Em um informe divulgado nesta
quarta-feira (29), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) diz que
a vacina contra a dengue disponível no mercado do Brasil não deve ser aplicada
em quem ainda não teve dengue, ou seja, indivíduos soronegativos.
De acordo com a Anvisa, estudos
feitos pelo laboratório francês Sanofi Pasteur, fabricante da vacina Dengvaxia,
mostram que a vacina provoca aumento do risco de dengue severa e de
hospitalização em quem nunca teve a doença.
O vírus da dengue tem quatro tipos de
sorotipos em circulação no país. Quem é infectado fica imunizado contra aquele
determinado sorotipo, podendo contrair a doença se contaminado pelos outros
três. A segunda infecção pela doença tende a ser mais grave. A vacina contra a
dengue em que nunca foi contaminado agiria como uma primeira infecção.
A Anvisa determinou a alteração da
bula do produto para informar sobre o risco. O órgão diz que "os dados
ainda não são conclusivos e precisam ser confirmados pela continuidade dos
estudos em andamento".
Existem outras vacinas contra a dengue em desenvolvimento por outros
laboratórios, como uma vacina fabricada pelo Instituto Butantan, que já está em
fase de testes clínicos.
Vacina está
aprovada desde 2015.
A Dengvaxia foi aprovada no Brasil em
28 de dezembro de 2015 para indivíduos de 9 a 45 anos. A Anvisa diz que o risco
relacionado a quem nunca teve dengue "não havia sido identificado nos
estudos apresentados para o registro da vacina na população para a qual a vacina
foi aprovada".
O informe da Anvisa diz que
"para indivíduos previamente soronegativos, depois de 30 meses após a 1ª
dose da vacina, ocorre um aumento do risco de exacerbação da doença, com
aumento de casos de dengue severa e hospitalização, ficando este risco acima
daquele para indivíduos soronegativos que não receberam a vacina".
Nos estudos preliminares, houve cinco
casos de hospitalização para cada 1.000 pessoas que não tiveram dengue e foram
vacinadas. Houve ainda dois casos de dengue severa para cada 1.000 indivíduos
soronegativos vacinados.
Segundo o órgão, a vacina continua sendo recomendada para quem já teve
dengue alguma vez na vida e está dentro da faixa etária para a qual ela é
indicada. Os estudos indicam que para esse grupo não ocorre aumento do risco de
dengue grave e hospitalizações.
A assessoria de imprensa da Sanofi Pasteur diz que a nova bula já foi
enviada para Anvisa e que "a recomendação é não vacinar soronegativos,
independente da idade".
Estudos mostravam
aumento de risco.
Reportagem do UOL feitas em
setembro de 2016 mostrava que estudos
publicados em revistas científicas como Science e Lancet indicam que a vacina
contra a dengue leva a um aumento de casos graves e hospitalizações em quem
nunca teve a doença.
A vacina contra a dengue agia mais
ampliando a imunidade pré-existente de quem já teve dengue do que aumentando a
proteção em quem nunca teve.
Nas pesquisas com a vacina realizadas
na América Latina e na Ásia, se verificou uma eficácia de 81,9% entre os
participantes que já tinham tido dengue, enquanto a eficácia entre os que nunca
tinham sido infectados foi de 52,5%. A OMS (Organização Mundial da Saúde) só
recomenda a introdução da vacina em lugares em que 70% ou mais da população já
teve dengue, e não indica a vacina onde esse número seja menor do que 50%.
Reportagem do UOL mostrou que o
Estado do Paraná realizou campanha de vacinação contra a dengue em 30 cidades
utilizando a Dengvaxia sem ter um estudo que indicasse a soroprevalência do
vírus na população.
A vacina deve ser dada em três doses.
No Brasil, o valor de cada dose varia entre R$ 132 e R$ 138. Nas clínicas, o
preço é maior devido aos custos de aplicação e armazenamento. A vacina não é
oferecida pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações).
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