FONTE:, http://vivabem.uol.com.br
Por muitos anos, Mary Rose lutou para
dormir e manter o sono, porque constantemente tinha a sensação de que sua pele
estava sendo atacada por insetos.
"Imagine ter um enxame de abelhas zunindo
dentro da pele das suas pernas, te picando", diz ela, descrevendo a
sensação. "É muito, muito doloroso.".
A historiadora de arte tem uma condição chamada síndrome
das pernas inquietas, que a tortura durante a noite.
"Faz você querer arranhar suas pernas e
levantar durante a noite para dar uma caminhada --é impossível se deitar e
dormir, porque as pernas se contorcem de forma incontrolável",
explica Rose, que hoje está na casa dos 80 anos de idade.
Os sintomas de Mary Rose eram tão severos que ela
não queria dormir à noite.
'Não dormia de jeito nenhum'.
Mary Rose não consegue lembrar quando o problema
começou, mas sua condição ficou sem diagnóstico por muitos anos. "As
pessoas diziam: você tem cãibra, você deve tomar quinino ou dormir com rolhas
de cortiça na sua cama (simpatia contra cãibra). E eu tentei tudo isso."
Claro que nada teve efeito. A historiadora também
tentou passar pomada nas pernas para aliviar a sensação de picada, mas a
melhora nunca durava o suficiente para deixá-la dormir por toda a noite.
Visitas ao seu médico também não adiantaram.
Um dia ela foi encaminhada para a clínica do sono
do hospital Guy's and St Thomas's, em Londres. Lá, passou a ser tratada pelo
neurologista Guy Leschziner.
Síndrome é uma desordem neurológica.
"A síndrome das pernas inquietas é uma
desordem neurológica muito comum, que causa uma necessidade incontrolável de se
mexer, particularmente à noite, e é comumente relacionada a uma sensação
desconfortável nas pernas", explica Leschziner.
A doença Afeta um em cada 20 adultos e pode causar severa privação do sono.
A doença Afeta um em cada 20 adultos e pode causar severa privação do sono.
Leschziner
Nos seus piores dias, Mary Rose só conseguia
dormir por poucas horas. "Eu já passei noites inteiras sem dormir
absolutamente nada", diz ela. "Eu estava muito cansada e até pegava
no sono, mas então eu acordava por uma ou duas horas e algumas vezes chegava
até a me levantar".
A síndrome das pernas inquietas é frequentemente
genética, mas também pode ter outras causas, inclusive deficiências de ferro e
gravidez.
É geralmente fácil de tratar. Para a maioria das
pessoas, simplesmente evitar cafeína, álcool e alguns tipos de medicamento pode
ser suficiente. Fazer um leve exercício, alongar-se ou massagear a perna também
ajuda. Mas, para algumas pessoas, pode ser necessário tomar remédios.
A situação de Mary Rose é tão difícil que a
medicação era sua única opção. Seu médico tem usado uma combinação de remédios
para controlar os sintomas. E parece estar funcionando, desde que ela mantenha
a dosagem.
"Eu estou livre das pernas inquietas",
diz. "É verdade que algumas vezes eu ainda tenho um ataque, tão terrível
que parece que estou andando toda a noite. Mas é minha culpa, porque eu esqueci
de tomar os remédios".
Estratégias de distração.
Embora o tratamento esteja funcionando, Mary Rose
ainda não é capaz de ter uma noite de sono inteira.
"Eu sinto muito em dizer isso, mas o fato de
minhas pernas estarem mais sob o controle não afetou meus padrões de
sono".
"Acordo sempre às 3h da manhã".
Leschziner diz que isso não é incomum. "O
que você descreve é na verdade muito comum em pessoas que tiveram seu sono
interrompido por muitos anos, e isso se tornou um hábito adquirido".
O medo da noite adiante e a constante interrupção
do sono podem persistir por muitos anos.
O médico diz que algumas pessoas precisam de
treinamento para dormir - reaprender que cama é igual a sono, em vez de um
símbolo de tortura e de uma noite difícil.
Com estes conselhos, Mary Rose desenvolveu suas
próprias estratégias para lidar com a insônia, resultante de anos de
interrupção do sono, provocada pela síndrome das pernas inquietas.
"Ao escutar os meus áudio-livros ou música,
meu cérebro começa a parar de trabalhar e então eu me sindo preparada para
dormir. Mas isso não significa, necessariamente, que eu vou conseguir dormir
mais do que algumas horas", diz ela.
"O que você está fazendo, na realidade, é
distrair-se", explica o médico Leschziner. "Ao pensar na história ou
na música que você está escutando, você deixa de prestar atenção no processo de
ir dormir. Então, o cérebro entra no modo passivo e o sono chega como se fosse
por acidente".
Nenhum comentário:
Postar um comentário