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FONTE: Cristina Indio do
Brasil/Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
A obesidade infantil
pode ser considerada uma epidemia no Brasil. A avaliação, feita à Agência
Brasil no dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida, é do psiquiatra
assistente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antônio Abub Torquato
Júnior. Pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
uma em cada três crianças entre 5 e 9 anos tem obesidade no país.
Para o pediatra, hematologista e
oncologista pediátrico do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo e do Instituto da
Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Taufi
Maluf Junior, a criança é considerada obesa quando tem massa corporal acima de
30. Ele informou que não adianta visar somente à criança, mas fazer uma
reeducação do ponto de vista alimentar na família inteira. “Tem que modificar
os hábitos de vida de toda a família. Então a primeira atitude a fazer diante de
uma criança com obesidade mórbida, é promover uma grande reestruturação da vida
familiar. Em alguns casos se usa medicamentos para controlar o apetite, mas na
realidade a base do tratamento é a reeducação alimentar”, explicou em
entrevista à Agência Brasil.
O médico disse que a obesidade
muito acentuada, chamada de mórbida, prejudica a capacidade respiratória da
criança e pode desenvolver algumas consequências metabólicas como aumento de
colesterol e surgimento de diabetes tipo 2. Ele explicou que não há estudos
suficientes que indiquem segurança na utilização de cirurgias bariátricas
em crianças com este tipo de doença. “Em crianças a gente não tem nenhuma
evidência de que o método seja seguro e que seja eficaz. A gente não tem meios
para poder avaliar e instituir este tipo de tratamento”, completou
Segundo Abub Torquato Júnior, a doença é
complexa e tem vários fatores que podem influenciar no seu desenvolvimento. “A
medicina ainda está entendendo como esses fatores se somam para causar a
obesidade. Porém a gente sabe que a obesidade pode ser influenciada, sim, por
muitos fatores psicossociais”, disse.
O psiquiatra informou que alguns
comportamentos podem apontar uma dificuldade da criança enfrentar a obesidade.
“Em geral, as crianças mais jovens expressam menos o sofrimento psíquico. Elas
não falam que estão sofrendo, que estão tristes. Normalmente expressam por meio
do comportamento. Perder o interesse por coisas que gostavam antes. Muitos
medos que ela não tinha mais começam a voltar”, ressaltou.
De acordo com o médico, “crianças
que têm muita ansiedade e recusam para ir à escola é um sinal para os pais que
algo não está legal”. Além disso, segundo ele, as alterações de sono, muitas
dores pelo corpo, de cabeça e
de barriga, os pais levam ao médico e não tem nada de errado, mas as dores
continuam, isso também é um indicativo de que a criança pode estar passando por
um sofrimento psíquico”, disse.
Para o psiquiatra, problemas psicológicos
nas crianças podem estar associados tanto às causas da obesidade infantil, como
ser uma consequência da doença. “As crianças obesas sofrem em relação à
adaptação social e na escola, e isso pode levar a uma série de sintomas
psíquicos e psiquiátricos”, completou.
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