O ciclo menstrual é
envolto em vários tabus, mas conhecer melhor como seu corpo funciona vai ajudar
você a perceber se está tudo bem ou não. Você sabia, por exemplo, que na fase
ovulatória (cerca de 10 dias depois da menstruação) pode haver uma secreção
vaginal cuja textura se assemelha à clara de ovo?
Diferentemente do que
muitas mulheres imaginam, isso não tem qualquer relação com corrimento e nem é
sinal de doença. Também é comum que, nos primeiros três anos de menstruação,
ela seja mais irregular.
Os ciclos.
Quem usa algum método
anticoncepcional hormonal tem todos os sintomas típicos amenizados, pois eles
estabilizam a produção hormonal. Mas o ciclo natural de uma mulher saudável
pode ser resumido em duas fases.
A primeira, chamada
folicular, começa no primeiro dia da menstruação e dura até o primeiro dia de
ovulação. O hormônio predominante é o estrogênio. Muitas mulheres sentem-se com
mais energia e disposição durante essa fase, embora isso dependa de vários
fatores, e não apenas hormonais.
Alguns dias depois do
término da menstruação, começa a ovulação. Neste período, a mulher está fértil.
“Algumas podem notar aumento da libido e da lubrificação vaginal”, diz a
ginecologista Andrea Prestes Nácul, membro da comissão de Ginecologia Endócrina
da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia), de Porto Alegre (RS). Outros sintomas possíveis são uma leve
cólica, um pequeno sangramento vaginal e aumento da temperatura basal
(temperatura do corpo assim que se acorda).
Depois da ovulação,
começa a fase lútea. É quando o corpo passará a produzir, em maior quantidade,
o hormônio progesterona. Embora seja muito importante para a implantação do
embrião, é ele que causa os sintomas relacionados com a TPM. Então no período
pós-ovulatório a mulher pode se sentir um pouco mais deprimida, mais inchada,
com vontade de comer doces, ter alterações no humor, irritabilidade...
“Os sintomas costumam
aparecer de 7 a 10 dias antes da menstruação”, diz Mirna Nakano, ginecologista
e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo (SP). Ele
dura até a menstruação seguinte, quando então todo o ciclo se repete.
Exercício diário.
Muitas mulheres, quando
começam a menstruar, são instruídas pela mãe ou pelo médico a anotar o primeiro
dia do sangramento na agenda. No entanto, para conhecer a fundo seu ciclo, o
mais indicado é fazer uma espécie de diário, anotando dia a dia em que fase
está e como se sente, tanto física quanto psicologicamente.
Aplicativos de celular
ou mesmo agendas comuns, de papel podem ser usadas. Depois de pelo menos três
meses, será possível notar padrões, observar o que se repete e também o que
está fora do comum.
“A observação atenta
permite diferenciar uma tensão passageira de algo que pode estar mascarado,
como, por exemplo, uma tendência à depressão sem relação com a menstruação”,
diz a psicóloga Jureuda Guerra, representante da região Norte do Conselho
Federal de Psicologia, em Belém (PA).
As emoções liberadas
pela TPM funcionam como um termômetro para perceber coisas que não estão legais
ou que você não quer mais na sua vida - de relacionamentos abusivos a situações
de violência, por exemplo. “Nesses dias, diferentemente de outros períodos,
podemos não tolerar alguém que fale mais alto conosco, por exemplo”, lembra.
É bom saber, também,
que nem todas as mulheres sentem a mesma coisa em cada fase do ciclo, e que
algumas não percebem as alterações de maneira clara. Por isso, a observação
atenta faz toda a diferença. “Dessa forma, a mulher pode passar a perceber seus
ciclos e principalmente esse período pré-menstrual como uma janela de
oportunidade para conhecer-se”, finaliza Daniela Donação Dantas, médica de
família e comunidade do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, em São Paulo
(SP).
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