As
terapias alternativas da ginecologia natural têm
atraído mulheres que desejam ter mais autonomia e conhecimento de seus próprios
corpos.
Uma
das práticas mais polêmicas é a limpeza uterina, a qual
promete amenizar traumas e problemas ginecológicos.
Entenda:
Por que é
preciso limpar o útero?
A ginecologia natural acredita que os desequilíbrios e doenças femininas
têm base emocional e energética. Para essa filosofia, o útero é o centro de
força da mulher que carrega todas as informações de vida, como traumas,
dificuldades e abusos.
Assim,
limpá-lo poderia beneficiar todas as mulheres, visto que o machismo que ainda
impera em parte da sociedade pode resultar em questões marcantes e traumáticas.
Quem pode
fazer?
Algumas
podem se beneficiar mais pela limpeza energética, como as que passaram por
violências de gênero, relacionamentos abusivos, término de relacionamento,
desequilíbrios ginecológicos ou as que queiram limpar crenças, energia
adquirida pelos ancestrais ou em relações sexuais.
Contraindicação.
Grávida
e lactantes não devem fazer a limpeza, já que ela deve ser feita em um período
tranquilo e alguns dos chás podem ser prejudiciais a essas mulheres.
Se a
região estiver machucada, é necessário buscar um médico antes de fazer o
tratamento.
Como é feita
a limpeza uterina?
Ervas que podem ser utilizadas: alho
e babosa.
Segundo
a naturóloga, fitoterapeuta e facilitadora em ginecologia natural Ana Carolina
Arruda, a limpeza uterina pode ser feita com várias
ervas, mas duas delas são mais populares: alho e babosa.
O
primeiro tem ação antimicrobiana e serve para limpezas carnais e físicas, como
no caso de quem foi abusada ou tem alguma doença ginecológica.
Já a
babosa é voltada para o lado espiritual, sendo indicada para quem deseja acabar
com crenças que barram a autonomia feminina, por exemplo.
"Não
há uma planta melhor do que a outra, cada uma tem sua função", explica a
facilitadora.
Limpeza dura um mês.
O
processo completo dura um mês e é iniciado na fase da lua nova ou no fim da
menstruação.
Ele
consiste em tomar chás e florais de Bach - cujas ervas são escolhidas de acordo
com o problema em questão - e introduzir lactobacilos e a erva principal no
canal vaginal.
"Como
o alho é antibiótico e pode prejudicar a flora vaginal [conjunto de
micro-organismos que vive em harmonia no canal], fazemos três dias de aplicação
interna de lactobacilos específicos misturados com alguns líquidos, que são
bactérias do bem. Depois, a mulher introduz o dente de alho descascado,
orgânico e lavado, amarrado a uma linha, por sete dias, sempre colocando à
noite e tirando pela manhã. Por fim, finaliza com mais três dias de
lactobacilos", explica.
Cuidados.
Durante
o procedimento, o consumo de alguns produtos é contraindicado, como açúcar,
álcool e tabaco, e relações sexuais com penetração não devem ser feitas nos
dias em que há uso de babosa ou alho na vagina.
Também
é recomendado ter um mês tranquilo e com menos eventos, visto que estes podem
prejudicar a conexão consigo mesma.
Acompanhamento necessário.
Como
se trata de um processo cercado de particularidades, segundo Ana Carolina, ele
pode trazer à tona questões psicológicas intensas: "Surgem muitas
intuições, emoções e memórias que devem ser anotadas e discutidas".
Para
isso, é indicado realizar a limpeza energética com
acompanhamento de uma especialista em ginecologia natural ou de um psicólogo.
Há alguns grupos no Facebook, como o Laboratório de Ginecologia Natural, em que estes profissionais podem ser encontrados.
Riscos.
A
ginecologista Barbara Murayama contraindica a introdução de ervas e outros
alimentos na vagina. De acordo com ela, eles podem causar infecções, lesões e
queimaduras que podem colocar o útero em risco.
"Isso
é uma coisa sem comprovação científica. As ervas têm de ser ingeridas oralmente
para gerarem benefícios", ressalta, afirmando que não há estudos acerca do
tema e, por isso, a eficácia não é conhecida.
A
facilitadora em ginecologia natural Ana Carolina Arruda reconhece alguns
riscos, mas de forma mais amena: "O alho é uma substância forte, então pode
provocar ardência ou coceira, que pode ser tanto física, irritando a parede da
vagina, quanto energética."
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