Estudo realizado na
Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP indica que a cafeína é
capaz de atenuar e reverter a sensação de fadiga mental e ainda melhorar o
desempenho de atletas de ciclismo. Atualmente o cansaço mental não está
presente apenas na vida de pessoas com rotina agitada por diversas atividades,
mas também faz parte do dia a dia de atletas.
Segundo a pesquisa de
Paulo Estevão Franco Alvarenga, os atletas com fadiga mental acabam perdendo
desempenho e possuem aumento na percepção de esforço para a mesma intensidade
de exercício, sem nenhuma alteração fisiológica na musculatura. Dessa forma,
surgiu o interesse de estudar possíveis manipulações que revertam os efeitos da
fadiga mental sobre o desempenho de ciclistas.
Iniciado em 2016, o
projeto de mestrado Efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho de
ciclistas mentalmente fadigados durante um teste de ciclismo contrarrelógio de
20 km mostrou que “a cafeína é um recurso ergogênico com efeito potencial
para reverter os efeitos da fadiga mental sobre o desempenho”, afirma Paulo
Estevão, que teve orientação do professor Flávio Pires, coordenador do Grupo de
Estudos em Psicofisiologia do Exercício (GEPsE) da EACH.
Previamente
selecionados, os ciclistas foram ao Laboratório de Ciências da Atividade Física
por quatros vezes e se submeteram ao teste de contrarrelógio de 20 km, análise
cortical e muscular. Havia uma amostra de ciclistas livres de qualquer
manipulação, outra amostra sob o efeito de fadiga mental e nas seguintes os
indivíduos mentalmente fadigados faziam a ingestão de cafeína ou placebo.
De acordo com o estudo,
os ciclistas mentalmente fadigados apresentaram uma redução de 4,8% na ativação
do córtex pré-frontal e consequentemente aumentaram o tempo para concluir o
contrarrelógio em aproximadamente 1%. No entanto, ao ingerir
cafeína, mesmo após a indução da fadiga mental, houve um aumento na ativação do
córtex pré-frontal em aproximadamente 8% e redução no tempo de conclusão do
teste em 1,8%. “Portanto, os sujeitos ao ingerir cafeína perceberam menos
esforço comparados com as demais condições. Além disso, com a ingestão de cafeína,
eles apresentaram uma maior eficiência neuromuscular”, destaca Paulo.
O estudante ressalta
que, mesmo já sendo consumida em nosso cotidiano quando nos sentimos
mentalmente cansados, por meio de ingestão de café, por exemplo, a
cafeína deve ser utilizada para atletas sob orientação de um nutricionista,
respeitando as características de dosagem e tempo de efeito da substância.
O projeto de mestrado
contou também com a colaboração da professora Florentina Hettinga, da
University of Essex, Inglaterra; de pesquisadores pós-doc e alunos de mestrado
da EACH e de alunos de graduação da Faculdade de Ensino Superior de Bragança,
em Bragança Paulista (SP).
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