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Ex-bispos serão julgados por participação em assassinato de menino, em
2001.
A Justiça baiana determinou na terça-feira (24) que seja marcado o
julgamento dos ex-bispos da Igreja Universal do Reino de Deus Fernando
Aparecido da Silva e Joel Miranda. Eles são acusados de participar do
assassinato do adolescente Lucas Terra, morto em março de 2001, na época com 14
anos.
Segundo o advogado Daniel Keller, que representa a família da vítima, a
data em que os dois irão a júri popular ainda não foi definida. “A defesa dos
acusados apresentou recursos e estava aguardando que eles fossem julgados para
que o júri fosse marcado. Argumentei que não havia necessidade de esperar,
porque os recursos apresentados não interferem na realização do julgamento, o
que foi aceito pela Justiça. Ou seja, foi dada a autorização para que o
julgamento seja marcado”, afirmou o advogado.
Lucas
frequentava a igreja Universal do Rio Vermelho, em Salvador, quando foi morto.
De acordo com o relato do ex-pastor Silvio Roberto Galiza, o adolescente teria
flagrado Fernando e Joel fazendo sexo dentro da igreja e esse teria sido o
motivo do assassinato. Galiza matou o adolescente e acusou os ex-bispos de
participação no crime.
Lucas
foi abusado sexualmente e queimado vivo. O corpo dele foi encontrado
carbonizado em um terreno abandonado na Avenida Vasco da Gama. Galiza foi preso
e condenado a 18 anos em regime fechado pelo estupro e assassinato do garoto,
mas teve a pena reduzida para 15 anos de detenção em setembro de 2008.
Quase
quatro anos depois, em julho de 2012, ele teve o pedido de progressão de regime
semiaberto para aberto aceito pela Justiça, e passou a poder sair da prisão
durante o dia.
Em
novembro de 2013, a juíza Gelzi Almeida havia inocentado os ex-bispos Fernando
e Joel. Ela argumentou que não foram detectados indícios suficientes de autoria
ou participação dos dois ex-pastores no crime e as provas acusavam apenas o
ex-pastor Silvo Galiza. A família de Lucas recorreu e, em setembro de 2015, o
Recurso de Apelação foi julgado pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
Os
desembargadores decidiram, por unanimidade, que os dois religiosos fossem a
juri popular. Foi então a vez de a defesa dos ex-bispos recorrer. Em abril
deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido feito pela
defesa dos ex-bispos e confirmou a decisão dos desembargadores, para que os
dois fossem levados a júri popular. O STJ também determinou que o caso voltasse
para a primeira instância, no caso, o TJ-BA.
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