O Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) começou a testar neste mês um novo modelo de
concessão de benefício. O plano é facilitar a concessão da aposentadoria por
idade para segurados que atingiram os requisitos necessários para receber o
benefício.
Essas
pessoas receberão uma carta do INSS comunicando que
já podem se aposentar. Se o beneficiário tiver interesse, basta ligar para o
telefone do INSS (135) e confirmar a aposentadoria. Isso acaba com o trabalho
de ir até uma agência do INSS só para fazer a confirmação.
Inicialmente,
foram enviadas cartas para cerca de 5.000 segurados. “A ideia é ir crescendo
paulatinamente, não fizemos muito barulho por conta disso, pois queremos
validar o modelo quando tivermos absoluta confiança de que é bom para o erário
e para o cidadão”, disse à VEJA o presidente do INSS, Leonardo Gadelha.
Para
que seja bom para o erário, segundo ele, é preciso ter certeza de que todas as
informações do banco de dados são confiáveis. “A convicção de que o cidadão é
quem diz ser, que trabalhou todo aquele tempo, com os vínculos comprovados e
tem as condições objetivas para se aposentar. Aí a gente envia a carta e diz
que se ele quiser pode ligar para o 135, confirmar algumas informações e o
benefício vai estar implementado no mês seguinte.”
Gadelha
diz que outros benefícios devem ter a mesma facilidade para serem concedidos,
caso do auxílio-maternidade e pensão por morte. “Existe uma experiência
envolvendo cartórios que permitirá que a gente saiba que uma criança nasceu no
dia tal, cidade tal, que a mãe tem condições de elegibilidade. Aí a gente vai
poder conceder o auxílio-maternidade sem que a mãe precise ir até uma agência
do INSS.”
O
presidente do INSS afirma que não dá para dizer quando essa facilidade será
implementada. Outro plano, um pouco mais complexo, é permitir a concessão da
aposentadoria por tempo de contribuição por esse modelo.
O
coordenador de Reconhecimento de Direitos do INSS, Moisés Oliveira Moreira, diz
que a resposta às cartas enviadas mostrou que o sistema conseguiu contar o
tempo de contribuição dos beneficiários. “Um dos eventos gerados foi o tempo
integral da pessoa. O sistema não gerou apenas a carência, mas tudo que estava
no cadastro. Estamos sendo bastante cautelosos, verificando toda as possíveis
nuances, o que pode dar errado.”
INSS Digital.
O
INSS vem adotando outras medidas para reduzir o tempo de espera das pessoas que
entram com pedido de aposentadoria. Uma delas é a distribuição de processos
entre agências saturados para outras de menor movimento. Para aposentadoria por
tempo de contribuição, a espera pode chegar a 165 dias.
“Se
tiver uma agência muita sobrecarregada em determinada região, posso enviar
processos eletronicamente para que a equipe de outra cidade faça análise dos
processos e dessa maneira equalizo a força de trabalho. Grande problema que
tenho hoje é sobrecarga nos grandes centros enquanto em algumas cidades do
interior tenho até gente ociosa”, afirma Gadelha.
Outra
iniciativa nesse segmento são parcerias com sindicatos e entidades civis, que
passam a recepcionar os documentos de quem pretende dar entrada na
aposentadoria. Hoje, esse processo inicial é feito em uma agência do INSS. Os
trabalhadores ligados às entidades conveniadas passam a dar entrada no próprio
sindicato ou organização.
“Aquela
primeira etapa, que muitas vezes era longa, demorada e cansativa para o
cidadão, e a gente admite que não é o ideal, passa a ser encurtada de maneira
bem significativa. Uma entidade passa a ter responsabilidade de receber o
requerimento, formatar e entregar para o INSS, o que traz bastante agilidade”,
diz o presidente do INSS.
Compliance.
Em
novembro, o INSS deve inaugurar sua primeira gerência-executiva de compliance.
“Teremos gerências executivas voltadas para prevenção de possíveis erros,
equívocos, otimização do sistema de monitoramento”, afirma Moreira.
Segundo
Gadelha, esse projeto fortalece a experiência de conceder benefícios por
telefone. “A gente precisa ter fidedignidade das informações, ter certeza de
que as informações são confiáveis. A gerência de compliance vai dar
conformidade aos processos.”
Revisão de benefícios.
O
presidente do INSS afirma que o órgão vem ampliando o combate à concessão de
benefícios fraudulentos por meio de revisões sistemáticas. A suspensão de
pagamentos equivocados, segundo ele, vem gerando economia ao governo.
Ele
cita o caso da revisão dos benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por
idade. Ao longo de dois anos, serão revisados os benefícios de 1,6 milhão de
segurados.
Segundo
Gadelha, a revisão já gerou 2 bilhões de reais em economia. A previsão é que ao
fim de dois anos, a redução seja de 15 bilhões de reais. “Não é só fraude, tem
desconhecimento, tem equívocos, tem má fá. É um pouco de tudo em um bolo só.”
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