A síndrome dos ovários
policísticos (SOP) é uma condição comum em mulheres em idade reprodutiva,
ocorrendo em cerca de 5-16% dependendo do critério diagnóstico utilizado. Atualmente,
existe um consenso geral entre a comunidade de endocrinologistas e
ginecologistas de que o diagnóstico de SOP deve ser baseado nos seguintes
critérios, que incluem duas das três características a seguir:
1- Irregularidade
menstrual caracterizada pela redução ou ausência de menstruação
(oligomenorreia/amenorreia);
2- Excesso de hormônios masculinos sejam dosados no sangue ou percebidos clinicamente pelo aumento de pelos corporais, pele oleosa e acne;
3- Presença de ovários policísticos à ultrassonografia;
O diagnóstico de SOP
deve ser realizado após excluídos outros problemas endocrinológicos. Além das
características acima essas mulheres frequentemente apresentam excesso de peso
e complicações metabólicas como hipertensão arterial, aumento dos triglicérides,
elevação da glicemia ou mesmo diabetes do tipo 2.
Por conta disso, muitas pesquisas têm demonstrado uma forte associação entre SOP e doença cardiovascular.
Estudos que avaliaram
um reconhecido marcador de aterosclerose subclínica- a espessura médio-intimal
das artérias carótidas, mostraram valores significativamente aumentados em
mulheres com SOP, indicando que elas têm um risco maior de aterosclerose
prematura. Tais achados reforçam a importância do rastreamento e monitoramento
dos fatores de risco cardiovascular nessas mulheres.
Um grande estudo
nacional com base em registros na Dinamarca, que incluiu 18.112 mulheres com
SOP e 52.769 mulheres no grupo controle (que não tinham a doença), encontrou
taxas mais altas de eventos cardiovasculares, em pacientes relativamente jovens
com SOP. A presença de obesidade, diabetes e infertilidade foi associada ao
aumento do risco nessas mulheres. Como o excesso de peso piora o risco
cardiovascular, a perda de peso em mulheres com SOP tem sido recomendada para
redução dos fatores de risco metabólicos. Mas a perda de peso também tem sido
relacionada à melhora dos parâmetros hormonais e fertilidade.
Outras pesquisas
científicas têm demonstrado que uma dieta com baixo indice glicêmico (ricas em
fibras) e a dieta do mediterrâneo melhoram os parâmetros metabólicos, mesmo em
mulheres com peso corporal adequado. Realização de atividade física regular
também tem sido recomendada e pesquisas têm demonstrado melhora na função
vascular dessas mulheres.
Assim, mulheres com as características da síndrome dos ovários policisticos devem realizar um acompanhamento médico adequado, com a investigação de fatores de risco metabólicos como avaliação do peso, pressão arterial, exames de glicemia e perfil lipídico. Independentemente do peso estar ou não adequado, uma dieta rica em fibras e atividade física regular devem fazer parte da rotina feminina.
Sobre
a autora.
Cintia Cercato é médica
endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à
obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora
responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da
USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica
(Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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Sobre
o blog.
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