FONTE: Carlos Madeiro, Colaboração para o UOL, em Maceió, (http://noticias.uol.com.br).
Uma pesquisa inédita
do Greenpeace, divulgada nesta terça-feria (31), revela que 36% de alimentos
comuns à dieta do brasileiro e vendidos em três feiras livres de São Paulo e Brasília
contêm resíduos de agrotóxicos proibidos ou acima do limite. O levantamento foi
feito entre os dias 11 e 13 de setembro com alimentos comprados nas centrais de
abastecimento do São Paulo e Brasília e na zona cerealista de São Paulo.
Os alimentos comprados
para a pesquisa foram: arroz branco, arroz integral, feijão preto,
feijão carioca, mamão formosa, tomate, couve, pimentão verde, laranja, banana
nanica, banana prata e café.
Os 12 itens foram
comprados nas feiras e as amostras enviadas ao Laboratório de Resíduos de
Pesticidas do Instituto Biológico de São Paulo, ligado ao governo do Estado.
"Os resultados são preocupantes", diz o estudo, citando que os
resíduos ilegais incluem "agrotóxicos não permitidos para determinadas
culturas e casos em que foram encontrados limites acima dos máximos estipulados
por lei".
Ao todo foram
testados 113 quilos de alimentos, que foram divididos em 50 amostras
diferentes. Dessas amostras, 30 (60%) continham resíduos de agrotóxicos --o que
não significa irregular. Em 18 amostras, havia ou quantidade acima do permitido
de agrotóxico ou produto não permitido para aquele tipo de cultura.
Em 17 amostras, foi
observada a presença de mais de um tipo de agrotóxico.
Em três das quatro
amostras de mamão, por exemplo, tinham quatro tipos diferentes de resíduos.
"Uma delas apresentou um pesticida não permitido para o mamão, a
famoxadona, e um outro resíduo em níveis muito acima (nove vezes) do permitido,
o difenoconazol.".
Em duas amostras de
pimentão, uma de São Paulo e uma de Brasília, foram encontrados sete tipos de
resíduos, incluindo agrotóxicos proibidos para esse alimento.
"A presença de
mais de um agrotóxico agrega uma preocupação a mais para a saúde das pessoas
por conta do chamado 'efeito coquetel', ou seja, a possibilidade de interação
entre os produtos gerando efeitos que não são investigados pelas autoridades
durante o registro", diz o estudo.
De acordo
com a pesquisadora Karen
Friedrich, da Fiocruz, o consumo de agrotóxicos
causa, entre outros problemas, alterações hormonais, comprometimento da
tireoide, dos hormônios sexuais e até câncer.
Resultado esperado.
Apesar do campo de
pesquisa ser restrito, para o Greenpeace não há dúvida que o cenário é
semelhante em todas as demais feiras e mercados do país.
Segundo a engenheira
agrônoma Marina Lacorte, integrante da campanha de agricultura e alimentação do
Greenpeace, os dados encontrados já eram esperados por conta de outros dados já
publicados. "Os dados foram bem parecidos com o que o programa
da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) vem encontrando. Mais da metade do que a gente come tem
resíduo", explica.
Quem deveria fiscalizar?
Anvisa: É a
responsável por analisar se a quantidade de agrotóxico presente no alimento é
tóxico para o organismo humano.
Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento: deve fiscalizar estabelecimentos
comerciais que produzem, importam ou exportam agrotóxicos.
Ibama e Ministério do
Meio Ambiente: deve garantir que os agrotóxicos usados na agricultura não
causem problemas ao ambiente, como rios e matas nativas.
O que fazer?
- Lavar os alimentos
com água em abundância e retirar a casca --o que não tira todo o agrotóxico.
- Vinagre ou cloro para alimentos matam os micro-organismos.
- A melhor saída é conhecer a procedência dos alimentos e/ou comprar produtos orgânicos.
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