FONTE: Agência Brasil, (http://www.correio24horas.com.br).
Infecções
por sífilis congênita (transmitida da mãe para o bebê) subiram 4,7%.
Os casos de sífilis adquirida (em adultos) tiveram
aumento de 27,9% de 2015 para 2016 no Brasil. Os dados são do boletim
epidemiológico de 2017, divulgado hoje (31) pelo Ministério da Saúde. Entre as
gestantes, o crescimento dos casos foi de 14,7%. As infecções por sífilis
congênita (transmitida da mãe para o bebê) subiram 4,7%.
Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, as causas
para o aumento da doença são o desabastecimento de penicilina (medicamento mais
eficaz contra a doença) e o aumento dos diagnósticos, com a distribuição de
testes rápidos na rede de saúde. “A tendência é de, com o aumento da testagem,
aumentar os casos identificados e permitir ao sistema de saúde tratar essas
pessoas e diminuir a transmissão de mãe para filho”, afirmou.
Em
2016, o Ministério da Saúde identificou uma epidemia de sífilis no país. “Hoje
temos uma situação controlada porque temos à disposição medicamentos. Os
números não são o que gostaríamos, mas estamos em condições de reduzir esses
índices e resolver os casos da doença”, avaliou Barros.
Apesar
de essencial para o controle da transmissão vertical da sífilis, a penicilina
benzatina apresenta, desde 2014, um quadro de desabastecimento em diversos
países devido à falta de matéria-prima para a produção. Segundo o Ministério da
Saúde, apesar de a responsabilidade pela compra do medicamento ser de estados e
municípios, em 2016, o governo brasileiro concentrou a aquisição em caráter
emergencial para o tratamento de grávidas e seus parceiros.
Barros
explicou que o ministério também aumentou o valor máximo de compra do
medicamento, que antes era inferior ao custo de produção. Com isso, o problema
do abastecimento foi resolvido, inclusive com produção nacional.
Sífilis congênita.
Todos
os tipos de sífilis são de notificação obrigatória no país há pelo menos cinco
anos. Entre 2010 e 2016, a taxa de incidência de sífilis congênita e a taxa de
detecção de sífilis em gestantes aumentaram cerca de três vezes, passando,
respectivamente, de 2,4 para 6,8 por mil nascidos vivos e de 3,5 para 12,4
casos por cada mil nascidos vivos. A sífilis adquirida, que teve sua
notificação compulsória implantada em 2010, teve sua taxa de detecção aumentada
de 2 para 42,5 casos por 100 mil habitantes.
Para
a diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Doenças
Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, Adele Benzaken,
o aumento nos índices significa uma melhora na identificação da doença. “Essa
questão de aumento quer dizer que a cobertura da testagem está aumentando,
estamos conseguindo chamar os parceiros das gestantes. Se estamos testando as
pessoas, estamos tratando as gestantes e evitando a sífilis congênita”,
declarou.
O
novo boletim aponta que 37% das mulheres grávidas com sífilis conseguiram
realizar o diagnóstico precocemente. A identificação ainda no primeiro
trimestre da gestação e o tratamento adequado impedem a transmissão da doença
da mãe para o bebê. Entretanto, segundo Adele, muitas mulheres iniciam o
pré-natal tardiamente, então há um prejuízo nesse diagnóstico.
Para
alcançar a meta de eliminação da mortalidade por sífilis congênita estabelecida
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil deve reduzir da taxa atual de
6,8 por mil nascidos vivos para um índice menor ou igual a 0,5 por mil. “Isso é
possível em um curto prazo, porque a sífilis é facilmente detectada e
facilmente tratada. Tendo o teste rápido e tendo a penicilina, é possível
alcançar a eliminação”, disse Adele.
Segundo
o boletim epidemiológico, apenas os estados de Pernambuco, Tocantins, Ceará,
Sergipe, Piauí e Rio Grande do Norte apresentam taxas de incidência de sífilis
congênita mais elevadas que as taxas de detecção da doença em gestantes, o que
remete a possíveis deficiências no diagnóstico precoce e notificação equivocada
dos casos de grávidas.
Medidas adotadas.
Para
conter o avanço da sífilis no país, Ministério da Saúde, estados e municípios
vão intensificar ações de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. A
estratégia, chamada de Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção, vai
destinar R$ 200 milhões para as 100 cidades que concentram 60% dos
casos da doença. O plano concentra ações em quatro eixos: diagnóstico;
vigilância da transmissão; tratamento; e pesquisa e comunicação.
Em
relação à compra centralizada do medicamento, o Ministério da Saúde destinou R$
13,5 milhões para a aquisição de 2,5 milhões de ampolas de penicilina
benzatina, para o tratamento da sífilis adquirida e em gestantes, além de 450
mil ampolas da penicilina cristalina, para uso em bebês. A quantidade garantirá
o abastecimento da rede pública até 2019.
Na
ampliação e qualificação do diagnóstico, uma das ações do plano é o aumento da
testagem, principalmente nas grávidas. Neste ano, até setembro, o Ministério da
Saúde enviou mais de 6,3 milhões de testes de sífilis, crescimento de 33,7% em
relação a 2016 (4,7 milhões).
Campanha nacional.
Para
incentivar a testes em grávidas e seus parceiros sexuais, o Ministério da Saúde
lançou uma nova campanha que será veiculada na internet, com os slogans “Faça o
teste de sífilis, proteja o seu futuro” e “Faça o teste de sífilis, proteja o
seu futuro e de seu filho”. O público-alvo são os jovens até 35 anos, casais e
gestantes. O objetivo é alertar para a importância do diagnóstico precoce, que
possibilita o tratamento adequado e diminuição da mortalidade em bebês.
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