Em
segundo lugar aparece Pernambuco, com 5.464 casos e o Ceará vem em terceiro,
com 3.177 internações.
Problema cada vez mais
comum nos tempos modernos, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) levou mais de
5.670 baianos a hospitalização apenas no ano de 2018. Os dados, do Sistema de
Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS), ligado ao Ministério
da Saúde, apontam que a Bahia lidera a quantidade de casos totais na Região
Nordeste. Em segundo lugar aparece Pernambuco, com 5.464 casos e o Ceará vem em
terceiro, com 3.177 internações.
O que muita gente
talvez não saiba é que muitos desses AVCs foram causados pela chamada
Fibrilação Atrial (FA), tipo comum de arritmia cardíaca, no qual o ritmo dos
batimentos são, em geral, rápidos e irregulares. De acordo com a Sociedade
Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), a fibrilação atinge cerca de 175
milhões de pessoas no mundo – estima-se que 2 milhões de brasileiros tenham o
problema. Além disso, um em cada cinco AVCs é resultado da FA.
Muitas vezes
assintomática e caracterizada por ser o tipo mais comum de distúrbio do ritmo
cardíaco, a doença é uma das principais causas de AVC, popularmente conhecido
como derrame no Brasil. Além disso, os pacientes acometidos pela FA têm de três
a cinco vezes mais chances de sofrer o problema.
Esse tipo de arritmia
está cada vez mais associado ao avanço da idade, acometendo em grande parte a
população idosa, na faixa dos 75 a 80 anos de idade, sendo mais comum em homens
do que mulheres. A estimativa é que de 5 a 10% dos brasileiros terão esse tipo
de arritmia, de acordo com a SOBRAC. A Fibrilação Atrial é responsável, ainda,
por 20% do total de AVCs isquêmicos.
De acordo com a
cardiologista Marianna Andrade, coordenadora do Serviço de Cardiologia do
Hospital da Bahia, entre os principais sintomas, quando eles aparecem – uma vez
que ela pode ser também assintomática –, estão a palpitação, falta de ar e
dores no peito. “Ela é arritmia mais comum na prática clínica. Ela por si só,
não leva ao risco de vida, não é maligna. Mas, tem uma grande questão: o risco
de o paciente que tem essa arritmia, ela vir a causar um coágulo no coração e a
pessoa venha a ter um AVC embólico. Quando o AVC é relacionado a essa arritmia,
ele é mais letal”, alertou.
Conforme a
especialista, os pacientes, que por algum acaso não venham a óbito por conta
dessa associação, podem sofrer com seqüelas motoras e congnitivas, a exemplo da
perda de força nos braços e pernas, perda da capacidade na comunicação e
compreensão e ficar até em estado vegetativo. “Geralmente ele está associado a
algum tipo de cardiopatia estrutural”, disse Andrade. Entre os fatores de risco
estão hipertensão, diabetes, sedentarismo e colesterol.
A cardiologista, que
também é Presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa da unidade de saúde,
pontuou que o diagnóstico precoce é fundamental para o melhor tratamento da
doença. “Uma vez diagnosticado a FA e iniciado o uso de uma medicação
específica, no caso um anticoagulante, a gente consegue reduzir drasticamente
os AVCs relacionados a Fibrilação Atrial. O diagnóstico é feito de uma forma
muito simples, através de exame físico e um eletrocardiograma de repouso. O
tratamento, a partir daí, é instituído para controlar os sintomas que o
paciente está apresentando e é feita a avaliação da necessidade de entrar com
um anti-coagulante para prevenir o AVC”, explicou.
Ela ainda ressaltou os
avanços nos recursos terapêuticos nos últimos anos para a melhoria do problema.
“Antes, era uma medicação que tinha que tomar uma dose certa e interferia com
outros alimentos e remédios. Mas, hoje, as medicações existentes não variam
tanto no sangue, não precisam tanto de monitorização”, salientou.
Segundo a
cardiologista, entre as formas de prevenção estão o controle de índices como
pressão arterial, diabetes e colesterol, além da realização de atividades
físicas. Exames devem ser feitos também como forma de diminuir a
incidência.
Por último, ela citou
dois obstáculos como importantes para um maior cuidado para com a Fibrilação Atrial:
o desconhecimento de parte da população sobre o assunto e o custo ainda alto
das medicações. “Elas ainda não estão disponibilizadas de forma plena no
Sistema Único de Saúde, mas estamos avançando nisso, uma vez que temos, no
mercado, quatro tipos de medicação e haverá uma competição de mercado, com os
custos reduzindo nos próximos anos”, comentou.
Evento.
A importância do
tratamento adequado para a enfermidade estará em destaque nesta quarta-feira,
24, em um evento que vai acontecer em Salvador voltado apenas para médicos
convidados. Durante o encontro, especialistas da região debaterão a importância
do controle e do tratamento adequado da doença, incluindo uma terapia oral
diária, o edoxabana, anticoagulante usado para a redução do risco de AVC em pacientes
com fibrilação atrial não valvar (FANV).
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