A infraestrutura é
ruim, a higiene é precária e falta até equipamentos básicos em boa parte dos
4.664 postos de saúde fiscalizados no Brasil. A conclusão é dos CRMs (Conselhos
Regionais de Medicina), que visitaram ambulatórios, CAPs (Centros de Atenção Psicossocial)
e, principalmente, postos de saúde, onde funcionam as UBSs (Unidades Básicas de
Saúde).
O estudo, divulgado
nesta quinta-feira (2) pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), é resultado de
um balanço inédito em todos os estados entre janeiro de 2014 e dezembro de
2017.
Do total de unidades
visitadas, 24% apresentaram irregularidades em mais de 50 itens exigidos pelas
normas sanitárias. Algumas deficiências são "elementares quando se
considera o sentido básico do que é um serviço de saúde", afirma Mauro
Ribeiro, vice-presidente do CFM e responsável pelo Departamento de Fiscalização
da autarquia.
Sem
curativos.
De acordo com o
levantamento, pelo menos 268 postos não tinham sala para curativos. Em 81
estabelecimentos não havia consultórios suficientes. Em 551 postos faltava sala
de espera.
O conselho chama de
"preocupante" a falta de estrutura física das unidades básicas de
saúde: não há sanitário adaptado para deficiente físico em 34% dos locais
vistoriados. Em 18% delas, enfermeiros trabalhavam sem sala de esterilização,
enquanto em 13% dos postos não existia farmácia.
Higiene.
O CFM diz ainda que
"itens considerados primordiais estão em falta em percentual
considerável". Em 23% dos postos não havia toalhas de papel; em 9% não
existiam pias ou lavabos. Já em 6% não foi encontrado sabonete líquido.
A autarquia destaca a
falta de "equipamentos básicos" para "o adequado
diagnóstico" dos pacientes. Nos 4.664 estabelecimentos visitados no
período, em 2.566 não havia oftalmoscópio (equipamento para o exame completo do
olho); em 2.096 não existia negatoscópio (para visualizar as imagens de
radiografias); em 1.689 faltavam otoscópio (para examinar o canal auditivo).
Também falta aparelho
para medir pressão em 996 unidades, não há estetoscópio em 764 e termômetro em
449 estabelecimentos. "O paciente é o principal prejudicado com essa falta
de equipamentos, insumos e medicamentos, o que interfere negativamente na forma
como o médico vai aplicar seu conhecimento", afirma o secretário-geral do
CFM, Henrique Batista e Silva.
Urgências.
De acordo com o estudo,
faltam equipamentos também em setores de urgência, ala para suporte inicial de
pacientes em crises agudas. Nas datas das vistorias, faltavam máscara laríngea
(para as vias aéreas) em 1.160 unidades, nem havia desfibrilador com monitor em
1.092 delas. Também não foram encontrados aspirador de secreções em 1.069
serviços e nem oxímetro em 1.004.
Os CRMs também não
encontraram sondas para aspiração em 884 urgências e não havia salas para
atendimento nem medicação para pacientes com parada cardiorrespiratória e
anafilaxia em 823 unidades.
"Uma série de
outros itens", como equipamentos de proteção individual, oxigênio com
máscara aplicadora, umidificador e ressuscitador manual do tipo balão
autoinflável.
De acordo com o CFM, as
unidades alvo das vistorias foram escolhidas em razão de denúncias de pacientes
e da imprensa, solicitações de órgãos de controle e fiscalização, como o
Ministério Público, e por escolha aleatória.
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