FONTE: http://comidasebebidas.uol.com.br
Pesquisa mostra que tamanho de taças aumentou
bastante desde 1700 e tenta estabelecer relação entre aumento do consumo de vinho
com profusão de taças maiores.
Se te servirem vinho em uma taça pequena, será
que você beberia menos?
Essa é uma das perguntas feitas por um estudo
britânico publicado na revista científica British Medical Journal, que
constatou que o volume das taças tem aumentado desde o ano de 1700.
Os pesquisadores, da Universidade de Cambridge,
disseram que, no Reino Unido, o tamanho médio das taças de vinho cresceu de uma
medida de 66 ml em 1700 para 449 ml hoje em dia - ou seja, aumentou seis vezes.
Esse aumento da capacidade das taças foi
acelerado possivelmente desde os anos 1990, segundo os autores do estudo,
devido à demanda do mercado americano por recipientes maiores.
Relação entre tamanho e consumo.
No caso do Reino Unido, em paralelo a essa moda
de produzir taças cada vez maiores, o consumo de vinho quase duplicou entre os
anos de 1980 e 2004 - ainda que, mais recentemente, tenha diminuído.
Será que existe alguma relação entre tamanho e
consumo? O estudo liderado por Theresa Marteau não confirma isso cientificamente,
mas a pesquisadora acredita que sim.
"O tamanho da taça provavelmente influencia
na quantidade de bebida que ingerimos", disse ela à BBC.
A escritora Jancis Robinson, especializada em
temas de vinificação, também acredita nisso.
Os bares e restaurantes britânicos normalmente
servem vinho em taças de 125, 175 e 250 ml.
"Há muito tempo que critico a taça de vinho
de 175 ml", disse Robinson.
"Não só porque motiva as pessoas a
consumirem mais vinho sem perceber, mas também porque os vinhos brancos e
rosados tendem a esquentar mais rápido nessas taças, e isso faz com que as
pessoas bebam mais rápido para não deixarem esquentar (o vinho)",
explicou.
Fatores envolvidos.
A pesquisadora Marteau acredita que, da mesma
maneira que os pratos maiores fazem as pessoas comerem mais, há evidências de
que as taças maiores também podem ter um efeito similar sobre a quantidade de
vinho que se consome.
Mas isso ainda precisa ser comprovado
cientificamente.
"Especulamos que haja dois mecanismos
envolvidos: a capacidade do recipiente - quanto maior ele for, maior é a
quantidade que despejamos nele - e na nossa percepção - a mesma quantidade
parece menor em um recipiente maior do que em um outro pequeno", explicou.
"Precisamos considerar que, com frequência,
nós regulamos nosso consumo em unidades, como por exemplo um pedaço de torta ou
uma xícara de café. Se percebemos que não bebemos uma taça inteira de vinho,
podemos querer tomar outra", disse.
Marteau e sua equipe fizeram experimentos em três
bares de Cambridge para colocar à prova sua teoria.
Eles aumentaram o tamanho das taças sem mudar a
quantidade de vinho servida nelas e comprovaram que, em dois dos três
estabelecimentos, houve um aumento nas vendas. Mas eles não conseguiram
estabelecer uma relação direta entre o tamanho dos copos e o aumento no
consumo.
Tamanho pode afetar sabor.
Por outro lado, há uma razão prática pela qual o
vinho é servido em taças de tamanhos distintos: o recipiente pode afetar seu
sabor e sua qualidade.
"O vinho tinto, por exemplo, é servido em
uma taça maior para permitir que ele 'respire', algo que talvez há 300 anos não
era uma prioridade", disse à BBC Miles Beale, diretor executivo da
associação britânica do comércio de vinho e bebidas alcoólicas.
No Reino Unido, a agência de saúde pública (NHS)
recomenda um número máximo de 14 "unidades" de álcool na semana,
tanto para homens, quanto para mulheres.
O governo determina que uma "unidade"
de álcool é equivalente a 10 ml de álcool puro - ou seja, isso significaria
aproximadamente uma taça de vinho tinto de 175 ml.
O máximo semanal recomendado seria "10 taças
pequenas de vinho com nível alcoólico médio". Mas é difícil fazer as
contas de unidades quando se tem recipientes de tamanhos tão diferentes.
Para Rosanna O'Connor, a diretora do departamento
de álcool e drogas da Public Health England, o importante é "que a gente
entenda o quanto de álcool está sendo consumindo e que algumas taças de vinho
podem conter até três unidades do recomendado".
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