Depois de engolir uma
bexiga, Andrey, de quatro anos, está em coma há mais de seis semanas na Rússia.
O caso aconteceu durante um passeio escolar. A criança teria pegado
acidentalmente um pedaço do balão que estava no chão e colocado na boca. De
acordo com o jornal The Sun, ele começou a passar mal e ficou
inconsciente em poucos minutos.
Ao chegar ao hospital,
os médicos detectam o pedaço do balão obstruindo as vias aéreas e o menino foi
submetido à cirurgia para retirada do material. Mas segundo especialistas que o
atenderam, o quadro de saúde é grave, devido a danos cerebrais que a falta de
oxigenação no cérebro causou ao córtex, região ligada à memória, cognição e
linguagem.
Como uma simples bexiga
pode causar tantos problemas?
É muito comum ver
balões em festas infantis e, embora pareçam inofensivos, podem provocar a morte
em segundos. O mecanismo é rápido: na maioria das
vezes, a criança aspira o balão, que acaba estourando, o pedaço vai para atrás
da língua, cai na garganta, obstrui as vias respiratórias, impede a passagem de
ar e provoca uma parada respiratória por causa da falta de oxigênio no cérebro.
Se o atendimento não é
feito imediatamente, o óbito pode ser inevitável, segundo Saramira Dohadana,
otorrinolaringologista e pediatra do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo. “Se
demorar mais que quatro minutos, a criança já entra em morte cerebral.
Infelizmente, não há sucesso nesses casos e o risco de morte é de praticamente
100%”, diz a especialista.
Os pais devem ter total
atenção com as crianças que brincam com o material. Por serem muito pequenas,
elas não possuem reserva pulmonar como os adultos e, mesmo sendo socorridas
rapidamente, na maioria das vezes chegam sem vida ao hospital.
Dohadana reforça ainda
que os responsáveis também devem manter a calma nesse tipo de acidente. “Muitos
interferem achando que é um engasgo e acabam piorando o quadro do paciente.
Nessas horas o melhor a fazer é procurar ajuda médica”.
Quando não ocorre
parada respiratória e o quadro é revertido a tempo, outro problema muito comum
é a contaminação pelos compostos químicos presentes na bexiga. Elas são
feitas de látex e podem provocar inflamações e até pneumonia nos pequenos.
Nesses casos, medicamentos podem reparar o problema e a criança ficará com
menos sequelas.
Existe idade certa para
brincar com bexigas?
Provavelmente você não
deve se atentar à idade quando compra um balão para decorar festas, certo? Mas,
segundo o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia,
órgão brasileiro que regula a qualidade de produtos), isso deveria ser feito
com frequência. Nas embalagens, o órgão reforça que crianças abaixo de três
anos não devem brincar com bexigas.
Para Renata Waksman,
pediatra do Departamento de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria, a
restrição da faixa etária deveria ser alterada. “Novos estudos mostram que a
idade correta para brincar com balões deveria ser acima de cinco ou seis anos.
Se isso fosse seguido e implantado no Brasil, evitaria muitas mortes",
acredita a médica.
Segundo a especialista,
a mudança na idade também deveria ser estendida para outros tipos de
brinquedos, principalmente os que possuem brindes. “É um equívoco achar que
somente os bebês colocam objetos na boca. Os maiores também fazem isso e podem
engolir quando estão correndo e brincando.”
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