FONTE: *** Jairo Bouer (doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Os hormônios
desempenham um papel importante para a tendência a enganar os outros ou adotar
comportamentos antiéticos, de acordo com uma pesquisa norte-americana.
Pesquisadores das
universidades de Harvard e do Texas, em Austin, decidiram investigar o papel da
testosterona, o hormônio masculino, e o cortisol, ligado ao estresse. Nos
últimos anos, vários estudos têm revelado como o sistema endócrino, que rege a
produção hormonal, têm influência sobre o comportamento humano.
A equipe, coordenada
pelo professor de psicologia Robert Josephs, pediu a 117 pessoas que
completassem um teste de matemática, checassem os resultados e informassem
quantas questões haviam acertado. Quanto mais respostas corretas, mais dinheiro
eles ganhariam.
A partir das análises
de saliva coletada antes e depois do teste, os pesquisadores perceberam que os
indivíduos com níveis elevados de testosterona e cortisol eram mais propensos a
exagerar no número de acertos relatados.
Níveis altos de
testosterona têm sido associados a um comportamento mais agressivo e ousado,
inclusive para investir no mercado financeiro. No contexto da ética, os autores
explicam que o hormônio elevado pode diminuir o medo da punição, ao mesmo tempo
em que aumenta a sensibilidade à recompensa.
Já o cortisol elevado
está associado a um estado de estresse crônico, e por isso funcionaria como uma
espécie de reforço para o comportamento antiético. Ou seja, enquanto a
testosterona alta aumenta a coragem para enganar os outros, o cortisol elevado
dá um motivo a mais para fazer isso: obter alívio contra o estresse.
Os pesquisadores
também contam que, após terem mentido sobre o número de respostas corretas, o
cortisol dos participantes diminuiu, mostrando que o comportamento gerou uma
espécie de alívio do estresse. Os autores explicam que isso está ligado à
sensação de recompensa ligada ao ganho de dinheiro.
Como isso poderia ser
corrigido? Pesquisas anteriores já mostraram que valorizar as recompensas
coletivas, em vez das individuais, pode ser útil para prevenir comportamentos
antiéticos. Já os níveis de cortisol podem ser reduzidos com práticas como
ioga, meditação e exercícios físicos. Esses recursos, segundo os autores, podem
ser bem mais eficientes do que a ameaça de punição.
Jairo Bouer é médico formado
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em
psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. A partir do seu trabalho no
Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP (Prosex), passou a focar
seu trabalho no estudo da sexualidade humana. Hoje é referência no Brasil, para
o grande público, quando o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a
dúvidas através de diferentes meios de comunicação.
Sobre o blog.
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões
sobre saúde, sexo e comportamento.
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