Atualmente, não é
necessário apresentar nenhum documento para apostar em quaisquer loterias
brasileiras.
Tramita no Senado
Federal Projeto de Lei que pode tornar obrigatória a identificação de
apostadores de loteria através do Cadastro de Pessoas Físicas. A medida visa
combater possíveis casos de fraudes e lavagens de dinheiro, dando maior
transparência aos sorteios e pagamentos de prêmios realizados pela Caixa
Econômica Federal.
A proposta é do senador
Paulo Bauer (PSDB/SC). Ele justifica que "diante de tantos desvios,
fraudes e corrupção que assolam o país, não se pode desconsiderar a hipótese de
que isso esteja acontecendo com os jogos das loterias".
Atualmente, não é
necessário apresentar nenhum documento para apostar em quaisquer loterias
brasileiras. A Caixa tampouco revela nomes ou dados dos ganhadores seguindo o
que prevê o inciso X do artigo 5º da Constituição Federal ("são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas").
No texto original do
Projeto, Bauer pedia que administradoras de loteria divulgassem nomes, CPF e
domicílios dos vencedores em seus sites na internet. Parecer do relator Pedro
Chaves (PRB/MS), porém, fez ressalvas sobre segurança e garantiu o sigilo
quanto à identificação dos apostadores.
"O Brasil tem tido
índices de violência assustadores. (...) Portanto, entendemos que, ao divulgar
o nome das pessoas que ganharam prêmios de loterias com seus respectivos dados,
estaremos criando um problema de segurança para cidadãos que ganham prêmios de
loterias", escreveu o relator.
"Todavia, convém
elevar o número de informações disponíveis para os órgãos de controle, com o
intuito de se facilitar a investigação da ocorrência dos crimes de lavagem de
dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores. Para tanto, basta a obrigatoriedade
do registro do número do CPF dos jogadores no momento das suas apostas, de modo
que os agentes pagadores dos prêmios poderão conferir se o número informado em
cada aposta coincide com o número apresentado na retirada do respectivo
prêmio", complementou Chaves.
PUBLICIDADE É COMUM,
MAS VIROU CASO DE JUSTIÇA FORA DO BRASIL.
Revelar a identidade de
vencedores de loterias fora do Brasil é comum. Nos Estados Unidos, em 44 dos 50
estados é algo obrigatório. Em 2017, por exemplo, Mavis Wanckyz concedeu até
entrevista coletiva após ganhar US$ 758 milhões (R$ 2,3 bilhões, na cotação da
época) na Powerball.
Porém, outro caso chama
a atenção justamente pelo fato de a ganhadora ter tido que brigar na Justiça
para manter o anonimato. Ela faturou US$ 560 milhões (R$ 1,8 bilhão) na mesma
Powerball em janeiro de 2018, mas assinou seu bilhete com um pseudônimo Foram
dois meses de batalha judicial e a alegação de que manter suas segurança e
privacidade seriam maiores que o interesse público em revelar sua identidade
até conquistar sentença favorável.
REJEIÇÃO POPULAR.
Questões de segurança
ou privacidade à parte, a proposta de Bauer não conta com apoio popular. Na
página do Projeto de Lei no site do Senado Federal, onde é possível que
qualquer cidadão opine sobre a matéria, 90,8% dos votos são contrários à
aprovação.
No último dia 4 de julho a matéria foi encaminhada para a pauta da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
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