FONTE: *** Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Assim que o aparelho
urinário do bebê se desenvolve, a partir do quinto mês de gestação, ele passa a
fazer xixi dentro do útero da mãe sempre que sentir vontade.
Mas não precisa ficar
com nojo: o xixi de um feto é muito diferente da urina de um adulto, ou até
mesmo de uma criança já nascida. Ele é praticamente composto de água. O xixi é
resultado da ingestão do líquido amniótico que o envolve - um composto
nutritivo e livre de bactérias que contém água, sódio, cloro e outros minerais
que ajudam no desenvolvimento do bebê em gestação.
O líquido faz o caminho normal:
engolido pela boca, vai para o estômago, entra na corrente sanguínea, é
filtrado pelos rins, desce para a bexiga, e a uretra o elimina. O xixi fará
parte do líquido amniótico. E ele vai beber isso de novo várias vezes por dia.
Dá para perceber uma parte desse
processo através do ultrassom: uma mãe sortuda pode ver seu filho fazer xixi
antes mesmo de ele nascer. O aparelho tem a capacidade de mostrar a bexiga
cheia. Se a bexiga esvaziar-se, é sinal de que o bebê fez xixi na frente das
"câmeras".
Fetos também produzem secreções que
podem ser nocivas, como a ureia. Só que ela não sai pelo xixi - o bebê elimina
essas substâncias através do cordão umbilical - um canal de passagem de sangue
entre ele e a mãe. Toda essa "sujeira" fará parte, na verdade, do
xixi da mãe. Diariamente, ela elimina cerca de 500 ml de substâncias expelidas
pelo bebê.
O suor também é produzido pelo feto.
Só que, assim como o xixi, é um líquido muito mais puro do que suor de qualquer
pessoa já nascida!
As fezes.
Ufa, bebês não fazem cocô enquanto
estão no útero. O que acontece no intestino de um feto é a formação de mecônio
- um liquido viscoso, pegajoso e esverdeado, cheio de ingredientes que serão
eliminados assim que o bebê nascer - ou um pouco antes.
Conheça os "ingredientes"
do mecônio:
- Secreções
do intestino
- Restos
celulares da escamação da pele do bebê que ele engole
- Algumas
substâncias do suco gástrico
- Substâncias
eliminadas pelo pâncreas
- Um
pouquinho de muco
- Bastante
água
O mecônio tem a função de lubrificar
as paredes do intestino, evitando que elas se grudem durante a gestação.
Se o bebê eliminar o mecônio bem
antes de nascer, é preciso ficar alerta. Isso pode ser um sinal de que o feto
está passando por algum tipo de sofrimento intra-uterino, e tem dificuldade de
oxigenação. O organismo dele responde aumentando os movimentos peristálticos do
intestino - aqueles que não conseguimos controlar, e que ajudam a eliminar as
fezes. O esfíncter (que controla a abertura do ânus) relaxa-se e o mecônio sai.
Quando a bolsa se rompe é quando
geralmente os médicos descobrem se o mecônio foi eliminado. Eles analisam a
aparência do líquido amniótico: se estiver escuro demais, é sinal de que muito
mecônio saiu e que é preciso monitorar o bebê com atenção. Os batimentos
cardíacos dele devem ser observados: se a frequência cai, o parto deve ser
realizado com urgência.
Nem sempre eliminar o mecônio leva a
uma situação de perigo. Um feto maduro, com o organismo em pleno funcionamento,
pode eliminá-lo sem que ele esteja sofrendo. Neste caso, é importante limpar o
bebê no momento em que ele nasce. Se inalado, o mecônio pode causar a síndrome
de aspiração de mecônio. É uma insuficiência respiratória que pode levar à
pneumonia química e ao desenvolvimentismo de complicações respiratórias.
*** Consultoria:
Julio Elito Junior, professor livre-docente do Departamento de Obstetrícia da
Unifesp.
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