quarta-feira, 23 de março de 2016

SAIBA COMO O HORMÔNIO DO AMOR PROTEGE A SUA SAÚDE...

FONTE: Leonardo Aguiar, TRIBUNA DA BAHIA.


Publicado pelo Jolivi, site parceiro do Tribuna da Bahia.


Eu quero compartilhar como a minha blusa preferida, uma instituição para cegos e uma freira ajudaram meu corpo a produzir naturalmente o melhor hormônio protetor da minha saúde.
Blusa da Nasa.
Em 2015, fiz um curso de autoconhecimento e tive uma experiência muito interessante. Uma das tarefas do curso era escolher a peça de roupa que eu mais gostava e levar para a aula. Sem nem pensar muito, abri o armário e tirei uma camiseta velha. Mas, de fato, não tinha apreço por ela.
Aí. lembrei do meu amuleto da sorte. Talvez não tivesse pensado nele como uma vestimenta porque era justamente o que aquela blusa representava para mim: uma guinada na minha vida. 
Mas, se o dever de casa era para pegar algo de vestir que eu gostava muito, a escolha estava feita: levaria para aula meu casaco azul de neve, que me acompanhou durante minha viagem à NASA para discutir a medicina do futuro.
Chegando, quase tremi de nervoso quando o professor disse que aquela peça selecionada deveria ser ofertada à primeira pessoa que eu esbarrasse na rua, desde que fosse um desconhecido. Lá fui eu.
Encontrei um grupo de andarilhos e chamei o rapaz mais magrinho do grupo. Dei o casaco a ele, sem contar o quanto aquela blusa representava para mim. Recebi um dos abraços mais fortes de toda minha vida.
Ele partiu. Eu fiquei inundado de uma das substâncias mais poderosas para a saúde.

A turma de cegos.
Em 2013, eu conheci a ACEVALI, uma ONG que ajuda na reinserção dos deficientes visuais na sociedade, por meio de aulas de Braille, informática, locomoção, artesanato e esportes.
Eu e meus alunos de medicina da Universidade de Blumenau organizamos um trote solidário e vendamos alguns estudantes da turma para passarem um dia como cegos e viverem a experiência que o deficiente visual encontra no dia a dia.
Eram sempre dois alunos: um vendado e outro que era o guia. Decidimos fazer o trote solidário para beneficiar aquela instituição. Depois que a comunidade foi sensibilizada pela entrega dos alunos, conseguimos arrecadar R$ 44 mil reais para os diretores da ACEVALI. E, mais uma vez, eu e meus alunos fomos privilegiados de desfrutar o hormônio mais protetor da saúde.
A freira.
No começo do ano passado conheci a irmã Daiene. A freira me contou que tinha um sonho de criar um café dentro da Casa Santa Ana, local que abriga moradores de rua. O “espaço café” seria uma forma dos visitantes interagirem com os moradores da casa.
Essa história ficou na minha memória, e um belo dia surgiu a oportunidade de realizar esse projeto. Levei esse sonho da freira para o Curso de Arquitetura da Universidade de Blumenau e eles abraçaram a ideia.
O projeto ficou incrível e a comunidade se engajou fazendo doações. No início do segundo semestre o café foi inaugurado, servindo – a todos os colaboradores daquele sonho – doses cavalares de um complexo de moléculas que protege o coração e a depressão.

Como estas ações protegem a saúde?
Se você não consegue detectar o elo entre todas essas passagens e como elas protegem o corpo, eu te conto. Todas essas histórias têm em comum o alinhamento de propósito de várias pessoas ao redor da generosidade, doação e engajamento com a comunidade onde estão inseridos.
E a generosidade, amigo leitor, é um dos pontos de partida bem eficiente para liberar aocitocina, também chamada de hormônio do amor. Esta substância é tão importante para a proteção do corpo e da mente que, muitos cientistas inclusive, têm feito uso dela para tratar problemas aparentemente sem solução, entre eles dor crônica e depressão profunda.
As razões disso é que a ocitocina é produzida no cérebro, e faz com que todas as partes deste órgão sejam estimuladas na sua presença.

Analgésico bom para o coração. 
As pesquisas mostram ainda que este hormônio, liberado também durante a amamentação, relação sexual e namoro, é capaz de promover uma queda da pressão arterial, relaxamento do corpo e melhora da circulação sanguínea.
 Este comportamento reativo na presença da ocitocina seria protetor do sistema cardiovascular, prevenindo contra infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC´s ou derrames – popularmente chamando), por exemplo.
Mas o fato de induzir uma espécie de anestesia do sistema nervoso central, no entanto, é o que credita a este hormônio uma capacidade importante para ser uma arma natural contra a dor crônica, sem causa aparente e extremamente incapacitante. Esta condição é chamada na medicina de fibromialgia (já ouviu esta palavra em algum lugar, certo?).

Amor contra dor.
Estimativas da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo indicam que três em cada dez pessoas vivenciam ou já vivenciaram as sequelas da fibromialgia. Esta doença é de difícil diagnóstico, já que não existe um exame específico para detectá-la.
Para fechar o quadro, caracterizamos a fibromialgia quando a dor não é sequela de uma artrite, lesão muscular ou problema circulatório e mesmo assim ela persiste.
Um dos primeiros pesquisadores que passou a investigar a influência da ocitocina na melhora dos quadros de dor foi o médico Jorge Flechas, que atua na Flórida – nos Estados Unidos – na área de saúde familiar. 
Quando esteve no Brasil – há uns cinco anos atrás – para falar de seu projeto de pesquisa, Flechas afirmou qual foi o ponto de partida que o fez investigar o poder do hormônio do amor contra dor.
Segundo ele, foram as grávidas. Isso porque ele detectou que, mulheres enquadradas no critério de fibromialgia, paravam de sentir dor crônica após o parto e durante a amamentação.
Uma das hipóteses é que o aleitamento libera esta substância poderosa chamada ocitocina e fazia com que o cérebro voltasse a funcionar em normalidade.
José Alexandre Crippa, neurocientista da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto, também já fez declarações apaixonadas sobre o hormônio do amor.
Em um dos seus textos ele disse que: “As pessoas que são mais generosas, solidarias e altruístas têm melhor qualidade de vida, têm menores taxas de depressão e ansiedade, tendem a viver mais anos, e tendem a apresentar menores doenças ou condições medicas gerais”.
Ok, como conseguir?
Saber que a generosidade, a amamentação e a própria relação sexual são fontes de um hormônio poderoso contra dor não é a solução para todos os problemas. Até porque – se você pratica um ato de generosidade só pensando nos benefícios próprios que vai conseguir – isso deixa de ser, por consequência, generosidade em si.
Mas saber identificar a influência do hormônio da ocitocina – com o aval da ciência – é uma forma de mostrar o quanto as nossas atitudes são extremamente influentes em nosso quadro de dor, ora funcionando como gatilho dos sintomas doloridos, ora nos inundando de substâncias protetoras.
Isso fica também em evidência quando identificamos que uma das coisas mais nocivas e letais para o corpo é o excesso de estresse, que enferruja literalmente as nossas células em um processo chamado oxidação, e faz com que fiquemos inflamados. A dor, sabemos, é a voz da inflamação. E a ocitocina, tudo indica, um dos princípios da cura.

Além da autoajuda.
Sim! É evidente que praticar o bem – em um ciclo tipo “gentileza gera gentileza” – é uma arma importante para que o nosso corpo fique protegido e carregado de ocitocina. Mas a saúde natural – por meio da alimentação – também pode ajudar. Isto porque os alimentos também são antídotos para espantar o estresse e nos estimular, inclusive, a praticar o bem.
Isso é fisiológico e vai muito além da autoajuda. Então quais são as minhas recomendações de alimentos?
Cereais: eles têm farta quantidade de fibras e vitaminas essenciais, além de facilitarem a passagem do triptofano, substância essencial para a formação dos hormônios do bem-estar. Aposte nos grãos integrais e insira aveia na salada, por exemplo.

Ovo: ingerir uma unidade, de uma a duas vezes por semana, ajuda a manter o nível de triptofano no organismo. Considerado um alimento completo, tem vitaminas do Complexo B fundamentais para o bom funcionamento do cérebro.

Cacau: é ele quem dá toda a fama para o chocolate. Por isso, se for consumir o doce, prefira sempre os chocolates 75% ou mais de cacau. Um tablete por semana, pequeno, ajuda a dar energia – além de ter ação oxidante.

Banana: fruta ideal para substituir as barras de cereal. Além da vitamina B6, do magnésio e do potássio, ela também é rica em triptofano e por isso expulsa o estresse. Também contribui com vitamina B6, magnésio e potássio – nutrientes que estimulam a produção de serotonina e ajudam a diminuir ansiedade e irritação. A frutose (açúcar encontrado na fruta) chega rapidamente à corrente sanguínea e dá pique extra. Consuma uma banana todo dia.

Abacate: é rico em gorduras boas e magnésio – essenciais na síntese de serotonina – uma substância também fundamental para a geração de energia e o bem-estar. Não tenha medo da gordura dele, e inclua em saladas, como acompanhamento de carnes, ou mesmo no café da manhã.


Brócolis, couve e espinafre: fontes de ácido fólico e já existem estudos que mostram que a deficiência está associada à depressão e a outros transtornos de humor. O consumo diário é o indicado, mas caso não seja possível, tente ao menos 3 vezes por semana.

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