FONTE: Amanda Serra, Do UOL, em São Paulo, (http://estilo.uol.com.br).
Ainda que a fratura peniana seja incomum, ela pode
ocorrer e na maioria dos casos requer cirurgia e repouso sexual de quatro a
seis semanas. Cerca de 80%
das rupturas ocorrem durante as relações sexuais, principalmente, quando a mulher
está por cima do parceiro e os mais afetados costumam ser homens na faixa
etária dos 36 anos. Os dados são de uma pesquisa publicada em setembro e
realizada pelo departamento de Urologia de Torino, na Itália, em parceria com o
Instituto de Urologia da Universidade do Hospital de Londres. O material também
obteve a revisão do médico coordenador do departamento de Andrologia e Medicina
Sexual da Sociedade Brasileira de Urologia, Eduardo Bertero.
Há cerca de dois anos, Matheus*, 34 anos, fraturou o pênis enquanto transava com sua
mulher e por causa da demora em procurar um médico precisou desembolsar cerca
de R$ 1 mil com pomadas, injeções e medicamentos para evitar que o órgão
ficasse permanentemente torto. “Estávamos em uma sequência de movimentos com
ela por cima e na empolgação, ao levantar o meu quadril também, senti que meu
pênis tinha entortado. Rolou uma dor, mas ainda conseguimos continuar.
Parecia estar tudo bem, apesar da dor que sentia quando tinha ereção, mas uma semana depois notei um tipo de um caroço do lado esquerdo e resolvi marcar um urologista. Na consulta, descobri que tinha sofrido uma fratura e por causa da demora a ferida tinha desenvolvido uma fibrose (acúmulo de tecido de cicatrização). Durante três meses precisei tomar vitaminas, usar cremes cicatrizantes, além de injeções e alguns outros remédios manipulados para tratar a curvatura que a pancada provocou na cabeça do meu membro.
Parecia estar tudo bem, apesar da dor que sentia quando tinha ereção, mas uma semana depois notei um tipo de um caroço do lado esquerdo e resolvi marcar um urologista. Na consulta, descobri que tinha sofrido uma fratura e por causa da demora a ferida tinha desenvolvido uma fibrose (acúmulo de tecido de cicatrização). Durante três meses precisei tomar vitaminas, usar cremes cicatrizantes, além de injeções e alguns outros remédios manipulados para tratar a curvatura que a pancada provocou na cabeça do meu membro.
Também precisei fazer ultrassom. Ainda não terminei
o tratamento e devo voltar ao consultório em breve. Toda vez que meu pênis fica
ereto dói muito, parece que vai explodir e fazer sexo nessas horas, por
incrível que pareça, alivia muito”.
Casos como o de Matheus pedem atenção e devem
ser tratados imediatamente ou com um intervalo máximo de 48 horas, garantindo
assim a recuperação. “Os resultados de tratamentos clínicos para melhorar a
curvatura, por exemplo, são medianos. Na maioria dos casos, a cirurgia peniana
é a mais indicada. No entanto, ela precisa ser realizada rapidamente e não
posteriormente. Conforme o tempo de espera, o processo inflamatório e de
própria cicatrização do corpo acabam impossibilitando a operação”, explica o
urologista do Hospital Albert Einstein e do Hospital das Clínicas, Leonardo Borges.
Ainda de acordo com o médico, o paciente que é
submetido a cirurgia peniana logo após a ruptura tem cerca de 90% de
chances de manter a potência sexual no futuro, além de evitar um possível
"entortamento" ou deformidades. Os que demoraram a buscar ajuda
têm 50% de chance de terem disfunção erétil a longo prazo. “Existe um certo
tabu por parte dos homens em procurar um urologista, até por isso os índices de
incidência são baixos, mas é bom lembrar que a ajuda médica é o que garante
sucesso e rapidez na reabilitação. Observou que teve um estalo, o pênis inchou,
sentiu dor, percebeu algum hematoma? Vá ao médico”, aconselha Borges.
“Achei que ia morrer sem pinto”.
A ruptura nem sempre se dá apenas por um estalo ou
uma dor, a cena pode ser uma pouco mais assustadora, com direito a sangue
jorrando do pênis. Como aconteceu com Igor*, 20 anos.
“Estava transando com o meu namorado, quando cortou
e começou a sair muito sangue. Fiquei sem força e cheguei até a desmaiar.
Sentia tanta dor. Foi horrível! Meu parceiro não sabia o que fazer e fomos para
o hospital, o médico explicou que tinha desgastado e rompido uma das peles do
músculo, talvez pela força ou falta de lubrificação suficiente. Foram dois
meses de muito sofrimento, inclusive, tinha que me controlar para não ter
nenhuma ereção porque, se eu tivesse, doía bastante.
No pronto-socorro, o sangue foi parando
naturalmente, afinal, não tinha como costurar. Foi tudo muito constrangedor e
desesperador. Achei que fosse morrer sem pinto”, lembra o assessor de imprensa,
que não precisou passar por uma cirurgia, mas usou medicamentos durante algum
tempo.
Apesar do órgão masculino não ter ossos, e sim
músculos, dependendo da tensão durante a relação sexual pode ocorrer o
rompimento da túnica albugínea - corpos cavernosos responsáveis pelo
revestimento do aparelho sexual.“É como se fosse uma bexiga estourando,
provocando a ruptura de uma estrutura e ocorrendo o extravasamento de sangue”,
explica Leonardo Borges.
Quais cuidados devo tomar na hora
H?
De acordo com um estudo da International
Journal of Impotence Research, 41% das fraturas penianas ocorrem na famosa
posição “cachorrinho”, também conhecida como “de quatro” (como o segundo
relato), acompanhada pela “pai e mamãe” com 25% e seguida pela mulher por
cima - tanto de frente quanto de costas para o parceiro.
Os médicos ouvidos pelo UOL garantem que a
"mulher por cima do parceiro" (primeiro caso) ainda é a posição
sexual de maior periculosidade pelo menos no Brasil.
E por quê? Os motivos são variados e estão
relacionados com a intensidade dos movimentos realizados; possível desgaste de
uma das camadas do pênis devido a potência utilizada; curvatura excessiva do
órgão fazendo com que ele dobre facilmente; dificuldade de penetração; excesso
de peso; falta de lubrificação suficiente ou caminho errado – dificuldade de
acertar a passagem no “entra e sai” e bater no períneo, coxa, quadril, vulva,
bumbum ou algum outro local.
“É importante lembrar que para ocorrer a fratura
peniana o pênis precisa estar ereto. Uma vez atendi um paciente que teve
ruptura na despedida de solteiro, em uma casa de massagem, e precisou de quatro
semanas de repouso sexual. Com medo da noiva descobrir, ele disse que tinha
machucado em uma partida de futebol. Na época questionei: ‘sua noiva não é
médica, né’?”, lembra o urologista Eduardo Bertero.
Pode acontecer dormindo?
Sim, pois como o homem costuma entrar em estado de
ereção durante o sono pode acontecer dele rolar ou mudar de posição e assim
dobrar o pênis.
Fratura peniana no canal da
uretra?
Essa é um pouco mais grave e também mais rara, mas
pode acontecer. Geralmente, ela é ocasionada por causa de uma curvatura mais
brusca do membro, atingindo assim o canal da uretra. É necessário intervenção
cirúrgica.
*Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados.
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