FONTE: iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Dois estudos que serão
apresentados no encontro anual da Academia Americana de Neurologia no próximo fim de semana
trazem esperança para quem sofre com crises frequentes de enxaqueca. As
pesquisas mostram a possibilidade - por meio de duas drogas em fase de teste -
de prevenir a enxaqueca em vez de combatê-la quando a crise já estiver em
andamento.
Os dois estudos ainda estão na
segunda das quatro fases de pesquisa clínica necessárias para que
um novo medicamento seja colocado no mercado, mas o cenário é promissor.
O primeiro estudo selecionou 163
pessoas que tinham crises de enxaqueca frequentemente, de cinco a 14 dias por
mês, e dividiu os pacientes em dois grupos. Metade deles recebeu a droga
denominada ALD403, enquanto a outra parte só recebeu placebo. Essas pessoas
foram monitoradas por 24 semanas. Os resultados foram satisfatórios, na
visão dos autores do estudo: aqueles que foram medicados tiveram 5.6 menos dias
de crises por mês, ou um decréscimo de 66%. E o melhor: 16% das pessoas que
receberam o medicamento ficaram livres das crises por 12 semanas seguidas. Não
houve diferença de efeitos colaterais entre quem tomou o remédio com quem só
recebeu placebo.
Um membro da Academia Americana de
Neurologia e também um dos autores do estudo, David Dodick, afirmou que a
importância da descoberta se deve ao fato de a enxaqueca ser pouco tratada, com
raros tratamentos efetivos, o que faz a doença ser a terceira queixa mais comum
e a sétima doença mais incapacitante no mundo.
No outro estudo, 217 pacientes se
submeteram ao tratamento
experimental. Novamente o grupo foi separado e, durante 12 semanas, os
pacientes que tinham enxaqueca de quatro a 14 dias por mês receberam uma
injeção duas vezes por semana de placebo ou da droga experimental LY2951742. Os
medicados com o remédio tiveram 4.2 menos crises por mês em 12 semanas. Desta
vez, houve alguns efeitos colaterais do medicamento: algumas pessoas relataram
dor no local em que a injeção foi aplicada, além de infecções no trato
respiratório e dores abdominais. Ainda, assim, o medicamento foi considerado
seguro e bem tolerado.
Estilo de vida é mais
importante que remédio.
A "medicina do estilo de vida",
termo cunhado pelo clínico geral Alexandre Feldman, propõe a mudança de hábitos
para tratar e prevenir as crises de enxaqueca. Uma técnica fundamentada em
quatro pilares: sono, alimentação, gestão do movimento e gestão das emoções.
No quesito alimentação, o ideal é abandonar
os industrializados, o que inclui os aditivos químicos, adoçantes artificiais e
qualquer tipo de comida processada. Um bom sono ajuda a diminuir o
desequilíbrio neuroquímico do cérebro, causa da enxaqueca. Exercícios físicos
garantem a disposição do corpo e, claro, gerir bem as emoções faz com que o
organismo fique bem equilibrado.
Apesar de as regrinhas parecerem simples,
explica o médico, mudar o estilo de vida exige muita disciplina. "A ideia
é que, com o tempo, os pacientes acostumem com os novos hábitos, abandonem o
medicamento e até mesmo o próprio médico, já que conseguem ‘andar com as
próprias pernas’", diz.
O resto do tratamento é individualizado.
“Aquelas listas que falam dos alimentos ‘causadores’ da enxaqueca não funciona.
Para alguns, o vinho pode causar crises, por exemplo. Para outros, não”,
reforça, sobre a importância de um acompanhamento individualizado.
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