FONTE: Do UOL, Em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Você já ouviu aquela
frase: "quem tem amigos tem tudo"? Além de bons companheiros estarem
lá para os desabafos e risadas, ter mais amigos aumenta até a tolerância à dor,
segundo uma pesquisa divulgada pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. O
estudo foi publicado na Scientific Reports, na quinta-feira (28).
Para chegar a essa
conclusão, uma pesquisadora do Departamento de Psicologia Experimental,
Katerina Johnson, analisou como a rede de amigos pode influenciar no
funcionamento do cérebro.
"Eu estava
particularmente interessada em um produto químico no cérebro chamado de
endorfina. A endorfina é parte dos nossos circuitos de dor e prazer. Ao mesmo
tempo, ela é capaz de agir como analgésico natural e causar o sentimento de
prazer", afirmou Katerina.
A pesquisadora usou
então a tolerância à dor como uma forma de avaliar a atividade da endorfina no
cérebro. No início dos estudos, Katerina se baseou em teses anteriores que
sugerem que as interações sociais fazem com que a endorfina se conecte aos
receptores do cérebro e desencadeie emoções positivas."Essa atividade da
endorfina é a responsável por nos sentirmos bem quando encontramos nossos
amigos, então poderia também desencadear resistência à dor", explica.
Se a teoria estivesse
certa, as pessoas mais sociáveis e com maiores grupos de amigos teriam mais
tolerância à dor. E foi exatamente o que aconteceu. Acredite, as amizades podem
realmente ajudar a aguentar as dores.
Para fazer o teste,
diversos participantes preencheram um questionário sobre amigos mais íntimos
(aqueles que você faz questão de ver pelo menos uma vez por semana ou uma vez
por mês), além de responder perguntas sobre estilo de vida e personalidade.
Com os papéis
preenchidos, os participantes ficaram apoiados de costas em uma parede, com os
joelhos dobrados em 90º, como se estivessem sentados em uma cadeira imaginária.
E tinham de ficar nessa posição, suportando a dor e o desconforto, o máximo que
conseguissem. Aqueles com mais amigos suportaram a tarefa por mais tempo.
"Assim, nós
acreditamos no fato de que a endorfina tem um poderoso poder analgésico, mais
forte até do que a morfina", disse Katerina.
O estudo também
mostrou que o sistema de endorfina pode ser interrompido por distúrbios
psicológicos, como a depressão. "Isto pode ser parte da razão pela qual as
pessoas deprimidas frequentemente sofrem de falta de prazer e são socialmente
mais isoladas", afirmou a pesquisadora.
Pessoas estressadas e
'fitness' tendem a ter menos amigos.
Os resultados da
pesquisa sugeriram ainda que tanto pessoas mais ativas quanto aquelas com altos
níveis de estresse apresentaram maiores tendência a ter redes sociais menores.
"Isso pode ser
simplesmente por uma questão de tempo. Pessoas que passam mais tempo se
exercitando podem ter menos tempo para ver seus amigos."
Mas há uma explicação
mais interessante: uma vez que a atividade física e a atividade social promovem
a liberação de endorfina, talvez algumas pessoas usem os exercícios físicos
como um meio alternativo para conseguir alcançar sua cota de endorfina
necessária.
Já quando a questão é
o estresse, a pesquisa indica que maiores redes sociais ajudam as pessoas a
lidar melhor com o estresse. O estudo sugere ainda que a quantidade e a
qualidade das nossas relações sociais afetam a nossa saúde física e mental e
podem até ser fatos determinantes de quanto tempo vamos viver.
"Como uma
espécie, nós evoluímos para prosperar em um ambiente socialmente rico, mas
nesta era digital, as deficiências em nossas interações sociais podem ser um
dos fatores negligenciados, é preciso ficar atento", afirmou Katerina.
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