quarta-feira, 4 de outubro de 2017

"MEU MARIDO ME TRAIU E HOJE VIVO UM POLIAMOR COM ELE A AMANTE"...

FONTE: Daniela Carasco, do UOL, em São Paulo, (http://estilo.uol.com.br).



A paulista Mariana*, 31 anos, viu sua vida virar do avesso ao descobrir a traição do marido. A relação entrou em crise depois da gravidez inesperada do segundo filho. Depressiva e mergulhada em seu próprio sofrimento, ela foi atrás da amante. A afinidade entre as duas virou paixão. Hoje, elas e ele vivem felizes um poliamor

Leia o relato:

"Conheci Carlos* aos 20 anos. Ela era primo de um ex. Nosso namoro era tão intenso que, em seis meses, já estávamos dividindo a mesma casa.

Sempre fomos muito liberais. Logo no início da relação, fizemos um acordo que nos permitia ficar com outras pessoas, desde que o outro consentisse. Sou bissexual e me vali do nosso combinado para conhecer outras mulheres. Cheguei a sair com quatro moças. Nossa ideia era encontrar uma que topasse viver um trisal com a gente.

Passados três anos, as coisas começaram a mudar. Recebi a notícia que estava à espera do nosso primeiro filho. O crescimento da nossa família nos estimulou até a subir ao altar e oficializar a união.

Minha vida virou do avesso na segunda gravidez.

Tudo ia muito bem até 2014, quando me vi imersa em um processo de transformação pessoal. Engravidei do nosso segundo filho. A gestação não foi planejada. E isso gerou uma rejeição imediata por parte do Carlos.

Sou estudante de astrologia e sabia que esse seria um momento de mudanças. Ao completar 27 anos, as pessoas entram em no chamado retorno de Saturno. Na prática, é um período marcado por transformações pessoais. Ao ler o meu mapa astral, descobri que, se quisesse proteger meus filhos e meu casamento, teria que quebrar barreiras e encontrar um equilíbrio.

O nascimento do caçula, que deveria ser um momento de alegria, trouxe muito sofrimento e problemas para o meu casamento. Infeliz na relação, meu marido começou a me trair. Encontros casuais fora da relação nunca foram um problema, mas mentir, sim.

Entrei em depressão.

Emagreci 16 kg de tanto sofrimento. Chorava todos os dias, não tinha forças nem para cuidar do meu filho recém-nascido. Obcecada e já doente, comecei uma verdadeira investigação para descobrir todos os detalhes daquela traição.

Consegui a senha de celular dele, coloquei escuta no carro, olhei chamada por chamada na conta telefônica e, finalmente, cheguei ao nome, endereço e telefone da amante. Não pensei duas vezes antes de ligar para ela e tentar tirar toda a verdade. Mesmo diante das evidências, os dois negaram. Entrei na terapia e esperei seis meses até a verdade vir à tona. Senti um alívio enorme ao descobrir tudo.

Decidi me separar.

Durante um mês, vivemos entre idas e vindas. Toda aquela situação começou a prejudicar meus filhos. Era a hora de romper definitivamente com meu marido. A separação o fez assumir imediatamente um relacionamento com a outra mulher.

Separada e completamente sem rumo, ainda tive que continuar morando na casa que havíamos construído no terreno da minha sogra. Eu o encontrava todos os dias.

O ciclo de coisas ruins só terminou um dia depois do meu aniversário de 28 anos. A nova namorada de Carlos queria conhecer nossos filhos. Tudo foi acertado por meio de um telefonema. A conversa foi muito tranquila e marcamos de nos encontrar pessoalmente dali a uma semana. Eu queria ver a responsável por ocasionar toda essa história.

Combinamos um encontro a três.

A conversa foi em um shopping e a afinidade, imediata. Carlos sempre me disse que éramos parecidas. E ele tinha razão. Além de amar o mesmo homem, nós duas éramos contadoras e tínhamos gostos em comum. Eram muitas coincidências.

Dias depois, marcamos um passeio em família. Nós três e os meninos. Digo família, pois foi isso o que nos tornamos. Em 12 dias, já estávamos os cinco dividindo a mesma casa. No dia 30 de setembro de 2015, assumimos uma união poliafetiva. Me apaixonei por aquela mulher, que há dois anos se tornou também minha esposa.

Entre nós, não há regras. Dormimos ora os três juntos, ora a dois. Os meninos dividem outro quarto, eles a chamam de tia. O mais velho tem seis anos e já percebe que o pai tem duas mulheres, lida naturalmente com isso. Estamos pensando em sentar com ele em breve para tratar do assunto. A principal rejeição vem da família. A do meu marido não aceita, assim como minha mãe. Já meu pai encara superbem e sempre nos ajuda.

Uma traição dolorosa se transformou em um poliamor.

Hoje, prefiro pensar que ela foi um anjo, que me ajudou inclusive a sair da depressão. Vencemos batalhas que eu jamais conseguiria enfrentar em um casamento tradicional. Juntos somos mais fortes.
Foi uma transformação inesperada na minha vida familiar, uma quebra absoluta dos padrões aceitos pela sociedade."


*Os nomes foram trocados a pedido da entrevistada.

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