FONTE: iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Danos cerebrais da exposição ao álcool na
adolescência persistem na vida adulta.
A exposição
sistemática ao álcool durante a adolescência pode causar mudanças de longo
prazo na região do cérebro que controla o aprendizado e a memória, de acordo
com pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. Os cientistas
usaram roedores como modelos para substituir os testes em seres humanos.
O estudo, publicado
em abril na revista Alcoholism: Clinical & Experimental Research, fornece
novas pistas de como a exposição ao álcool durante a adolescência – antes que o
cérebro esteja totalmente desenvolvido – pode resultar em anormalidades
celulares e sinápticas, que trazem efeitos prejudiciais e duradouros sobre o
comportamento.
A exposição
sistemática ao álcool durante a adolescência pode causar mudanças de longo
prazo na região do cérebro que controla o aprendizado e a memória, de acordo
com pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. Os cientistas
usaram roedores como modelos para substituir os testes em seres humanos.
O estudo, publicado
em abril na revista Alcoholism: Clinical & Experimental Research, fornece
novas pistas de como a exposição ao álcool durante a adolescência – antes que o
cérebro esteja totalmente desenvolvido – pode resultar em anormalidades
celulares e sinápticas, que trazem efeitos prejudiciais e duradouros sobre o
comportamento.
Mary-Louise e seus
colegas pesquisadores, incluindo o autor sênior, Scott Swartzwelder, professor
de psiquiatria e ciências comportamentais na Universidade de Duke, expuseram
periodicamente ratos jovens a um nível de álcool durante a adolescência que, em
seres humanos, resultaria em prejuízo, mas não em sedação. Depois disso, os
animais não foram mais expostos ao álcool e cresceram até a idade adulta, o
que, em ratos, acontece entre 24 e 29 dias.
Estudos anteriores
feitos pela equipe de pesquisadores mostraram que os animais adolescentes
expostos ao álcool se tornam adultos muito menos hábeis em tarefas de memória
do que os animais normais - mesmo sem exposição posterior ao álcool.
O que ainda não está
claro é como essas dificuldades se manifestam a nível celular na região do
cérebro conhecida como hipocampo, onde a memória e o aprendizado são
controlados.
Parar de aprender.
Usando pequenos
estímulos elétricos aplicados ao hipocampo, a equipe da Universidade de Duke
mediu o mecanismo celular conhecido por potenciação de longa duração, ou LTP,
na sigla em inglês, que nada mais é do que o fortalecimento das sinapses
cerebrais, já que elas são usadas ??para aprender novas tarefas ou evocar
memórias.
O aprendizado acontece
melhor quando essa atividade sináptica é suficientemente vigorosa para
construir sinais de transmissões fortes entre neurônios. O LTP é mais elevado
nos jovens, e uma aprendizagem efetiva é crucial para adolescentes adquirirem
grandes quantidades de novas memórias durante a transição para a vida adulta.
Os pesquisadores
esperavam encontrar a LTP anormalmente diminuída nos ratos adultos que foram
expostos ao álcool durante a adolescência. Surpreendentemente, no entanto, a
LTP foi, na verdade, hiperativa nesses animais, comparados aos que não foram
expostos ao álcool.
"À primeira
vista, você poderia pensar que os animais seriam mais inteligentes", disse
Swartzwelder, em comunicado. "Isso, porém, foi o oposto do que
encontramos. E realmente faz sentido porque se você produzir muito LTP em um
desses circuitos, chega um período de tempo em que você não pode produzir mais.
O circuito está saturado e os animais param de aprender. Para o aprendizado ser
eficiente, o cérebro precisa ter um delicado equilíbrio de excitação e
inibição”.
Imaturidade celular.
É importante
ressaltar que a anormalidade da LTP foi acompanhada por uma mudança estrutural
em células nervosas individuais. As pequenas saliências dos ramos das células,
conhecidas por espinhas dendríticas, apareceram finas e compridas, o que sugere
uma imaturidade celular. Quando estão maduras, são um pouco menores e se
parecem com cogumelos, proporcionando uma melhor comunicação de célula para
célula.
"Alguma coisa
acontece durante a exposição ao álcool na adolescência que muda a forma do
hipocampo e de outras regiões do cérebro, além de transformar a aparência das
células. Tanto a LTP como as espinhas dendríticas têm uma aparência imatura na
idade adulta", explica Swartzwelder.
Mary-Louise Risher
conta que essa imaturidade das células cerebrais pode estar associada à
imaturidade comportamental. Além das alterações no hipocampo, que afetam a
aprendizagem, os pesquisadores mostraram mudanças estruturais em outras regiões
do cérebro que controlam a impulsividade e as emoções.
Mary-Louise Risher
conta que essa imaturidade das células cerebrais pode estar associada à
imaturidade comportamental. Além das alterações no hipocampo, que afetam a
aprendizagem, os pesquisadores mostraram mudanças estruturais em outras regiões
do cérebro que controlam a impulsividade e as emoções.
"É bem possível
que o álcool perturbe o processo de amadurecimento, que pode afetar as funções
cognitivas mais tarde", disse ela. "Isso é algo que nós estamos
ansiosos para explorar em outros estudos em andamento."
Os pesquisadores
disseram que estudos adicionais focarão nos efeitos cognitivos do álcool a
longo prazo no cérebro, juntamente com alterações celulares adicionais.
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