quarta-feira, 24 de outubro de 2018

BAHIA LIDERA QUANTIDADE DE AVCs NA REGIÃO NORDESTE EM 2018...


FONTE: Yuri Abreu,, Salvador, https://www.trbn.com.br



Em segundo lugar aparece Pernambuco, com 5.464 casos e o Ceará vem em terceiro, com 3.177 internações.


Problema cada vez mais comum nos tempos modernos, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) levou mais de 5.670 baianos a hospitalização apenas no ano de 2018. Os dados, do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS), ligado ao Ministério da Saúde, apontam que a Bahia lidera a quantidade de casos totais na Região Nordeste. Em segundo lugar aparece Pernambuco, com 5.464 casos e o Ceará vem em terceiro, com 3.177 internações.

O que muita gente talvez não saiba é que muitos desses AVCs foram causados pela chamada Fibrilação Atrial (FA), tipo comum de arritmia cardíaca, no qual o ritmo dos batimentos são, em geral, rápidos e irregulares. De acordo com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), a fibrilação atinge cerca de 175 milhões de pessoas no mundo – estima-se que 2 milhões de brasileiros tenham o problema. Além disso, um em cada cinco AVCs é resultado da FA.

Muitas vezes assintomática e caracterizada por ser o tipo mais comum de distúrbio do ritmo cardíaco, a doença é uma das principais causas de AVC, popularmente conhecido como derrame no Brasil. Além disso, os pacientes acometidos pela FA têm de três a cinco vezes mais chances de sofrer o problema.

Esse tipo de arritmia está cada vez mais associado ao avanço da idade, acometendo em grande parte a população idosa, na faixa dos 75 a 80 anos de idade, sendo mais comum em homens do que mulheres. A estimativa é que de 5 a 10% dos brasileiros terão esse tipo de arritmia, de acordo com a SOBRAC. A Fibrilação Atrial é responsável, ainda, por 20% do total de AVCs isquêmicos.

De acordo com a cardiologista Marianna Andrade, coordenadora do Serviço de Cardiologia do Hospital da Bahia, entre os principais sintomas, quando eles aparecem – uma vez que ela pode ser também assintomática –, estão a palpitação, falta de ar e dores no peito. “Ela é arritmia mais comum na prática clínica. Ela por si só, não leva ao risco de vida, não é maligna. Mas, tem uma grande questão: o risco de o paciente que tem essa arritmia, ela vir a causar um coágulo no coração e a pessoa venha a ter um AVC embólico. Quando o AVC é relacionado a essa arritmia, ele é mais letal”, alertou.

Conforme a especialista, os pacientes, que por algum acaso não venham a óbito por conta dessa associação, podem sofrer com seqüelas motoras e congnitivas, a exemplo da perda de força nos braços e pernas, perda da capacidade na comunicação e compreensão e ficar até em estado vegetativo. “Geralmente ele está associado a algum tipo de cardiopatia estrutural”, disse Andrade. Entre os fatores de risco estão hipertensão, diabetes, sedentarismo e colesterol.

A cardiologista, que também é Presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa da unidade de saúde, pontuou que o diagnóstico precoce é fundamental para o melhor tratamento da doença. “Uma vez diagnosticado a FA e iniciado o uso de uma medicação específica, no caso um anticoagulante, a gente consegue reduzir drasticamente os AVCs relacionados a Fibrilação Atrial. O diagnóstico é feito de uma forma muito simples, através de exame físico e um eletrocardiograma de repouso. O tratamento, a partir daí, é instituído para controlar os sintomas que o paciente está apresentando e é feita a avaliação da necessidade de entrar com um anti-coagulante para prevenir o AVC”, explicou.

Ela ainda ressaltou os avanços nos recursos terapêuticos nos últimos anos para a melhoria do problema. “Antes, era uma medicação que tinha que tomar uma dose certa e interferia com outros alimentos e remédios. Mas, hoje, as medicações existentes não variam tanto no sangue, não precisam tanto de monitorização”, salientou.

Segundo a cardiologista, entre as formas de prevenção estão o controle de índices como pressão arterial, diabetes e colesterol, além da realização de atividades físicas. Exames devem ser feitos também como forma de diminuir a incidência. 

Por último, ela citou dois obstáculos como importantes para um maior cuidado para com a Fibrilação Atrial: o desconhecimento de parte da população sobre o assunto e o custo ainda alto das medicações. “Elas ainda não estão disponibilizadas de forma plena no Sistema Único de Saúde, mas estamos avançando nisso, uma vez que temos, no mercado, quatro tipos de medicação e haverá uma competição de mercado, com os custos reduzindo nos próximos anos”, comentou.

Evento.
A importância do tratamento adequado para a enfermidade estará em destaque nesta quarta-feira, 24, em um evento que vai acontecer em Salvador voltado apenas para médicos convidados. Durante o encontro, especialistas da região debaterão a importância do controle e do tratamento adequado da doença, incluindo uma terapia oral diária, o edoxabana, anticoagulante usado para a redução do risco de AVC em pacientes com fibrilação atrial não valvar (FANV).

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