Postos, grandes hospitais, salas de raio-x, recepções, consultórios
odontológicos e até UTIs são lugares que a gente vê como seguros, onde se
prioriza a saúde dos indivíduos.
Mas o estupro de duas vítimas em um
consultório odontológico em São Paulo, na última sexta (20), levanta um alerta:
esses não são casos isolados de violência sexual em casas de saúde no estado.
Dados exclusivos obtidos por Universa mostram que foram registrados 1.453
casos de estupro em ambiente de atendimento de profissionais da área da saúde
entre 2008 e 2018 no estado de São Paulo.
Deste total, 1.080 registros
envolviam vítimas vulneráveis (menores de 14 anos).
A análise de 2008 a 2016 foi feita em parceria com a Volt Data Lab,
agência especializada em jornalismo de dados, com informações obtidas por meio
da Lei de Acesso à Informação (LAI). Os dados referentes ao ano de 2017 foram
analisados pela reportagem. Nos dois casos foram considerados os boletins de
ocorrência registrados como estupro (art. 123) e estupro de vulnerável (art.
217-A).
A partir de uma avaliação mais detalhada entre os anos de 2008 e 2016, é
possível descobrir que 396 casos de estupro foram registrados com o termo
genérico “hospital”; 143 aconteceram em postos de saúde; 58 em clínicas em
geral e 37 em consultórios odontológicos. Na lista também entram locais como
UTI, com oito ocorrências, e recepções de hospitais, com seis registros.
Só em 2017, 171 estupros estupros foram registrados em estabelecimentos
de saúde no estado, sendo 101 enquadrados como estupro de vulnerável.
Falso técnico segue
preso.
Na violência ocorrida no bairro do Ipiranga, na capital paulista, divulgada
na semana passada, o falso técnico em radiologia Gabriel Cheesa, 19, criava um ambiente privado para cometer os abusos.
Segundo a Polícia Civil, ele alegava que havia apenas um colete extra para
proteger contra a radiação. Com isso, entrava no laboratório sem os pais da
vítima (nos dois casos, menores de idade com 12 anos). Lá dentro, de acordo com
o relato de uma das meninas violentadas, ele colocou uma venda sobre os olhos
de e cometeu a violência sexual.
A polícia pediu a prisão temporária do suspeito na quarta (18). Dois dias
depois, a pena foi convertida em prisão preventiva após a descoberta da segunda
vítima. Gabriel segue preso e vai responder por estupro de vulnerável e
exercício ilegal da profissão. Até a tarde de ontem (23), a polícia ainda
aguardava o surgimento de novas denúncias. Se condenado, a pena pode alcançar
até 15 anos de prisão.
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