A lista de cuidados que os esportistas precisam ter com o
corpo é cada vez maior. Além de manter uma dieta equilibrada, estar sempre
hidratado e seguir rigorosamente os treinos, também é importante que os atletas
profissionais ou amadores cuidem da sua saúde bucal, pois ela interfere no
desempenho. Com base nisso, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) reconheceu
a odontologia do esporte como uma nova especialidade de atuação para os
cirurgiões-dentistas.
A nova especialidade surge com o intuito de investigar,
prevenir, tratar, reabilitar, proteger e compreender a influência das doenças
da cavidade bucal na performance dos esportistas. Para isso, os dentistas devem
levar em consideração as particularidades fisiológicas dos pacientes, as regras
e praxes de cada modalidade esportiva.
Tanto os atletas profissionais quanto os de final de
semana precisam estar atentos à higienização correta da boca para evitar
problemas de saúde bucal. Conforme os coordenadores do Laboratório de Pesquisa
em Odontologia do Esporte e Biomecânica da Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo (LAPOEBI USP) Reinaldo Brito e Dias (CROSP 12700) e
Neide Pena Coto (CROSP 40561), as bactérias presentes na cavidade oral podem
ser disseminadas pela corrente sanguínea, de forma que os microrganismos e seus
produtos tóxicos fixam-se em vários órgãos. A contaminação com essas bactérias
pode provocar, por exemplo, doenças cardíacas, respiratórias, articulares ou
comprometimento na recuperação de lesões musculares.
Além dos esportes de impacto, como lutas ou futebol
americano – nos quais o atleta está mais suscetível a pancadas que venham a
provocar fraturas nos dentes, mandíbula ou maxila –, outros esportes que
parecem menos nocivos, como a natação, também interferem na saúde bucal. Nadadores
profissionais estão constantemente expostos às mudanças de pH na cavidade oral
e isso os deixa mais vulneráveis a problemas como lesão cervical não cariosa e
hipersensibilidade.
Ao lidar com atletas profissionais, o professor da área
de saúde coletiva e epidemiologia da PUCPR Ernesto Josué Schmitt (CROPR 9437)
defende um tratamento multidisciplinar, com fisioterapeutas, médicos,
nutricionistas e dentistas, pois um procedimento mais complexo, como tratamento
de canal ou cirurgia ortognática, pode impactar no desempenho do atleta e
atrapalhar a rotina de treinos.
Cuidados com medicamentos.
Junto com as particularidades de cada modalidade
esportiva, existem também substâncias proibidas para os atletas. Na hora de
receitar medicamentos para dor ou anti-inflamatórios, por exemplo, os dentistas
precisam conhecer a listagem feita pela Agência Mundial Antidoping (WADA),
dominar a atuação dos medicamentos que recomendam e ter uma estreita relação
com a equipe médica que acompanha o atleta para garantir a segurança dele.
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