FONTE: Noemi Flores, TRIBUNA DA BAHIA.
Dados apontam aumento
significativo de sífilis no país. Na Bahia, em gestantes foram registradas
4.270 notificações, entre janeiro de 2007 e agosto de 2013, dos quais 1.303 casos
(30,5%) ocorreram em Salvador. Em campanha para o combate à doença, a
Secretaria da Saúde do
Estado realizou ontem, pela manhã, na sede do Ministério Público, no Centro
Administrativo da Bahia (CAB), um evento para abordar o tema, reunindo cerca de
300 gestores e profissionais de saúde, educação, estudantes e população em geral.
O debate foi em parceria com o Centro
Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (Cedap), Fórum
Rede Cegonha da Região Metropolitana de Salvador, Sociedade Brasileira de
DST/Bahia, Ministério Público do Estado da Bahia, Programa Municipal de
DST/Aids e Apae Salvador.
Contou com a presença do
presidente da SBDST/Ba, Roberto Fontes, e teve a conferência sobre “O pré-natal
do parceiro”, proferida pelo professor Geraldo Duarte, da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto (SP). Um debate informal sobre os desafios para a inclusão do
homem na atenção à sífilis encerrou os debates, ao mesmo tempo em que foram
disponibilizados testes rápidos para diagnóstico de sífilis, HIV e hepatites B e C.
A coordenadora do Programa Estadual de
DST/Aids, Jeane Magnavita, assegura que “a doença tem cura e o tratamento está
disponível nas unidades de saúde pública. Contudo, trata-se ainda de importante
problema de saúde pública principalmente no que se refere à transmissão
vertical”.
É chamada transmissão vertical
quando uma infecção ou doença a partir da mãe para o
seu feto no útero ou recém-nascido durante o parto. Segundo Magnavita, “a
sífilis congênita, desfecho desfavorável da sífilis em gestante, constitui-se
em sério problema de saúde pública”.
Por isto neste ano, a campanha da
Sesab, por meio do Programa Estadual de DST/Aids, tem o slogan “Transmita
só amor para seu filho. Faça o
teste gratuito da sífilis”, lançado durante o transcurso do Dia Nacional de
Combate à Sífilis, comemorado no terceiro domingo de outubro.
A data foi instituída em 2007, durante o VI
Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis e II
Congresso Brasileiro de Aids, com o objetivo de sensibilizar a população para o
problema e erradicar a sífilis no Brasil.
Sífilis pode atingir
todos os órgãos e sistemas do corpo.
A sífilis é uma doença
infecto-contagiosa causada pelo Treponema
pallidum, adquirida essencialmente por transmissão sexual. Acomete
praticamente todos os órgãos e sistemas e, quando não tratada ou tratada
inadequadamente, pode evoluir para complicações graves.
Em casos de infecção em gestantes, pode
haver transmissão por via transplacentária em qualquer período da gestação,
causando a sífilis congênita (SC). A infecção do feto pode gerar abortamento
espontâneo, morte fetal e neonatal, prematuridade e danos à saúde do
recém-nascido.
A sífilis congênita, desfecho desfavorável
da sífilis em gestante, constitui-se em um sério problema de saúde pública. É
importante lembrar que do ponto de vista epidemiológico, é considerada como um
evento marcador da qualidade da assistência pré-natal .
Segundo dados do Ministério da Saúde, no
Brasil, no período janeiro de 2005 a junho de 2012, 57.700 casos de
sífilis em gestantes (SG) foram notificados no Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (Sinan). Destes, 14.828 (25,7%) corresponderam à região
nordeste. Todas as regiões do Brasil, inclusive a Nordeste, apresentaram
aumento significativo do coeficiente de detecção de SG no período 2005 a 2011.
No Brasil, este coeficiente passou de 0,6
casos por 1.000 nascidos vivos (NV) em 2005, para 5,0 casos por 1.000 NV, em
2011; na Nordeste, de 0,7 a 4,0 casos por 1.000 NV no mesmo período.
Na Bahia, o coeficiente de detecção de SG
também apresenta curva ascendente de 2007 a 2012; 1,4 em 2007 e 5,1 casos
por 1.000 NV (aumento superior a 250%) em 2012 . Entretanto, especialistas
afirmam que essa doença sexualmente transmissível tem cura e o seu tratamento
está disponível nas unidades de saúde pública.
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