FONTE: *** Jairo Bouer, https://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br/
Para muita gente,
controlar a gula é uma questão de força de vontade. Mas, infelizmente, isso não
é tão simples para quem sofre com o transtorno do comer compulsivo,
caracterizado por episódios frequentes em que a pessoa perde o controle e ingere
quantidades muito grandes de comida, seguidos de enorme culpa.
Um estudo
recém-publicado por uma equipe da Universidade de Waterloo, no Canadá, mostra
que suprimir uma parte específica do cérebro faz o desejo por alimentos
altamente calóricos aumentar. As informações, que saíram no periódico NeuroImage,
podem abrir caminho para novos tratamentos para obesidade e compulsão
alimentar.
Os pesquisadores, da
Faculdade de Saúde Pública, utilizaram uma técnica conhecida como estimulação
magnética transcraniana para inibir temporariamente a atividade no córtex
pré-frontal dorsolateral, que é conhecida pela relação com o autocontrole. O
procedimento fez os participantes prestarem mais atenção em imagens de
guloseimas e sentirem maior desejo de consumir esses alimentos.
A maioria dos
voluntários ingeriu mais comida depois do procedimento real, em comparação com
quem passou por uma estimulação simulada, o que equivaleria a um placebo.
A boa notícia é que
vários fatores relacionados ao estilo de vida podem afetar essa parte do
cérebro. A atividade física aeróbica, como corrida e caminhada, por exemplo,
age como um estímulo, por isso é uma estratégia cientificamente comprovada para
quem costuma perder o controle diante da comida.
Por outro lado, o
estresse e o deficit de sono podem prejudicar a função do córtex pré-frontal
dorsolateral. Assim, procurar maneiras de lidar melhor com as tensões do dia a
dia ajuda a evitar episódios de compulsão alimentar, bem como levar a hora de
dormir a sério, desligando os aparelhos eletrônicos no mínimo uma hora antes de
se deitar.
Uma outra pesquisa
recente, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, chamou atenção para
o fato de que os níveis de hormônio da fome (grelina) aumentam e os do hormônio
da saciedade (leptina) diminuem à noite. Por isso, pessoas propensas à
compulsão por comida tendem a ter os piores episódios a partir do fim da tarde.
Os pesquisadores
perceberam, com um experimento que simulava uma situação de estresse, que a
grelina também pode aumentar em resposta ao estresse durante o dia. As
observações dos pesquisadores foram descritas num relatório do International
Journal of Obesity.
A mensagem que fica é
que, se você costuma abusar da comida e tiver um dia estressante, é melhor
jantar com um amigo ou parente que te ajude a manter o controle, ou praticar
alguma atividade relaxante à noite antes de entrar na cozinha.
Se mesmo com todas
essas recomendações você não conseguir controlar a compulsão, e se isso traz
sofrimento para você ou alguém da sua família, não deixe de procurar ajuda de
um especialista em transtornos alimentares.
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