FONTE: Allegra Pitombo, doula e massoterapeuta, TRIBUNA DA BAHIA.
Texto publicado no site Feminino e Além, parceiro
da Tribuna da Bahia e do iG Bahia.
É um
órgão que eu sou A-PAI-XO-NA-DA!!! Sim, apaixonada, profunda admiradora, fã
incondicional. É com muito prazer que, em pleno dia das mulheres, estou
aqui para falar sobre um órgão só nossooo, o intenso e poderoso clitóris.
O
clitóris mede em torno de 8 centímetros, seu corpo fica sob o prepúcio, depois,
ele se curva e se divide em duas raízes longas, que se prolongam pelo osso
púbico.
Há dois
bulbos de tecido erétil que descem ao longo da vulva chamados pelos
especialistas de “bulbos do vestíbulo” que incham com o fluxo de sangue criando
uma zona particularmente erógena em volta da uretra e vagina.
Esse
órgão possui cerca de 8 mil terminações nervosas, quase o dobro do pênis, o que
muitas vezes faz com que seja incômodo o contato direto no clitóris em algumas
mulheres.
Com o
estimulo e o fluxo sanguíneo aumentado, essa região dobra de tamanho e
enrijece. Após o tão esperado orgasmo a musculatura não relaxa completamente e
por esse motivo as mulheres podem ter orgasmos múltiplos.
A vagina possui bem menos terminações
nervosas e por isso apenas cerca de 30% das mulheres tem orgasmo apenas com a
penetração – para todas as outras foquem no clitóris (hahahaha).
Recentemente
fui apresentada a um documentário que acredito ser necessário para todas as
pessoas, chama-se Clitóris – O Prazer Proibido. Assisti umas três vezes e a
cada vez ele me proporcionou uma reflexão mais profunda sobre o tema.
Eu sempre ouvi e li
sobre o machismo e toda essa dominação masculina durante todos esses anos e o
quanto a mulher foi reprimida, mas sempre de forma generalizada ou política.
Esse filme me fez enxergar outras formas de dominação e tem me feito pensar nas
muitas consequências disso.
A maioria das descrições sobre o clitóris nos livros de anatomia – os poucos que mencionam – são inadequadas ou até mesmo erradas. Por ser um órgão exclusivo para o prazer e só a mulher possuir foi alvo de muitas especulações por parte dos cientistas, médicos e pensadores.
Na tradição cristã os
prazeres da carne estão ligados à dor, na época da caça as bruxas um clitóris
grande era considerado uma marca do diabo, mas com o tempo a ciência, também
dominada por homens, substituiu as bestas e demônios por doenças e desvios.
No século 19 as lésbicas e ninfomaníacas eram consideradas doentes,
falavam que a masturbação causava icterícia, cegueira e que destruía o
equilíbrio mental das mulheres, além de levar a uma morte prematura. Alguns
anos depois um médico sugeriu a retirada do clitóris para a cura da histeria,
epilepsia e outras ditas formas de loucuras, esse medico foi contestado e
demitido, porém essa pratica permaneceu e centenas de mulheres foram mutiladas.
Não faz muito tempo que
a medicina orientava a retirada parcial do clitóris de mulheres que nasceram
com esse órgão hipertrofiado por problemas hormonais, um procedimento puramente
estético que era feito nessas mulheres quando crianças, sem o consentimento
delas, que levaram a consequências dolorosas físicas e psicológicas.
E então me vem à cabeça o quanto nós mulheres perdemos por deixarmos de
viver o que queremos, porque “não é atitude de mulher direita” ou por não
aceitarmos, pois fomos educadas para não aceitar? O quanto desconhecemos sobre
nós mesmas? O que perdemos e a que nos submetemos para nos enquadrar na
sociedade?
Fica a reflexão e o
desejo de que a cada dia cada mulher se liberte dos julgamentos, das armaduras,
medos e travas passados de geração em geração.
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