FONTE: Matheus Fortes, TRIBUNA DA BAHIA.
Uma projeção real para o mínimo dependerá de
muitos fatores, sobretudo de uma resolução da crise institucional que assola o
país.
O
Governo Federal propôs recentemente um aumento 7,5% no salário mínimo
brasileiro, que passaria dos atuais R$ 880 para R$ 946 a partir de janeiro de
2017. O salário serve de referência para mais de 48 milhões de brasileiros, e,
se confirmado, o novo valor, que está na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
do ano que vêm, poderia cobrir apenas a inflação do período, não havendo
aumento real do provento. No entanto, uma projeção real para o mínimo dependerá
de muitos fatores, sobretudo de uma resolução da crise institucional que assola
o país.
De
acordo com o economista Armando Avena, é inevitável esperar uma definição do
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Contudo, ele alerta que
um aumento sem mudança significativa na condução da economia, resultará em mais
déficits. “Com o PIB na ordem de 3,8% como está se prevendo, o aumento do
salário mínimo fatalmente significará mais desemprego, e mais dificuldade para
manutenção de empregos, sobretudo os de carteira assinada. Especialmente porque
incide-se aí as obrigações sociais, tal como FGTS e INSS”.
Embora pareça elevado, se comparado a 1992, quando houve o último processo de
impeachment de um presidente do Brasil – e quando o mínimo tinha valor
equivalente à R$ 373,70 –, Avena destaca que o salário mínimo continua a não
cobrir as necessidades básicas do trabalhador.
“Se
você incluir outros itens além da cesta básica, como melhor mobilidade,
educação, o salário teria que ser no mínimo o dobro do que está sendo pago
atualmente. A economia não agüenta essa modificação de imediato, contribuindo
sim com o aumento do desemprego. É preciso sim que ele seja maior, mas ele deve
estar calculado junto ao crescimento econômico”, avaliou Avena.
NOVIDADE.
Em contrapartida, a possível saída de Dilma para um eventual “governo Temer”,
já carrega naturalmente um otimismo do mercado, contribuindo para um equilíbrio
econômico que favorece à um salário mínimo com valor maior do que a ordem do
previsto. “Se for cumprido o Impeachment, o novo governo terá de três a quatro
meses de apoio incondicional até pela novidade, e será possível viabilizar um
crescimento econômico maior. A possibilidades de fazer coalizão são maiores, e
há também um ‘soluço de crescimento’ pois se reduz a incerteza econômica, tal
como já é percebido agora com a queda no dólar, e a alta na Bovespa”.
Essa
maior possibilidade para coalizões, segundo explica Avena, pode até mesmo
facilitar colocar em prática as medidas impopulares de ajuste fiscal, que são
necessárias para equilibrar as contas do governo. “Agora isso só acontecerá se
houver ministério com legitimidade e que não seja um governo do PMDB, mas de
todos os partidos. Em outras palavras, o governo terá que agir rápido, e
conseguir maioria imediata. Senão vai voltar tudo a mesma coisa e o país
continuará sangrando sua economia”, alertou.
Ainda
assim, naturalmente, um governo novo ele já vem com maiores probabilidades de
implantar uma política econômica mesmo sendo mais dura, segundo explica o
economista, já que traz mais esperança de que os problemas serão resolvidos.
Ainda assim ele destaca algo que independe da decisão sobre o impeachment.
“Tanto uma solução quanto a outra irão demandar tempo e principalmente
paciência da população”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário