domingo, 13 de março de 2016

CLITÓRIS: TUDO QUE VOCÊ QUERIA SABER E SEMPRE TIVERAM VERGONHA DE CONTAR...

FONTE: Allegra Pitombo, doula e massoterapeuta, TRIBUNA DA BAHIA.


Texto publicado no site Feminino e Além, parceiro da Tribuna da Bahia e do iG Bahia.

É um órgão que eu sou A-PAI-XO-NA-DA!!! Sim, apaixonada, profunda admiradora, fã incondicional. É com muito prazer que, em pleno dia das mulheres, estou aqui para falar sobre um órgão só nossooo, o intenso e poderoso clitóris.
O clitóris mede em torno de 8 centímetros, seu corpo fica sob o prepúcio, depois, ele se curva e se divide em duas raízes longas, que se prolongam pelo osso púbico.
Há dois bulbos de tecido erétil que descem ao longo da vulva chamados pelos especialistas de “bulbos do vestíbulo” que incham com o fluxo de sangue criando uma zona particularmente erógena em volta da uretra e vagina. 
Esse órgão possui cerca de 8 mil terminações nervosas, quase o dobro do pênis, o que muitas vezes faz com que seja incômodo o contato direto no clitóris em algumas mulheres. 
Com o estimulo e o fluxo sanguíneo aumentado, essa região dobra de tamanho e enrijece. Após o tão esperado orgasmo a musculatura não relaxa completamente e por esse motivo as mulheres podem ter orgasmos múltiplos.


A vagina possui bem menos terminações nervosas e por isso apenas cerca de 30% das mulheres tem orgasmo apenas com a penetração – para todas as outras foquem no clitóris (hahahaha).


Recentemente fui apresentada a um documentário que acredito ser necessário para todas as pessoas, chama-se Clitóris – O Prazer Proibido. Assisti umas três vezes e a cada vez ele me proporcionou uma reflexão mais profunda sobre o tema.

Eu sempre ouvi e li sobre o machismo e toda essa dominação masculina durante todos esses anos e o quanto a mulher foi reprimida, mas sempre de forma generalizada ou política. Esse filme me fez enxergar outras formas de dominação e tem me feito pensar nas muitas consequências disso.

A maioria das descrições sobre o clitóris nos livros de anatomia – os poucos que mencionam – são inadequadas ou até mesmo erradas. Por ser um órgão exclusivo para o prazer e só a mulher possuir foi alvo de muitas especulações por parte dos cientistas, médicos e pensadores.
Na tradição cristã os prazeres da carne estão ligados à dor, na época da caça as bruxas um clitóris grande era considerado uma marca do diabo, mas com o tempo a ciência, também dominada por homens, substituiu as bestas e demônios por doenças e desvios.

No século 19 as lésbicas e ninfomaníacas eram consideradas doentes, falavam que a masturbação causava icterícia, cegueira e que destruía o equilíbrio mental das mulheres, além de levar a uma morte prematura. Alguns anos depois um médico sugeriu a retirada do clitóris para a cura da histeria, epilepsia e outras ditas formas de loucuras, esse medico foi contestado e demitido, porém essa pratica permaneceu e centenas de mulheres foram mutiladas.
Não faz muito tempo que a medicina orientava a retirada parcial do clitóris de mulheres que nasceram com esse órgão hipertrofiado por problemas hormonais, um procedimento puramente estético que era feito nessas mulheres quando crianças, sem o consentimento delas, que levaram a consequências dolorosas físicas e psicológicas.

E então me vem à cabeça o quanto nós mulheres perdemos por deixarmos de viver o que queremos, porque “não é atitude de mulher direita” ou por não aceitarmos, pois fomos educadas para não aceitar? O quanto desconhecemos sobre nós mesmas? O que perdemos e a que nos submetemos para nos enquadrar na sociedade? 

Fica a reflexão e o desejo de que a cada dia cada mulher se liberte dos julgamentos, das armaduras, medos e travas passados de geração em geração.

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