FONTE: *** Tatiana Leite, TRIBUNA DA BAHIA.
Se por um lado, para muitos, o ciúme representa uma manifestação de amor, para outros ele também pode ser considerado um sentimento que produz angústia.
O ciúme
é um sentimento que, em maior ou menor intensidade, todos nós já experimentamos
um dia. Se por um lado, para muitos, o ciúme representa uma manifestação
de amor, para outros ele também pode ser considerado um sentimento que produz
angústia.
De uma
maneira ampla, podemos também considera-lo como uma manifestação normal das
pessoas em relação às outras. Ou seja, assim como é comum sentir inveja, medo,
luto, alegria, raiva e saudade. O ciúme faz parte das reações humanas.
Para
provocar uma reflexão sobre o tema, gostaria de propor alguns questionamentos.
Se esse sentimento é comum das relações humanas, por que os casais brigam
em decorrência do ciúme? Por que se separam por causa dele?
Entender
e responder essas perguntas é mais complexo do que se imagina. Nas relações
contemporâneas, onde se busca a liberdade, independência, satisfação pessoal e
individualidade, a ausência de ciúmes desponta como o novo ideal de amor.
No
entanto, no nosso conceito antigo de amor, temos elementos como: a promessa de
fidelidade, total entrega do outro e submissão dos desejos. No momento em que
esses dois mundos colidem, as regras se tornam contraditórias e impossíveis de
serem gerenciadas.
Assim,
o ciúme nasce quando sentimos que nosso parceiro não está conectado como
gostaríamos. Esse sentimento de apreensão, relacionado a possibilidade eminente
de sermos abandonados, rejeitados ou ainda traídos, faz com que o
relacionamento pareça ameaçado pela entrada de um terceiro, um rival.
Esse
medo, real ou imaginário, é frequentemente alimentado pela insegurança de que
irá aparecer outra pessoa mais atraente e interessante a qualquer momento.
As
pessoas ciumentas apresentam-se nos relacionamentos de forma ambivalente,
entre um misto de amor e desconfiança do seu parceiro. Elas tornam-se
perturbadas e obcecadas na busca por descobrir a infidelidade.
Não
constatando a traição sofrem, colocando em duvida suas próprias percepções da
realidade. É nesse momento que devemos avaliar alguns traços de personalidade
comuns nas pessoas ciumentas, como a timidez e a baixa autoestima.
Essas
características podem influenciar a maneira que o individuo ciumento enxerga
determinados acontecimentos, criando em sua cabeça uma ameaça real de perder
seu parceiro.
Para
ajudar essas pessoas e, consequentemente, resgatar um relacionamento
desgastado, é importante trabalharmos a questão da autoestima e a valorização
do eu.
Pois, a
pessoa que não consegue dar valor a si mesmo, desenvolve um sentimento forte de
que é possível que ela seja traída e abandonada a qualquer momento.
Em
outras palavras, o ciumento começa a duvidar de si mesmo e como o ciúme reside
na duvida, o paciente passa a alimentar outros sentimentos perigosos para a
saúde. Entre eles; o medo constante, a insegurança, a raiva, desespero e, até
mesmo, a depressão.
Esse
quadro de insegurança excessiva provoca um significativo prejuízo para o
relacionamento amoroso, levando a inúmeras brigas, discussões e acusações.
Elementos que desgastam a relação e que podem levar ao termino do
relacionamento.
É claro
que não podemos esquecer que, muitas vezes, o ciúme pode estar captando sinais
de que a relação não está indo bem, ou seja, que está prestes a fracassar.
Em
alguns casos, quando não encontramos os traços de personalidade ligados a baixa
autoestima e insegurança, o ciúme pode representar um sistema de defesa onde
o parceiro realmente está descompromissado com a relação.
Nesses
casos, sempre avalio o ciúme nas relações como um sinal de alerta, ou seja, uma
possibilidade de reflexão para recuperação do relacionamento, que pode estar
esgotado.
*** Tatiana Leite é terapeuta de casal e família com
especialização em Sexualidade Humana.
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