FONTE: , Gretchen Reynolds, (noticias.uol.com.br).
A ciência dos
exercícios está explorando incontáveis aspectos misteriosos, emocionantes e
poéticos da fisiologia e do desempenho humanos. Às vezes, porém, você gostaria
que lhe contassem como não machucar os pés. Um estudo novo maravilhosamente
prático faz isso, oferecendo provas confiáveis, testadas em campo, sobre como
prevenir as bolhas durante exercícios prolongados. "De nada", pode-se
dizer a qualquer um que esteja se preparando para correr uma maratona.
As bolhas são um dos
bichos-papões mais comuns da atividade física. Quase todos que treinam ou
competem regularmente em qualquer esporte já tiveram bolhas. Elas afligiriam
pelo menos 40% dos maratonistas e muitas vezes fazem os corredores abandonarem
um evento.
"As bolhas
acontecem com quase todos", disse o Dr. Grant S. Lipman, professor
auxiliar de medicina clínica da Universidade Stanford, que chefiou o novo
estudo.
As bolhas surgem
quando algo se esfrega repetidamente contra a pele. A fricção resultante faz as
camadas superiores da pele começarem a se separar uma da outra, produzindo uma
sensação de calor. Trata-se de um ponto quente, sinal de alerta de uma bolha
incipiente. Se a fricção continuar, um fluido preenche os espaços entre as
camadas de pele, formando a bolha.
As bolhas doem, como
muita gente sabe por experiência própria. Assim, as pessoas ativas tentaram
muitos métodos para evitá-las. Estudos antigos no pequeno campo da ciência que
estuda o problema constataram que, em geral, nenhum desses métodos funciona.
Por exemplo, aplicar
vaselina nos pés aumenta a fricção e a incidência das bolhas, segundo estudo de
1995. O mesmo pode ser dito de usar meias de algodão, passar loção misturada
com antiperspirante, grudar bandagem, tecido ou outro adesivo protetor
especializado nos pés.
Contudo, Lipman,
diretor do programa de Medicina de Áreas Remotas em Stanford e diretor médico
de várias ultramaratonas pelo mundo, tinha ouvido de ultramaratonistas que
envolver partes dos pés em fita de papel ajudava a evitar as bolhas.
Fita de papel.
A fita de papel é
justamente o que seu nome sugere, uma fita fina e barata feita de papel. Ela
pode ser encontrada praticamente em qualquer farmácia, vendida como
esparadrapo, e é um componente comum dos kits de primeiros-socorros. Ele é mais
fino do que as bandagens e deixa a pele respirar.
Lipman, no entanto,
sabia que os relatos de corredores felizes não constituem prova científica.
Assim, para o novo
estudo, publicado na semana passada em "The Clinical Journal of Sport
Medicine", ele procurou um grupo para quem as bolhas são quase
inevitáveis: ultramaratonistas e, especificamente, os participantes de uma
ultramaratona anual, exaustiva e em várias etapas por trechos de desertos da
Jordânia, Madagascar, Gobi e do Atacama.
Lipman e colegas
pediram a todos os corredores inscritos na competição de 2014 para usarem
esparadrapo nos pés para determinar se fazer isso realmente prevenia bolhas.
Quase todos os 130 atletas concordaram.
Pouco antes do começo
da primeira etapa, os corredores foram à barraca médica de Lipman e o
esparadrapo foi aplicado em seus pés. Corredores com histórico de bolhas, ou
seja, quase todos eles, mostraram aos pesquisadores os pontos mais propensos ao
desenvolvimento de bolhas no passado. Essas áreas – geralmente nos dedos –
foram cobertas com o esparadrapo. Se alguém ainda não tivesse sofrido com o
problema, os cientistas envolviam partes aleatórias dos pés.
Reduziu incidência em 40%.
Os pesquisadores
decidiram que as partes descobertas dos pés afetados de cada corredor serviriam
como controle. Se um corredor não tivesse bolhas ou se as bolhas surgissem
somente onde os pés não tiveram proteção, então se poderia dizer que a fita
funcionou.
Seis etapas e mais de
320 quilômetros depois, a maioria dos corredores desenvolvera pelo menos uma
bolha, mas a grande maioria dessas bolhas, quase 70%, ocorrera nas partes
desprotegidas dos pés. Pouquíssimas bolhas se formaram abaixo do esparadrapo.
No total, os
cientistas concluíram que o esparadrapo reduzia a incidência de bolhas em pelo
menos 40%, em um "efeito muito robusto", como escreveram.
Entretanto, havia
alguns probleminhas. Esparadrapo não é muito grudento e geralmente se solta
conforme o pé sua. A maioria dos corredores teve de colocá-lo várias vezes
durante as etapas da corrida, ou seja, eles tiveram de levar um rolo junto,
parar, descobrir os pés, passar novamente a fita e voltar a correr. Não se sabe
se os participantes de eventos únicos e mais curtos, como uma maratona,
precisariam reaplicar a proteção.
Segundo Lipman, pelo
lado positivo, o esparadrapo não gruda na bolha nem rasga a pele ou tecido
quando é removido, como acontece com as bandagens.
Todavia, a maioria
dos corredores envolvidos no estudo disse posteriormente que pretendia voltar a
usar a fita em novos eventos.
De acordo com
o pesquisador, para os leitores que pretendem passar esparadrapo para evitar
bolhas, o processo é simples. Corte ou rasgue uma tira estreita e envolva com
ela a parte do pé mais propensa a ter bolhas. Para a maioria das pessoas, dedos
e tornozelos são os pontos mais vulneráveis.
Ainda segundo ele, é
preciso usar o bom senso. Os tênis devem servir e não friccionar a pele. Nunca
utilize tênis novos para uma corrida, pois não se sabe se haverá fricção. E não
use meias de algodão nem cubra os pés com vaselina.
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