Tecnologia e
conhecimento genético são duas das chaves para encontrar um tratamento mais
efetivo contra a doença de Parkinson, enfermidade que afeta mais de 600 mil
brasileiros maiores de 60 anos de idade.
Sem cura até hoje, a
doença é uma das mais sérias ameaças à saúde de idosos, embora também afete
jovens, e se configura como um grande problema de saúde pública com o
envelhecimento da população.
Por isso, em todo o
mundo a ciência propõe opções que levem à cura ou a métodos eficazes que
retardem a progressão da enfermidade.
"Certamente
trataremos os pacientes amanhã diferentemente de como tratamos hoje. O futuro é
promissor", afirma a neurologista Chien Hsin Fen, do Hospital das Clínicas
de São Paulo e membro da comissão científica da Associação Parkinson Brasil.
O
que é a doença.
Crônica e progressiva,
a doença de Parkinson é uma doença degenerativa que afeta o sistema nervoso
central. Seus sintomas resultam da diminuição intensa da produção da dopamina,
um neurotransmissor —substância química que auxilia na transmissão de mensagens
entre as células nervosas envolvidas nos processos de realização dos movimentos
voluntários do nosso corpo.
Sem a comunicação entre
os neurônios, há perda do controle motor e outras disfunções, como a rigidez
nas articulações do punho, cotovelo, ombro, coxas e tornozelo, tremores nos
membros superiores, lentidão motora e desequilíbrio.
Conhecidos como
"sintomas motores", eles não são os únicos que podem aparecer, pois
pode haver a incidência dos "sintomas não-motores" como diminuição do
olfato, problemas intestinais e do sono. Esse conjunto de sinais é chamado de
parkinsonismo. Ele pode ser causado por diversas doenças, mas em
aproximadamente 70% dos casos a causadora é a doença de Parkinson.
A redução da fabricação
da dopamina ocorre gradualmente, com o passar do tempo, em todos os indivíduos.
"Em uma pessoa normal há a perda de 1% do nível de dopamina no cérebro a
cada década", explica o neurologista André Carvalho, do Hospital Israelita
Albert Einstein. "No parkinsoniano, a taxa da perda é de 10% ao ano."
Atualmente, o
tratamento é restrito a medicamentos que agem na reposição da dopamina perdida.
Ou seja, eles apenas melhoram os sintomas apresentados pelo paciente, mas não
há cura nem remédios que atrasem a evolução da enfermidade.
Novas
pesquisas e o futuro.
A ciência está focada
principalmente em entender a origem do Parkinson e os mecanismos envolvidos na
sua progressão. Uma tecnologia conhecida como Análise multiescala de redes de
genes —permite observar mais genes em uma certa região— identificou genes que
nunca haviam sido associados à doença.
Um dos mais importantes
foi o gene, o STMN2, apontado como um dos mais ativos para o surgimento da
doença. A investigação objetiva descobrir quais os fatores genéticos
responsáveis por 80% dos casos da síndrome no mundo.
Outra descoberta, feita
por pesquisadores do Hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos, pode levar à
criação de um medicamento que ajude a frear o desenvolvimento da doença. O alvo
é a proteína alfa-sinucleica, produzida no intestino, mas, sabe-se agora, é
capaz de viajar pelo corpo e chegar até ao cérebro, onde se acumula sobre os
neurônios responsáveis pela produção de dopamina, contribuindo para sua morte.
Os cientistas trabalham para encontrar formas de inibir a produção da proteína.
Há casos nos quais é
possível realizar um implante de estimuladores na região afetada. "Os
eletrodos emitem correntes elétricas que reequilibram o funcionamento de
regiões cerebrais afetadas pela doença", explica Carvalho. O método
permite uma intervenção mais direta contra a doença, sem o risco de efeitos
colaterais como piora da fala.
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