FOTO: Do UOL, (http://estilo.uol.com.br).
Um grupo de pesquisadores do “APC Microbiome
Institute”, da Universidade de Cork, na Irlanda, descobriu uma conexão
intrigante entre as bactérias que vivem no trato gastrointestinal e a
ansiedade. A relação entre o microbioma intestinal e os problemas ligados à
ansiedade não é novidade --estudos
já provaram esse vínculo anteriormente. Contudo, essa é a primeira vez que uma
pesquisa percebe como isso funciona.
O estudo, publicado no periódico “Microbiome”,
mostrou que os germes do intestino influenciam no funcionamento de uma molécula
específica chamada microRNA, ou miRNA, encontrada no cérebro. “Isso é
importante porque essas miRNAs podem afetar processos fisiológicos que são
fundamentais para o funcionamento do sistema nervoso central e outras regiões
do cérebro, como a amígdala cerebral e o córtex pré-frontal, ligados à
ansiedade e à depressão”, diz Gerard Clarke, autor do estudo.
Os cientistas foram capazes de identificar essa
conexão ao comparar o crescimento de ratos em meios sem germes com ratos em
meios normais. No ambiente sem bactérias, quase 135 miRNAs agiam de forma
diferente. Depois de adicionarem os micróbios de volta ao meio, os níveis da
molécula voltaram ao normal.
Uma oportunidade nova de
tratamento.
Os pesquisadores também repararam que diminuir a
quantidade de germes usando antibióticos afetou os níveis da miRNA no cérebro,
algo semelhante ao que aconteceu nos ratos expostos em ambientes sem bactérias.
A explicação ainda não está clara, mas a descoberta pode oferecer uma
alternativa aos tratamentos dos problemas relacionados à ansiedade. “Nosso
estudo sugere que alguns dos obstáculos que estavam atrapalhando a exploração
do potencial terapêutico das miRNAS podem ser esclarecidos por meio do
mapeamento dos germes intestinais”, explicou Clarke.
Talvez o estudo ajude em breve a tratar pessoas
com esses transtornos. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde
(OMS) divulgadas no início desse ano, 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno
de ansiedade e a depressão afeta 5,8% da população. Isso faz do Brasil o país
com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo e o quinto em
casos de depressão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário