FONTE: Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Um estudo realizado
pela UCL (University College London) indica que a adolescência é a fase em que
a plasticidade cerebral é mais significativa. Por isso, os jovens possuiriam
como características uma melhor memória recente. Contudo, estariam mais
suscetíveis a pressões sociais e estresse e mais propensos ao uso de drogas.
Os pesquisadores
argumentam que os seres humanos sofrem mudanças no cérebro em resposta a
transformações do corpo e a experiências por que passam ao longo da vida. E se
o cérebro muda, o comportamento também é alterado. "Os adolescentes, por
exemplo, são muito mais hábeis do que as crianças para escolher o que querem
fazer e onde querem estar", diz Delia Fuhrmann, pesquisadora do Instituto
de Neurociência da University College London. As informações estão em
reportagem do site "Medical News Today".
Durante períodos mais
sensíveis, a plasticidade do cérebro é maior, fazendo com que o órgão
"espere" ser exposto a maiores estímulos. A adolescência é uma dessas
fases críticas. Para notar diferenças que evidenciam a ligação entre mudanças
no cérebro e mudanças no comportamento, basta perceber a quantidade de música
que um jovem entre 18 e 20 anos consegue memorizar em um curto período de tempo
em comparação com crianças ou adultos.
O estudo
feito pelo grupo de pesquisadores da UCL evidencia que, além da melhor formação
de memória recente, a adolescência é marcada pelo início de muitos transtornos
mentais, possivelmente desencadeados pela exposição a situações de estresse.
"Os adolescentes
demoram mais para esquecer experiências negativas", diz Fuhrmann.
"Isso pode significar que alguns tratamentos para distúrbios de ansiedade,
que são baseados na exposição controlada ao que provoca medo em um paciente,
podem ser menos eficazes em adolescentes e tratamentos alternativos podem ser
necessários", completa.
Por fim, os estudos
indicam que a maior propensão ao uso de drogas também possui explicação na
plasticidade cerebral do adolescente. Esta fase da vida seria de engajamento
maior em comportamentos de risco, tais como experiências com álcool e outras
drogas. Os adolescentes seriam mais influenciáveis em sua percepção sobre o que
é ou não é perigoso.
Memória e escola.
O caminho apontado
pelo estudo da UCL pode levar à criação de currículos escolares mais adequados
ao cérebro de cada fase da vida.
Os aspectos simples
de processamento de informações são formados durante a infância, enquanto a
memória mais complexa e auto-organizada ocorre na adolescência. Nessa fase,
regiões frontais do cérebro passam a ser utilizadas.
"A memória mais
complexa pode ser treinada em adolescentes, mas ainda não sabemos como esses
efeitos de formação cerebral diferem em cada faixa etária", diz Fuhrmann.
"Com pesquisas nessa área, poderíamos planejar currículos escolares de
acordo com o que seria mais indicado ensinar em cada período da vida da criança
e do adolescente".
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