FONTE: *** Sophia Camargo, (economia.uol.com.br).
O Brasil paga aposentadorias dignas
do primeiro mundo. E essa afirmação vale não só para os funcionários públicos e
políticos, mas também para os aposentados pelo INSS.
"Parece uma afirmação absurda,
mas é até modesta. Em termos relativos, o Brasil paga aposentadorias até
maiores que as do primeiro mundo", diz Marcelo Caetano, economista e
pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A afirmação é embasada em dados da
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) apresentados
no Fórum Internacional de Seguros para Jornalistas, promovido pela seguradora
Allianz, em São Paulo.
Segundo o alemão Michael Heise,
economista-chefe da empresa, a taxa de reposição da previdência no Brasil é das
mais generosas do mundo, ficando à frente de países ricos como Japão, Estados
Unidos, Alemanha, Suécia, e também entre os maiores emergentes --Rússia, China
e Índia.
Pelos dados, os brasileiros se
aposentam, na média, com 85,9% da renda que tinham quando trabalhavam. Nos
Estados Unidos, esse número cai para 42,3% e, no Japão, para 36,3% quando o
trabalhador se aposenta.
Marcelo Caetano, do Ipea, lembra que,
para quem recebe um salário mínimo no Brasil, a taxa de reposição é de 100%. A
média da taxa de reposição nos países da OCDE é de 60,8%.
QUANTO O
TRABALHADOR MANTÉM DA SUA RENDA QUANDO SE APOSENTA.
JAPÃO
|
36,3%
|
ALEMANHA
|
42,0%
|
ESTADOS UNIDOS
|
42,3%
|
COREIA DO SUL
|
46,9%
|
SUÉCIA
|
58,4%
|
RÚSSIA
|
65,1%
|
ÍNDIA
|
72,4%
|
ARGENTINA
|
81,1%
|
CHINA
|
82,5%
|
BRASIL
|
85,9%
|
MÉDIA DOS PAÍSES DA OCDE
|
60,8%
|
*** FONTE: Panorama de Previdência da OCDE-2012 (dados
compilados por Michael Heise/Allianz).]
O indicador é baseado
em termos relativos, comparando o valor que o trabalhador recebia antes de se
aposentar e o que obtém após a aposentadoria. Isso significa que, em termos
nominais, um trabalhador dos Estados Unidos, cuja renda per capita é mais alta,
irá receber mais dinheiro do que um trabalhador brasileiro. Mas, na proporção,
o Brasil paga uma aposentadoria melhor.
Em reportagem recente da revista britânica "The Economist",
que estampou o Brasil na capa de sua edição para a América Latina e a Ásia com
a manchete "Será que o Brasil estragou tudo?", em meio a crítica à
política econômica do país, a revista também apontou como solução para o país
as reformas e reestruturação de gastos públicos, especialmente com aposentadorias.
Brasil
pode levar 52 anos para ter renda per capita de 1º mundo.
Esse é um dos fatores
de preocupação dos especialistas com o futuro da população do país, que está
envelhecendo de forma rápida, já que a transição demográfica dos países em
desenvolvimento tem ocorrido de forma mais acelerada que na Europa.
Segundo Caetano,
enquanto a Europa levou mais de 40 anos para ver a população com mais de 60
anos passar de 10% para 20%, o Brasil deve atingir esse nível em 25 anos.
"E o pior, sem atingir o mesmo padrão de renda elevado dos países
europeus", diz. A renda per capita do brasileiro está em cerca de US$ 12
mil, enquanto a renda per capita da Europa é de cerca de US$ 35 mil.
"Se crescesse a
uma taxa per capita média superior de 2% à dos países ricos, o Brasil levaria
52 anos para igualar a sua renda à dos países desenvolvidos."
"A verdade
inconveniente é que o Brasil terá que diminuir o nível de serviço da
previdência para as pessoas mais velhas", diz Heise.
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