Muita gente
certamente já se perguntou quantas vezes precisa escutar uma palavra para
incorporá-la ao vocabulário. Seriam necessárias cinco, dez, vinte vezes?
Em um estudo
conduzido em 1965, os especialistas em educação e psicologia David Ausubel e
Mohamed Youssef foram categóricos em dizer que um estudante precisaria ser
exposto a uma palavra 17 vezes antes de aprendê-la e passar a usá-la.
Outras pesquisas
apontam para uma média que varia entre 15 e 20 vezes.
Mas Catherine Snow,
professora de educação na prestigiada Universidade Harvard, nos EUA, pondera
que existem diferentes condições de aprendizado e, às vezes, basta ouvir a
palavra uma única vez para aprendê-la.
"Você pode
apontar para algo e dizer a palavra. Com isso, as crianças podem aprender, se
lembrar dela e passar a usá-la a partir desse momento. Mas há muitas palavras
cujo significado não dá para personificar em um objeto ou imagem", observa
a especialista.
Snow diz ainda que há
muitos aspectos sobre as palavras para se aprender. "Não apenas as
pronúncias ou o que significam, mas também o contexto adequado para
usá-las."
Assim, explica a
professora, algumas exigem mais repetições que outras. Ela afirma que a
estimativa de 15 a 20 vezes serve como uma média entre o aprendizado de
palavras mais fáceis e mais difíceis - ou seja, aquelas com significado simples
e as mais complexas.
Aprender idioma
estrangeiro.
No caso do
aprendizado de uma segunda língua, avalia Catherine Snow, espera-se que os
estudantes aprendam uma média de 200 palavras por semana. "Mas não podemos
assegurar que eles vão se lembrar dessas palavras", salienta.
A estratégia usada
por muitos professores é ensinar essas 200 palavras e garantir que os alunos
estejam expostos a elas cinco vezes em um dia, quatro no próximo e três vezes
nos dois seguintes.
"E uma ou duas
vezes na semana seguinte. Dessa forma, são muitas as possibilidades de que o
aluno escute ou leia essas palavras. Assim, é possível assegurar a consolidação
da memória", observa a especialista, referindo-se ao processo de
transformação das lembranças de curto prazo em longo prazo.
Aprendizado varia com
idade?
A professora de
Harvard diz que o ensino de idiomas estrangeiros é uma das poucas formas que
permite medir a frequência que uma palavra é exposta. "Com crianças
pequenas, não sabemos com que frequência usamos uma palavra antes que tenham
aprendido", justifica.
Para ela, a partir
dos 15 anos estudantes são mais eficientes em aprender. Já podem fazer isso
sozinhos e usar referências bibliográficas para reforçar os conhecimentos.
"Então, creio que os mais jovens provavelmente precisam de mais
exposição."
Questionada sobre
qual a quantidade de vezes que um cérebro precisa estar exposto para aprender
um idioma, Snow admite que, apesar de possível, são poucas as chances de se
aprender uma palavra já na primeira exposição.
"Também é mais
difícil ensinar palavras sem as relacionar entre si", observa.
Estratégia para aprender
mais rápido.
Snow explica qual a
estratégia que usa com seus alunos.
Primeiro, ela mostra
uma foto relacionada a um tema que interesse os estudantes e os faz a pensar
sobre as palavras das quais realmente precisam para falar sobre esse tópico.
Em seguida, ela
apresenta leituras e cria oportunidades que eles escrevam as palavras
relacionadas ao tema. Assim, diz a professora, elas vão se repetir muitas
vezes.
Snow assinala ser
muito importante praticar a forma oral e escrita das palavras, pois isso ajuda
a formar a chamada representação léxica de alta qualidade, que inclui
ortografia, semântica e fonética detalhada.
"Há palavras que
conhecemos, apesar de não termos certeza de como as soletramos ou são
pronunciadas. Ainda assim, podemos entendê-las quando as lemos. Essas palavras
são frágeis no nosso vocabulário", observa a professora.
A solução, diz ela, é
fazer com que os alunos entendam como usá-las - assim fica mais fácil de elas
serem lembradas.
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