consumidores “é relevante”, disse o economista do
Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André
Braz.
No Dia Mundial sem Tabaco, comemorado no
último (31), o economista comentou as implicações do consumo de cigarro para o
orçamento doméstico. Segundo ele, os consumidores gastam com o cigarro o dobro
do que usam para comprar arroz e feijão. “1,20% da renda média é gasta com cigarro. É um número
representativo se se olhar o gasto com arroz e feijão, que é a metade disso, só
0,60%”, disse.
Segundo dados da Souza Cruz, em
2012, a empresa atingiu
74,9% do mercado brasileiro de cigarros, confirmando a primeira posição no
setor. No quarto trimestre a participação teve um crescimento de 1,2 ponto
percentual no ano, chegando à participação recorde na sua história, de 76.6%.
Ainda de acordo com a empresa, o lucro operacional ficou em R$ 2.37 bilhões,
que representa aumento de 9% em relação a 2011. O desempenho incluí os
resultados com exportação de tabaco, que no mesmo período de comparação,
conforme a companhia, teve crescimento de 106%.
O valor médio em reais dos
gastos dos consumidores, no entanto, não é calculado, segundo o economista da
FVG, porque varia conforme a quantidade de fumo por família e o número de
integrantes de cada uma.
André Braz explicou que os gastos sempre
tiveram peso relevante (acima de 1%), mas ficaram estáveis nos últimos dez anos
porque quem gosta de fumar não abre mão do cigarro. Braz esclareceu que, apesar
da queda no número de fumantes, o peso dos gastos permanece em destaque por
causa da elevação do preço do produto. “O governo implementou uma política de
aumento de imposto do produto para desestimular, então ainda que o número de
fumantes seja em menor grupo, sustenta o vício a um preço maior”, disse.
De acordo com dados do Instituto Nacional do
Câncer (Inca), na população com mais de 15 anos de idade, o consumo de cigarros
no Brasil caiu de 32 %, em 1989, para 17% em 2008. Os 17% correspondem a 25 milhões
de fumantes.
Para o pneumologista do Inca, Ricardo
Meirelles, a queda é resultado de um conjunto de ações do Programa Nacional de
Antitabagismo. “A conscientização da população sobre o tabagismo e as leis são
importantes. A lei que proíbe o fumo em ambiente fechado é importante porque
sensibiliza o fumante e o incentiva a parar de fumar. A gente nota que as
pessoas querem parar de fumar por que não têm mais liberdade de fumar como
antigamente.”
Para o pneumologista, o aumento no preço do
cigarro também influencia no combate ao vício. Citou também outros fatores: a
proibição de propaganda, as campanhas para que os jovens não comecem a fumar, o
aumento da oferta de assistência ao fumante na rede pública e, por último, a
proibição que as pessoas fumem em prédios públicos. O pneumologista citou
também as queixas crescentes das pessoas que dizem estar com a saúde
prejudicada pela convivência com os fumantes.
Na avaliação de Meirelles, é muito mais
econômico para o governo implementar um programa contra o tabagismo, mesmo
comprando os medicamentos, do que pagar o tratamento da doença causada pelo
vício. Ele explicou que o tratamento se baseia em duas formas.
“Primeiro – disse Meirelles - é preciso
entender que o tabagismo é dependência química. A nicotina é muito poderosa e
pode causar dependência química até maior que outras [substâncias].”
Observou também que há uma dependência
psicológica: o cigarro às vezes é encarado como uma forma de tranquilizar,
aliviar o estresse e aborrecimentos.
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