FONTE: Do UOL, em São Paulo, http://noticias.uol.com.br
A carne vermelha é o
futuro cigarro. Assim como ocorreu com a indústria do tabaco, que sofreu
sobretaxações em quase todo o mundo devido aos altos custos causados à saúde
pública, o aumento do consumo de carne precisará ser freado com o uso de
instrumentos fiscais. Isso porque o consumo elevado de carne vermelha está
associado a diferentes doenças, e a pecuária é responsável por grande parte das
emissões de gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global.
Um relatório feito
pela Farm Animal Investment Risk and
Return (Fairr), um grupo de investimento
voltado ao mercado sustentável de proteínas animais, mostra que impostos sobre
a carne vermelha devem começar a ser adotados nos próximos de 5 a 10 anos.
O
setor pecuário é responsável por 15% das emissões globais de gases de efeito
estufa. Estudos
têm associado o aumento do consumo de carne a alguns tipos de câncer. Países como Alemanha, Dinamarca e Suécia já discutem a
adoção de impostos. E o governo da China reduziu sua sugestão de consumo máximo
de carne.
"Se os
formuladores de políticas públicas querem cobrir o custo de epidemias como
obesidade, diabetes e câncer, ao mesmo tempo em que combatem as mudanças
climáticas, parece inevitável que deixem de conceder subsídios e implementem
tributação da indústria de carne", disse Jeremy Coller, fundador da Fairr,
ao jornal britânico "The Guardian".
Dessa forma,
ocorreria com a carne algo já visto com outros produtos considerados nocivos à
saúde ou ao meio ambiente. Segundo o relatório, mais de 180 países sobretaxam o
tabaco, cerca de 60 taxam as emissões de carbono e ao menos 25 sobretaxam o
açúcar.
Aumento que salva vidas.
Um estudo da Universidade
de Oxford feito em 2016 mostrou que a implementação de impostos equivalentes a
40% do valor da carne bovina, 20% do valor de produtos lácteos e 8,5% do valor
da carne de frango salvaria meio milhão de vidas por ano e derrubaria as
emissões de gases de efeito estufa.
O maior desafio para
a taxação da carne está na impopularidade da medida. Segundo os analistas,
impostos sobre a carne sofreriam grande resistência por parte dos consumidores,
elevando o custo político da adoção da medida. Para alguns especialistas, o uso
da receita obtida com impostos sobre a carne para subsidiar alimentos saudáveis
pode ser uma forma de reduzir a oposição.
"É difícil
imaginar a taxação da carne hoje. A situação da saúde pública provavelmente
fortalecerá a decisão de governos [em taxar a carne], como já vimos com o
carvão e o diesel", disse ao Guardian Rob Bailey, da consultoria Chatham
House.
Segundo Coller, a
necessidade de impostos sobre a carne poderia ser reduzida se surgirem
tecnologias que minimizassem os efeitos ambientais e na saúde pública da
produção do alimento. Possibilidades no horizonte incluem a substituição da
proteína da carne por proteínas à base de vegetais que tenham o mesmo aspecto e
sabor. Contudo, tais substitutos ainda estão longe de chegarem aos fogões das
casas e restaurantes.
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