segunda-feira, 18 de abril de 2016

IMPACTOS DO NOVO SALÁRIO MÍNIMO NA ECONOMIA...

FONTE: Matheus Fortes, TRIBUNA DA BAHIA.

Uma projeção real para o mínimo dependerá de muitos fatores, sobretudo de uma resolução da crise institucional que assola o país.

O Governo Federal propôs recentemente um aumento 7,5% no salário mínimo brasileiro, que passaria dos atuais R$ 880 para R$ 946 a partir de janeiro de 2017. O salário serve de referência para mais de 48 milhões de brasileiros, e, se confirmado, o novo valor, que está na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vêm, poderia cobrir apenas a inflação do período, não havendo aumento real do provento. No entanto, uma projeção real para o mínimo dependerá de muitos fatores, sobretudo de uma resolução da crise institucional que assola o país. 
De acordo com o economista Armando Avena, é inevitável esperar uma definição do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Contudo, ele alerta que um aumento sem mudança significativa na condução da economia, resultará em mais déficits. “Com o PIB na ordem de 3,8% como está se prevendo, o aumento do salário mínimo fatalmente significará mais desemprego, e mais dificuldade para manutenção de empregos, sobretudo os de carteira assinada. Especialmente porque incide-se aí as obrigações sociais, tal como FGTS e INSS”.
 O economista explica que, caso Dilma se mantenha no poder, ela terá obrigatoriamente que recuperar a maioria dos parlamentares no Congresso Nacional para que viabilizasse reformas fundamentais no governo – o que será um desafio como visto com as dificuldades que o governo tem tido desde o início de 2015, quando teve início a recente legislatura, para aprovar medidas de ajuste fiscal.
Embora pareça elevado, se comparado a 1992, quando houve o último processo de impeachment de um presidente do Brasil – e quando o mínimo tinha valor equivalente à R$ 373,70 –, Avena destaca que o salário mínimo continua a não cobrir as necessidades básicas do trabalhador. 
“Se você incluir outros itens além da cesta básica, como melhor mobilidade, educação, o salário teria que ser no mínimo o dobro do que está sendo pago atualmente. A economia não agüenta essa modificação de imediato, contribuindo sim com o aumento do desemprego. É preciso sim que ele seja maior, mas ele deve estar calculado junto ao crescimento econômico”, avaliou Avena.  
NOVIDADE.
Em contrapartida, a possível saída de Dilma para um eventual “governo Temer”, já carrega naturalmente um otimismo do mercado, contribuindo para um equilíbrio econômico que favorece à um salário mínimo com valor maior do que a ordem do previsto. “Se for cumprido o Impeachment, o novo governo terá de três a quatro meses de apoio incondicional até pela novidade, e será possível viabilizar um crescimento econômico maior. A possibilidades de fazer coalizão são maiores, e há também um ‘soluço de crescimento’ pois se reduz a incerteza econômica, tal como já é percebido agora com a queda no dólar, e a alta na Bovespa”. 
Essa maior possibilidade para coalizões, segundo explica Avena, pode até mesmo facilitar colocar em prática as medidas impopulares de ajuste fiscal, que são necessárias para equilibrar as contas do governo. “Agora isso só acontecerá se houver ministério com legitimidade e que não seja um governo do PMDB, mas de todos os partidos. Em outras palavras, o governo terá que agir rápido, e conseguir maioria imediata. Senão vai voltar tudo a mesma coisa e o país continuará sangrando sua economia”, alertou.

Ainda assim, naturalmente, um governo novo ele já vem com maiores probabilidades de implantar uma política econômica mesmo sendo mais dura, segundo explica o economista, já que traz mais esperança de que os problemas serão resolvidos. Ainda assim ele destaca algo que independe da decisão sobre o impeachment. “Tanto uma solução quanto a outra irão demandar tempo e principalmente paciência da população”. 

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